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Por Luciana Rodrigues e Janaína Lage — Rio

Um rombo de R$ 20 bilhões que ninguém viu. Um trio de bilionários que, de inspiração como gestores de sucesso, viu seu modelo de negócio em xeque e teve de vir a público negar acusações de conivência com fraude. E uma varejista que quase foi à lona.

A crise na Americanas, detonada pela revelação de “inconsistências contábeis” pelo seu então recém-empossado CEO Sérgio Rial (que depois renunciou), completa um mês neste sábado.

Em tão pouco tempo, o caso teve reviravoltas, episódios inusitados e, sobretudo, gerou prejuízo a acionistas, credores e trabalhadores. Relembre, abaixo, os principais capítulos desta novela.

1- O ‘sumiço’ de R$ 20 bi

O sumiço de R$ 20 bilhões — Foto: Criação O Globo
O sumiço de R$ 20 bilhões — Foto: Criação O Globo

Tudo começou com uma revelação surpreendente. O executivo Sérgio Rial, que tinha acabado de assumir o cargo de CEO da Americanas e era visto como o nome que ajudaria a impulsionar os ganhos da varejista, revelou no dia 11 de janeiro que estava renunciando ao cargo após descobrir uma “inconsistência contábil” de R$ 20 bilhões nos números da empresa.

A quantia é enorme, equivale a 150% do patrimônio da empresa e é o dobro do valor de mercado que, então, a Americanas tinha na Bolsa de Valores. A empresa fazia parte do Novo Mercado, segmento da B3 que reúne companhias consideradas de melhor governança.

E Rial afirmou na ocasião que os R$ 20 bilhões eram “inconsistências” acumuladas ao longo dos últimos sete ou oito anos — ou até mais.

2 - A tríade de capitalistas

A tríade de capitalistas — Foto: Criação O Globo
A tríade de capitalistas — Foto: Criação O Globo

O que mais intrigou os investidores, quando o rombo de R$ 20 bilhões veio à tona, foi como Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, o trio de bilionários que durante 40 anos, até 2021, controlava a empresa, não percebeu a manobra contábil. Hoje, são acionistas de referência da Americanas, com uma fatia de 30,1% do capital.

Os três são sócios da 3GCapital, têm participação em companhias como Ambev, Burger King e Kraft Heinz, integram a lista dos homens mais ricos do Brasil e eram, até então, considerados modelo de sucesso em gestão de empresas.

Eles afirmam que não sabiam de nada e publicaram uma carta informando que nunca admitiram “quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia.”

3 - Conselheiros sem e-mail e firma de ‘espionagem’ cibernética

Conselheiros sem mail — Foto: Criação O Globo
Conselheiros sem mail — Foto: Criação O Globo

Na batalha judicial que se seguiu à revelação do escândalo contábil, bancos que têm dívidas a receber da Americanas pedem acesso ao e-mail dos conselheiros da varejista. E querem a ajuda até de uma firma de consultoria em segurança cibernética.

O Bradesco pediu na Justiça que a Kroll faça a perícia dos e-mails: “A quem interessa o silêncio?”, questiona o banco na ação.

Em resposta a uma outra ação, do Santander, que também pede acesso às trocas de mensagens entre os conselheiros, a Americanas informou que os integrantes de seu Conselho de Administração não têm e-mail institucional, utilizando “contas de outros servidores (tais como Gmail, Hotmail, dentre outros), sobre as quais as Americanas não possuem qualquer ingerência.”

4 - Saída do BBB e fim das vendas por telefone

Saída do BBB — Foto: Criação O Globo
Saída do BBB — Foto: Criação O Globo

A marca Americanas, até então muito presente na rotina da maioria dos consumidores brasileiros, começa a perder espaço. Dois dias depois de o escândalo dos R$ 20 bilhões vir à tona, a empresa cancelou seu patrocínio no BBB.

No início de fevereiro, a companhia encerrou as vendas por telefone. A varejista teve de ir à Justiça para tentar impedir o corte da energia e da internet em suas lojas por falta de pagamento. Em outra frente, shoppings cobram o pagamento de aluguéis com até três meses de atraso: só em uma loja do Rio, a dívida já soma R$ 1 milhão.

Também houve interrupção de contrato de funcionários terceirizados. Na Bolsa de Valores, as ações da empresa viraram pó: saíram de R$ 12 em 11 de janeiro para R$ 1,10 na última sexta-feira.

Muitos investidores em renda fixa perderam dinheiro. Fundos que tinham na carteira títulos ou debêntures da empresa amargaram prejuízos.

5 - A ‘ginástica' contábil

Ginástica contábil — Foto: Criação O Globo
Ginástica contábil — Foto: Criação O Globo

Até agora ninguém sabe direito onde estavam “escondidos” os R$ 20 bilhões de rombo no balanço das Americanas. Analistas especulam que a empresa não contabilizou de maneira correta uma operação conhecida no mercado financeiro como forfait, ou risco sacado.

Trata-se de uma triangulação com fornecedores muito comum em grandes empresas de varejo. Funciona assim: a Americanas antecipava recursos a um fabricante por meio de um banco e, posteriormente, quitava a dívida com a instituição financeira.

Mas, em vez de lançar no balanço os juros dessa operação como dívida financeira, a empresa informava o valor na rubrica de “risco sacado”, ou seja, ligada ao fornecedor.

6 - Cenas do próximo capítulo

Cenas dos próximos capítulos — Foto: Criação o Globo
Cenas dos próximos capítulos — Foto: Criação o Globo

Na última quinta-feira, o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, acionistas de referência da empresa, disse que vai investir até R$ 2 bilhões de recursos próprios para socorrer a Americanas.

Resta saber se a quantia será suficiente para salvar a empresa — bancos credores falavam em necessidade de aporte de ao menos R$ 15 bilhões — e como os demais investidores vão reagir na Justiça. A empresa ainda precisa apresentar um plano de reestruturação à Justiça.

Por enquanto, o destino da Americanas — e das várias marcas do seu conglomerado, com Ame, Submarino, Shoptime, Hortifruti e Natural da Terra — segue indefinido.

Mais recente Próxima Americanas: Justiça garante o direto do BTG de manter R$ 1,2 bilhão em suas contas
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