A Transpetro, subsidiária da Petrobras que opera 8,5 mil quilômetros de dutos no país e é dono de terminais e de uma frota com diferentes tipos de navios, anunciou a criação de um grupo de trabalho para voltar a construir navios no Brasil. A informação foi dada por Sérgio Bacci, novo presidente da companhia, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira.
— Temos a missão de retomar a construção de navios em estaleiros no Brasil. Criamos um grupo de trabalho que terá um prazo de 60 dias para fazer um levantamento para saber a demanda de navios e quais os estaleiros e o custo. É um prazo de 60 dias porque o Brasil tem pressa — disse ele.
Segundo Bacci, no entanto, a construção de navios não será a qualquer custo e a qualquer prazo. Segundo ele, o grupo de trabalho vai analisar ainda o tipo de navio que será demandado.
— Vamos ter que ter um parâmetro. Vamos usar o Fundo de Marinha Mercante. Queremos entrar no rol de prioridades do governo brasileiro — afirmou ele.
O executivo afirmou ainda que a Transpetro não será privatizada. Lembrou que até o fim deste ano vai lançar um edital para contratar mais pessoas com a abertura de concurso.
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— A Transpetro não será privatizada. Vamos ampliar os serviços. Vamos buscar mais clientes e para isso vamos aumentar a capacidade. E vamos precisar de mais pessoas.
Segundo ele, o grupo de trabalho é formado por funcionários da Transpetro. Bacci afirmou que vai conversar com a Petrobras para entender as necessidades mais urgentes. A Transpetro tem hoje 26 navios e aluga outros 10.
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— A gente precisa de tudo. O presidente da Petrobras Jean Paul Prates me perguntou quando íamos ter navios e eu disse que será o mais breve possível.
Bacci afirmou que o Brasil tem estaleiros em quase todas as regiões. Mas ressaltou que o setor precisa passar por uma modernização e capacitação. Ele lembra que o total de empregos caiu de 82 mil em 2014 para 20 mil hoje.
— Temos capacidade. Mas precisamos fazer uma adequação. E isso não será a qualquer preço. Os estaleiros terão que se adequar à nova realidade do país. Eles aprenderam muito nesses últimos anos. E aprenderam que é melhor ganhar pouco ou suficiente para ter um projeto de longo prazo — disse ele, ao ser questionado sobre os problemas enfrentados pelo setor nos últimos anos.
Destacou ainda que o Brasil precisa de encomendas perenes e de longo prazo:
— China, Coreia e Japão se fortaleceram porque tinham demanda de longo prazo. E isso só vai acontecer aqui se tivermos isso. Não podemos ter dez anos de encomendas e dez anos sem nada. Queremos fazer um projeto de estado.
Conteúdo local
Bacci afirmou ainda que o governo voltará a discutir a política de conteúdo local, afirmando que, se indagado, vai destacar a importância de ter alíquotas crescentes de conteúdo local para as diferentes embarcações:
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-- A indústria minguou e precisamos começar com índices baixos e ir aumentando aos poucos. E tem que ter diferentes tipos de conteúdo para as embarcações como sonda, balsa, gaseiros etc. E com isso você consegue ter tempo para atrair a indústria novamente.
Bacci afirmou ainda que já iniciou conversas com o Tribunal de Contas da União (TCU) e Controladoria-Geral da União (CGU) para se buscar uma solução para que estaleiros impedidos de fazer contratos com a Transpetro possam voltar a construir para a estatal.
— Assumi na sexta e na terça estive lá. Se o estaleiro fez um acordo de leniência, não tem porque não participar. Se ele fez acordo, pagou a conta, não tem porque não estar liberado. Tem estaleiro que não fez acordo de leniência, mas eles podem conversar novamente com a CGU. Eu fui no CGU e TCU e falei que vou voltar a construir navios, mas não quero ter problema. Temos que fazer uma política industrial de longo prazo, e isso passa pelo setor naval. A diferença agora é que há controles — disse ele, ao ser perguntado sobre os casos de corrupção revelados pela Operação Lava-Jato.
Bacci afirmou que hoje a Transpetro tem comitê independe de análise de fornecedores, por exemplo.
— Ha sistemas de governança rígidos. precisamos superar essa fase. Tudo que passamos nos ajudou a estarmos mais preparados hoje.
Ele disse ainda ter entregue uma lista de possíveis estaleiros ao TCU e CGU. Segundo ele, os órgãos ficaram de dar um parecer oficial sobre a condição de cada um deles. Segundo ele, estavam na lista empresas como EAS, Engevix, Enseada, QGI, Vard-Promar, Jurong, Mauá e Keppel, entre outros.
No último dia 28, além de Bacci, tomaram posse Fernando Mascarenhas, para o cargo de diretor financeiro, e Jones Soares, para o cargo de diretor de Transporte Marítimo, Dutos e Terminais da Transpetro.