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Por Glauce Cavalcanti — Rio de Janeiro

O jornal americano The New York Times vai receber, ao longo de três anos, cerca de US$ 100 milhões (R$ 498,7 milhões) do Google. Segundo o diário de negócios The Wall Street Journal, a quantia faz parte de um acordo que vai permitir que o maior site de buscas do mundo exiba o conteúdo do jornal em algumas de suas plataformas.

A publicação informou ainda, citando pessoas a par do assunto, que o acordo inclui a participação do NYT no Google News Showcase, um produto que paga aos editores para apresentar seu conteúdo no Google News, e algumas outras plataformas. E inclui ainda outros serviços do gigante de tecnologia, como em anúncios e assinaturas.

Pela abrangência, avaliam especialistas, o acordo abre um precedente para novas negociações, reafirmando ainda a importância da remuneração de conteúdo jornalístico por gigantes de tecnologia.

— Por ser um acordo amplo, envolvendo várias ferramentas e nesse valor, é positivo. Porque reconhece o valor dessa remuneração pelo conteúdo jornalístico. Ao surgir nos EUA, país em que as práticas privadas é que fazem a regulação, o acordo demonstra a necessidade de ter uma regulação (das big techs) em países emergentes para impor os direitos de veículos menores — afirma Sydney Sanches, advogado especializado em direito autorial e propriedade intelectual.

Ele pontua que apenas um veículo da robustez do NYT tem condições de chegar a um acordo nesses moldes. Para o advogado, somente com a regulação das empresas de mídias sociais pequenos veículos e produtores de conteúdo ganharão poder de barganha para pleitear um preço justo pela veiculação de seus produtos.

Valores ainda não divulgados

O acordo é de fevereiro, mas o New York Times não havia informado valores. É que esses contratos incluem cláusulas de confidencialidade. Na época, o NYT explicou que as duas empresas iriam trabalhar juntas com ferramentas para assinatura e distribuição de conteúdo, incluindo específicas, como para marketing e gestão de anúncios.

O NYT frisou ainda que já havia usado antes tecnologias do Google para atender a demandas do negócio, incluindo a transformação do jornal em infraestrutura de dados, por meio do Google Clouds, e a expansão dos formatos de anúncios, além da digitalização do acervo de fotos e notícias e do uso de técnicas de machine learning em moderação de comentários.

A revelação do valor do acordo ocorre no momento em que o Congresso brasileiro discute como será regulamentada a remuneração de conteúdo jornalístico e o pagamento de direitos autorais por plataformas digitais no país.

O Google Destaques (nome no Brasil do Showcase) começou em 2020. São 150 veículos no programa em 20 estados, entre eles Folha de S.Paulo, Estado de Minas e Correio Braziliense. Globalmente, são 2.200, a maioria publicações regionais, em 21 países.

A companhia não divulga, porém, em quanto já remunerou os veículos no país, como previsto em contrato.

— Os valores pagos no Brasil são módicos, incapazes de mudar o ponteiro de veículos que fazem parte do programa. Para veículos equivalentes na Europa, os valores são múltiplas vezes os daqui. Mas os números não são públicos. Deveriam ser divulgados, não há transparência — diz Marcelo Rech, presidente executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ).

Para ele, o acordo do NYT surge como alternativa e um reconhecimento da parte do Google sobre o pagamento de conteúdo jornalístico.

— Mostra que o Google reconhece que tem de pagar. Se o NYT está satisfeito com o acordo, ótimo. É positivo. O que não pode é haver desequilíbrio nas negociações. Há um abismo nessas negociações quando feitas com pequenos veículos. As regulações tentam trazer esse equilíbrio — destaca Rech.

O Google disse, em 2020, que iria investir US$ 1 bilhão via Showcase globalmente.

IA generativa em estudo

O modelo do programa, no entanto, diz Rech, não é o de remuneração pela veiculação de conteúdo jornalístico e autoral, mas de compra de conteúdo, como é feito pelas agências de notícias, por exemplo.

O Google argumenta que seu mecanismo de busca amplia o alcance dos veículos, com dois bilhões de cliques para editores de notícias por mês no Brasil, auxiliando no aumento de receitas ao monetizar as visitas aos sites das empresas. Diz ainda ter investido “milhões de reais” desde 2018 em treinamentos e parcerias no setor de notícias.

Ontem, o NYT divulgou em seu site um comunicado aos funcionários, assinado pela CEO, Meredith Levien, falando de mudanças organizacionais, com o objetivo de acelerar o crescimento.

Em marketing, serviços ao consumidor e crescimento, ela afirma que o NYT vê “enorme oportunidade para ampliar nossa base de assinantes e receita com assinaturas, principalmente impulsionando nossos pacotes de produtos.”

E diz ainda que é possível “melhorar a coordenação, gerando mais impacto entre marketing, promoção, atendimento ao cliente e crescimento.” Outro ponto é “navegar com agilidade” na rápida transformação do ecossistema de notícias. Diante das soluções de IA generativas, como o ChatGPT, o NYT já tem uma equipe com membros de diversas áreas — como jurídica, redação, e segurança da informação — mapeando oportunidades e riscos.

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