Negócios
PUBLICIDADE

Por Bruno Rosa

Na primeira declaração pública desde o início da crise da Americanas, que começou há 11 dias, os acionistas de referência da empresa — Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira — dizem que não sabiam da manobra contábil que resultou em um rombo de R$ 20 bilhões.

“Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal. Isso foi determinante para a posição que alcançamos em toda uma vida dedicada ao empreendedorismo, gerando empregos, construindo negócios e contribuindo para o desenvolvimento do país”, afirmam em nota pública divulgada em primeira pessoa e assinada pelos três.

Os bilionários criadores da 3G dizem que lamentam “profundamente as perdas sofridas pelos investidores e credores” e destacam que, como acionistas, também foram “alcançados por prejuízos”. As ações da Americanas tiveram queda de 94% desde o início da crise e encerraram o pregão de sexta-feira, o último como parte do Ibovespa, índice de referência do mercado, cotadas a R$ 0,71. Como acionistas de referência, eles detêm fatia de 30,13% do capital.

Acordo com credores

No último item da nota, os acionistas afirmam que acreditam que é possível chegar a um acordo com os credores. A Americanas entrou em recuperação judicial na última quinta-feira com R$ 43 bilhões em dívidas e 16.300 credores. À Justiça, a empresa já destacou que responde por mais de cem mil empregos diretos e indiretos.

“Reafirmamos nosso empenho em trabalhar pela recuperação da empresa, com a maior brevidade possível, focados em garantir um futuro promissor para a empresa, seus milhares de empregados, parceiros e investidores e em chegar a um bom entendimento com os credores”, diz o texto.

Com a entrada em recuperação judicial, a Americanas ganha um período de seis meses de proteção do caixa contra credores. Mas terá a tarefa de elaborar um plano de recuperação, que precisa ser apresentado em 60 dias e contar com a aprovação dos credores em assembleia. Muitos deles já falam, em caráter reservado, em desconto da ordem de 80% a 90% e não se mostram dispostos a aceitar.

Foco na auditoria

A manifestação pública ocorre no momento em que investidores se articulam para processar a empresa e, em alguns casos, seus acionistas, no Brasil e no exterior em busca de reparação por danos. O episódio colocou em xeque a imagem do trio, responsável por uma gama de investimentos bem-sucedidos no país e no exterior.

A manifestação mais forte contra o trio até agora veio do BTG, quando se referiu ao caso como “fraude” em recurso na Justiça e aos acionistas como “espécie de semideuses do capitalismo mundial ‘do bem’”, que teriam sido, segundo o banco, “pegos com a mão no caixa”.

Na nota pública divulgada ontem, Lemann, Telles e Sicupira dizem que a empresa foi administrada por executivos considerados qualificados e de reputação ilibada nos últimos 20 anos. E jogam as atenções para o trabalho da auditoria.

“Contávamos com uma das maiores e mais conceituadas empresas de auditoria independente do mundo, a PwC. Ela, por sua vez, fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos que mantinham operações com a empresa. Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade”, diz o texto, que acrescenta que os acionistas, assim como as demais partes interessadas, acreditavam que tudo estava correto.

Lemann, Telles e Sicupira afirmam que o comitê independente anunciado pela varejista terá condições de apurar a origem das “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões, “bem como de avaliar a eventual quebra de simetria no diálogo entre os auditores e as instituições financeiras”. Os três manifestam o compromisso de colaborar de forma transparente para esclarecer os fatos e as circunstâncias.

Procurada, a PwC disse que não comenta casos de clientes.

Mais recente Próxima
Mais do Globo

Marília Nery agradeceu carinho do clube com a família

'Em choque', diz mãe de Totói após Landim prometer título de sócio honorário para filho de Everton Ribeiro

Contrato é até junho de 2025, mas ele pode ser adquirido em definitivo em cado de 'determinados critérios desportivos' alcançados

Yan Couto é anunciado pelo Borussia Dortmund, após oficializar empréstimo do Manchester City

Brasileiro estreou pelo clube espanhol e foi descrito como 'sensação' da pré-temporada

No Real Madrid, Endrick revela para quais astros vai pedir conselhos e expectativa para 1º duelo contra Barcelona

Local é especializado em educação infantil

Após 60 anos, tem fim o espaço 'Tabladinho', na Lagoa

Um dos mais refinados solistas de atualidade, músico despontou internacionalmente em 1982, colaborou com os principais nomes da música clássica e acreditava no canto como meta do seu fraseado

Morre o violoncelista Antonio Meneses, aos 66 anos

Segundo comunicado da Guarda Revolucionária, Israel foi 'apoiado pelos Estados Unidos' no ataque

Guarda Revolucionária do Irã afirma que líder do Hamas morreu em ataque de 'projétil de curto alcance'

Atletas se enfrentam no início da tarde

Adversária de boxeadora da Argélia por medalha, húngara luta com gritos estilo Guga, do tênis

Cantor precisou cancelar show por recomendação médica

Lulu Santos é internado com sintomas de dengue no Rio de Janeiro

Erik Cardoso, Felipe Bardi e Paulo André não conseguiram se classificar para as semifinais da prova

Entenda por que a melhor geração de brasileiros dos 100m no atletismo termina os Jogos de Paris sem medalha