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Por Bruno Rosa

Em sua primeira entrevista coletiva após assumir o cargo, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, falou abertamente em rever a política de preços da companhia. Segundo o executivo, a Política de Paridade de Importação (PPI), adotada pela estatal desde 2016, que atrela o valor cobrado ao comportamento do petróleo e do dólar, parece ter virado “um dogma”. Na avaliação de Prates, “abrasileirar o preço” é natural.

Segundo Prates, a companhia seguirá critérios competitivos. Como antecipou O GLOBO, a proposta em discussão reduz de 100% para 15% a vinculação do preço a parâmetros internacionais. Os demais 85% seriam definidos a partir dos custos de produção da companhia. O debate está sendo travado no âmbito da nova administração, cujos nomes apontados pelo governo ainda não assumiram suas funções.

— Sempre tenho dito que política de preços é do governo. A Petrobras vai seguir preços competitivos, conforme ela achar que deve ser para manter sua fatia no mercado. Na maior parte do tempo, PPI não é. PPI só garante ao concorrente uma posição mais confortável. Pode ser uma política de preços transversal, de referência, conta de estabilização, monitoramento de estoques estratégicos. Não existe bala de prata. PPI é uma abstração. Parece que virou um dogma — afirmou.

Regra mais flexível

Prates fez referência ao fato de que a demanda no país não é atendida integralmente pela Petrobras. Parte do mercado é abastecido por meio da importação de combustível, o que é feito pela estatal e também por concorrentes. Um dos argumentos da petroleira nos últimos anos e do mercado é que, quando a Petrobras pratica preços muito descolados do parâmetro internacional, isso funciona como um desincentivo ao importador, o que teria como consequência o risco de desabastecimento.

— Para a Petrobras, PPI deixa de ser único parâmetro. Vamos passar por dicussão. Toda empresa faz isso. PPI vai estar em vigor para o importador e para quem quiser importar. Quem era interventor era o governo anterior. O importador é meu competidor e me obrigar a praticar o preço do concorrente não faz sentido — afirmou.

Na avaliação do executivo, o preço deve ser definido de acordo com o produto e o segmento. O presidente da Petrobras afirma que a empresa pode usar várias referências no sentido de captar mercado e mais clientes. Ele lembrou que o gás natural é usado por termelétricas, indústrias, carros e residências, e portanto, o preço não poderia ser o mesmo.

— Abrasileirar o preço é natural. É uma política com preço de mercado nacional. Mas, em nenhum momento, foi dito que o preço iria se desregrar dos preços internacionais — ressaltou.

Prates comentou também a perspectiva de mudança nos dividendos. Nos últimos anos, os lucros compartilhados com acionistas passaram por uma escalada, até alcançar a cifra de R$ 215,8 bilhões em 2022. Somente no quarto trimestre, serão R$ 35,8 bilhões.

Mas, ao divulgar resultados, a empresa informou a proposta de reter R$ 6,5 bilhões em dividendos para criar uma “reserva estatutária”. Isso seria o equivalente a reter R$ 0,49 por ação. A empresa ressalta que este valor excede o previsto na regra de divisão de lucros com os acionistas.

Com a aprovação dos acionistas, Prates explicou que o objetivo é usar os recursos para investimento. A Petrobras prepararia um plano de negócios para apresentar na assembleia de acionistas. Caso os acionistas não aceitem a recomendação da companhia, estes recursos seriam repassados aos investidores em 27 de dezembro.

Prates afirmou que prepara mudanças na política de dividendos e defendeu maior flexibilidade.

— Dividendo tem que ter uma regra mais solta. Quanto mais flexível, melhor. Tem trimestres que são diferentes dos outros. Uma regra dessas amarra para o bem e para o mal — afirmou, ressaltando que nem todas as companhias têm regras regras para distribuição de recursos acima do mínimo estipulado por lei.

O executivo negou que o governo esteja intervindo na empresa:

— O governo em momento nenhum chegou para mim e disse: faz isso ou faz aquilo. Não está havendo nenhum grau de intervencionismo. Tudo está sendo conversado, como ocorre com qualquer acionista controlador.

Ele acrescentou que a empresa não vai se desfazer de ativos por decisões governamentais e que, quando houver oportunidades a perseguir no Brasil ou no exterior, a empresa levará esses planos adiante. Segundo ele, a decisão não será tomada “por um imperador ou uma pessoa só”, mas o conselho e a diretoria.

Os nomes dos novos diretores devem ser apreciados na próxima reunião do Conselho de Administração no fim do mês.

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