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Por Glauce Cavalcanti — Rio

O uso de tecnologia por escritórios de advocacia está avançando. Com a ajuda de inteligência artificial (IA), profissionais de bancas do país ganham agilidade em análise de dados, contando com informações para tratar estratégias de maior assertividade.

Além de lawtechs oferecendo soluções inovadoras ao segmento, escritórios vêm adotando soluções em tecnologia customizadas para seu foco de atuação.

Ronan Damasco, diretor de Tecnologia da Microsoft, destaca que, atualmente, há atividades impossíveis de serem realizadas sem o uso de inteligência artificial.

— O uso de inteligência artificial vai se tornando mandatório por causa da quantidade de dados captados por sensores em toda parte, como os celulares. Ela traz ganho em aceleração na tomada de decisão. Escritórios de advocacia lidam com enorme quantidade de documentos. E a IA libera os profissionais para outras atividades — comenta ele.

Para o Direito, as soluções de busca cognitiva e de sinapse estão entre as opções.

— São ferramentas que permitem associações de grandes volumes de dados, dá para olhar para trás e, com base nisso, ter recomendações para frente, gerando valor a partir da análise de informações — diz Damasco.

Segurança da informação

Otto Licks, sócio do Licks Attorneys: inteligência artificial ajuda em segurança e na análise de dados para apoiar o trabalho dos advogados — Foto: Divulgação
Otto Licks, sócio do Licks Attorneys: inteligência artificial ajuda em segurança e na análise de dados para apoiar o trabalho dos advogados — Foto: Divulgação

O Licks Attorneys, com sede no Rio, por exemplo, investe em tecnologia com foco em segurança e análise de dados.

— Quem usa TI está sujeito a ter sua rede invadida, dados e dispositivos furtados. E escritórios de advocacia são alvo crescente desses ataques. Então o principal investimento hoje é em segurança, com processos físicos e digitais, gestão de segurança da informação certificada com ISO 27001 — frisa Otto Licks, sócio do escritório.

Entre 2021 e este ano, o Licks Attorneys investiu mais de R$ 30 mihões em TI. No escritório com 20 sócios e mais 55 advogados, há 13 engenheiros de tecnologia, por exemplo, além de uma equipe de técnicos em ciência da computação, sistemas da informação e outros.

O Licks Attorneys desenvolveu metodologias próprias utilizando ferramentas da Microsoft para criar um banco de dados interno espelhando as informações disponibilizadas pelo governo por meio do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).

— Isso nos permite tratar dados, fazendo buscas que não são possíveis pelo site do órgão. Ajuda a buscar e encontrar processos, a desenvolver a melhor estratégia para nossos clientes, já que, a partir do mapeamento de decisões já existentes, podemos fazer a predição do que pode acontecer — conta Licks. — Então não é apenas acelerar o trabalho. É fazer um trabalho que não poderia ser feito de outra forma.

Na prática, a IA traz redução de prazo e de custo, enquanto amplia a capacidade de obter o que o cliente busca, explica o advogado. Vale ainda para levantar dados atualizados sobre discussões que podem parecer “paradas no tempo”, sublinha ele, trazendo uma foto do panorama de hoje.

Apoio aos advogados

José Luiz Nunes, pesquisador do Centro de Tecnologia e Sociedade e professor da FGV Direito Rio, explica que o uso de inteligência artificial na área de advocacia é uma tendência em expansão e que veio para ficar:

— Isso traz dois pontos principais. De um lado, tem um impacto no trabalho mais de massa e repetitivo, como em geração de documentos e petições, substituindo pessoas. De outro, tem um efeito de mais de ponta, facilitando e ampliando o trabalho dos advogados, permitindo realizar um serviço melhor, de mais qualidade e assertivo.

A aplicação direta de soluções em análise de dados pelos escritórios, continua Nunes, pode ser utilizado diretamente para filtrar decisões, leis e artigos mais citados, casos de maior relevância. São aplicações personalizáveis que dão suporte ao advogado.

— Mesmo em um mercado que tende a ser mais conservador na adoção de tecnologia, a tendência é isso crescer. Se nas discussões jurídicas uma parte traz um argumento com base em análise de dados, a outra vai ter de entender essa estrutura até para avaliar, contra-argumentar — complementa Nunes.

Fernanda Magalhães, sócia do Kasznar Leonardos, que também atua na área de Propriedade Intelectual, destaca outras formas de se utilizar a tecnologia.

— Desde antes da pandemia, usamos tecnologias e aplicações específicas para facilitar nossa atuação. Contamos com um departamento de TI interno para desenvolver soluções com filtros para mapearmos, por exemplo, os melhores foros para cada caso em que vamos atuar, entre outras.

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