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Por Letycia Cardoso — Rio de Janeiro

Em vídeo divulgado a investidores nesta quinta-feira para explicar a inconsistência de ao menos R$ 20 bilhões no balanço contábil da Americanas, o ex-CEO Sérgio Rial garantiu que a empresa é "absolutamente viável" e pediu uma "postura de equilíbrio" dos bancos.

Ele disse ainda que a empresa "invariavelmente" precisará receber um aporte de capital. A 3G Capital, fundo do trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, já afirmou que continuará "dando suporte" à companhia.

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Rial deixou o cargo depois de apenas 9 dias no comando de uma das maiores varejistas do país mas segue assessorando a 3G Capital no ajuste contábil que a Americanas precisará fazer.

- A empresa segue vendendo, é absolutamente viável. Tem um nível de dívida incompatível para que possa prosseguir, portanto a conversa da capitalização terá que ocorrer. E mais que a conversa, vermos isso acontecer - disse Rial.

Uma dúvida do mercado é se os financiadores continuarão a dar apoio à companhia. Segundo analistas, as instituições financeiras podem alegar quebra de cláusula de contrato e pedir antecipação de pagamentos, diante dos novos níveis de endividamento que serão revelados pela companhia quando fizer seu ajuste contábil.

— Um dos grandes riscos é interrupção dessa linha de financiamento a fornecedores provida hoje pelos bancos. Espero que tenham postura de equilíbrio e permitam à gestão atual encontrar caminho que funcione para todos, apesar do primeiro choque — declarou Rial.

No discurso, o executivo ainda afirmou que a empresa provavelmente terá que republicar seus últimos balanços contábeis. E explicou a "inconsistência" de R$ 20 bilhões que motivou sua renúncia ao cargo de CEO.

Segundo Rial, a empresa declarou de forma indevida uma operação conhecida no jargão financeiro como risco sacado, que nada mais é do que um financiamento a fornecedores. A operação, comum entre varejistas, também é chamada de forfait.

O executivo explicou que é comum esse tipo de financiamento ser lançado, no balanço contábil, como "conta fornecedor". Mas que, em alguns casos, é preciso informá-lo como uma dívida financeira - ou seja, sujeita ao pagamento de juros e outros encargos.

Sergio Rial, em evento do jornal Valor Econômico — Foto: Silvia Constanti/Valor
Sergio Rial, em evento do jornal Valor Econômico — Foto: Silvia Constanti/Valor

- Uma boa parte dessa conta fornecedor das Americanas era essencialmente dívida bancária, que terá que ser recatalogada como tal, a ser chancelada por auditoria externa - explicou Rial, destacando que percebeu isso após assumir o comando da empresa.

Fazer essa distinção entre "conta fornecedor" e "dívida bancária", segundo Rial, é particularmente importante em empresas com "margens mais estreitas". O executivo apresentou os números da companhia: dívida bruta entre R$ 18 bilhões e R$ 19 bilhões, contra um caixa entre R$ 8 bilhões e 9 bilhões. O patrimônio líquido da empresa, segundo ele, é de R$ 16 bilhões.

E explicou que a mudança na contabilização da "conta fornecedor" não vai alterar o caixa da empresa, mas vai mudar seus indicadores de endividamento, o que implica na necessidade de capitalização.

Rial tentou ainda listar explicações que justificariam a opção da empresa - antes de sua gestão - por fazer a contabilidade inadequada. Em sua visão, o descompasso pode ter sido provocado pelo crescimento exponencial das vendas pelos canais digitais.

— Tivemos um terceiro trimestre atípico, com muito consumo de capital de giro. Se incrementa as vendas, principalmente no digital, você precisa comprar mais produtos — explica. — O que a gente percebe é que determinados lançamentos contábeis foram feitos a ponto de chegar a um número menor na conta fornecedora. Para qualquer empresa, é melhor ter conta fornecedor do que adicionar essa estrutura de financiamento à sua dívida bancária. Mas o rigor não pode ficar em segundo plano.

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