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Por Bruno Rosa e Janaína Lage — Rio

No primeiro balanço da Petrobras sob o comando do governo Lula, a estatal informou ontem que registrou lucro líquido de R$ 38,156 bilhões no primeiro trimestre de 2023, uma queda de 14,4% em relação aos R$ 44,56 bilhões obtidos no mesmo período do ano passado. A empresa também informou que o Conselho de Administração aprovou a distribuição de R$ 24,7 bilhões em dividendos.

O montante, segundo a Petrobras, está alinhado à Política de Remuneração vigente, que prevê que, em caso de endividamento bruto inferior a US$ 65 bilhões, a Petrobras deverá distribuir aos seus acionistas 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e investimentos.

Em entrevista exclusiva ao GLOBO, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates diz que a estatal está prestes a concluir sua nova estratégia comercial e também vai discutir uma nova política de distribuição de lucros e dividendos aos acionistas. A atual gestão quer destinar mais recursos para ampliar os investimentos. Veja a seguir esse trecho da entrevista.

Três meses depois de assumir o cargo, qual o diagnóstico que faz da companhia?

Teve o final dos nossos governos e a ressaca da Lava-Jato. Aí chegou um governo que diz que ‘ser do Estado é ruim’. Como não podia privatizar a Petrobras, se diminuiu ao máximo, vendendo as refinarias. O mapa da Petrobras do Bolsonaro e do Paulo Guedes era vender tudo que era periférico em relação ao Sudeste e ao pré-sal. Ficava ali uma ‘independente texana no Sudeste brasileiro’.

Provavelmente ia ser uma empresa muito lucrativa por mais sete ou oito anos. E já estava distribuindo os dividendos todos. Depois ia fenecer. Uma grande farra e depois o bagaço da laranja. Logo em seguida o pré-sal entraria em declínio. A Petrobras que encontrei era uma empresa traumatizada.

E isso não tem nada a ver com relaxar a governança. A governança é bem-vinda. Mas encolheram a empresa. É como uma tartaruga assustada, dentro do casco, com as patinhas e a cabeça recolhidas.

Nos últimos anos, a Petrobras vendeu ativos para reforçar o caixa. O que vai garantir os investimentos?

Será o caixa da produção e a da sua lucratividade. A gente não vai fazer transição em três ou cinco anos. A gente vai atirar para 15 anos. Dá para chegar para os acionistas e fazer um trade-off. Olha, me deixa um pouquinho mais aqui que eu vou investir em transição energética. Alguém pode não querer e falar que vai investir em outra empresa. Mas todas estão fazendo a mesma coisa.

Mas a política de dividendos atraiu um perfil de investidor que estava atrás do ganho alto...

Outro desafio que a gente tem é harmonizar melhor o perfil de investidor da Petrobras. A Petrobras é uma empresa segura, um transatlântico. Se quiser uma lanchinha rápida, pega ações de uma startup de garagem, investe e vai lá para o oceano. Se vier uma onda maior, você pode perder tudo.

Se quiser um transatlântico, ele é mais devagar, se move mais lentamente, mas vai entregar lá no outro lado. O investidor que procura segurança é conservador e aceita rentabilidade menor. Achei um erro vender os gasodutos, a BR é outro erro crasso. Não tem outra congênere que fez o que a Petrobras fez: vender a empresa que interage diretamente com seus consumidores.

Haverá mudanças na política de dividendos?

A gente vai discutir no Conselho. Os acionistas privados participam. Já se pressupõe que não vai ser uma loucura.

Mas o nível de distribuição vai cair ao mínimo obrigatório?

Nem tanto.

Como está o debate sobre mudança na política de preços?

Isso tem que ser feito com sabedoria e calma. Na campanha, o presidente Lula falou em abrasileirar o preço. Falei várias vezes que a gente tem que se libertar do dogma do PPI. Não faz sentido brigar tanto pela autossuficiência, ser até exportador, brigar pela autossuficiência em refino e dizer “agora o preço aqui é o de Roterdã mais o frete”.

Isso tudo com a penalização do brasileiro. Um país autossuficiente em petróleo e quase autossuficiente em refino não pode estar na mesma situação que o Japão, que não produz uma gota de petróleo, ou Vanuatu, que nem refinaria tem.

O senhor tem dito que o preço não vai se descolar do petróleo...

Esse mistério vai acabar já. Daqui a pouco a gente vai anunciar. O que vamos divulgar é a estratégia comercial da Petrobras quanto a preços. Não é política de governo. É o que a Petrobras vai praticar como estratégia comercial respaldada nas vantagens competitivas de produzir e refinar no Brasil.

Vai mudar até a terminologia. Será estratégia comercial ou composição de preço, porque vai incluir o fato de você ser um bom ou mal cliente ou se tem mais ou menos crédito comigo.

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