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Por Glauce Cavalcanti e Vitor da Costa

Em meio à incerteza em relação aos rumos da Light, as ações da companhia apresentaram volatilidade nesta segunda-feira, dois dias após o anúncio da renúncia de Thiago Guth, presidente da distribuidora do grupo — onde está ancorada a maior parte da operação e da dívida.

Os papeis da companhia abriram o pregão desta segunda-feira com forte queda, mas esse movimento perdeu força ainda no fim da manhã. Na parte da tarde, as ações apresentaram alta, num dia de menor liquidez na Bolsa devido ao não funcionamento dos mercados americanos.

Os papéis ordinários (LIGT3, com direito a voto) abriram o dia a R$ 6,78, tendo recuado a R$ 6,13, mas depois subiram 1,14%, negociados a R$ 7,11.

No sábado, a companhia informou que Guth renunciou aos cargo, deixando também os postos de diretor da Light, além de sua posição no Conselho de Administração da geradora Light Energia. A decisão, motivada por motivos pessoais do executivo, frisa a Light, vale a partir do dia 30.

'Luz amarela'

No mercado, porém, cresceram os rumores de que pode haver uma desentendimento na esfera de comando da companhia de energia em relação a saídas para reestruturar a empresa. A Light está em recuperação judicial para renegociar uma dívida superior a R$ 11 bilhões e conseguir o aval do Ministério de Minas e Energia (MME) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a seu pedido de renovação do contrato de concessão da distribuidora, que vence em 2026.

Parte dos credores se queixa da lentidão com que as tratativas financeiras estão sendo tocadas pela companhia, contam fontes próximas às negociações. E já rejeitam a permanência de outros membros da atual administração da companhia. A decisão de Guth, na visão desse grupo, refletiria esse embate.

O desembarque de um executivo, diz outra fonte de mercado, em meio à recuperação, acende a luz amarela: “a companhia está endividada, não consegue captar, os juros estão altíssimos e tem a contagem regressiva para o fim da concessão. É uma situação difícil”, diz. De outro lado, afirma, a solução no plano de reestruturação terá de ser para todos, e não para credores de forma individual.

Para Ilan Arbetman, analista de Research da Ativa Investimentos, a renuncia de Guth foi um fator a mais nas incertezas em relação à companhia.

— Essa volatilidade do papel conversa com o sentimento do mercado de que muito tempo se passou e pouco se tentou para que se chegue a uma conclusão da viabilidade da companhia. Ainda é preciso se trabalhar muito para que se chegue nesse estágio — disse Arbetman.

Para o analista, a saída de Guth pode representar um desdobramento dos recentes insucessos da companhia em firmar um acordo com o principal grupo de credores.

Negociação difícil

Na semana passada, a Light desistiu do “acordo de confidencialidade” que havia proposto a credores que têm cerca de R$ 5 bilhões em debêntures (títulos de dívida) da concessionária, conforme informou a coluna Capital.

— O primeiro processo que se tentou não deu certo e a companhia pode estar tentando formular bases para tentar chegar a um acordo com esse grupo de credores de uma forma diferente. Com os credores, você está em um estágio muito inicial, com muito litígio e pouca discussão. O caminho vai ser longo e o papel precifica isso — frisa o analista.

O sócio e head de análise da Levante Investimentos, Enrico Cozzolino, destaca que a volatilidade deve aumentar para o ativo daqui em diante.

— Perder um executivo no meio desse processo de recuperação judicial é custoso e não é o mais desejável. É um processo conturbado e de longo prazo.

Parte dos credores avalia que a companhia “fechou as portas” às negociações, conta uma fonte. E que a demora da Light em acenar com propostas a investidores ou credores para refinanciar a dívida do grupo colabora para ampliar esse cenário de incerteza e, com ela, volatilidade dos ativos.

“A Light tem um problema regulatório e um financeiro. Mas não dá para esperar o melhor dos mundos para alcançar uma solução”, conta uma fonte.

Estratégia para reestruturação

A companhia tem até o fim da primeira quinzena de julho para apresentar seu plano de recuperação judicial à Justiça. Uma das estratégias deverá ser vender ativos — como a geradora — para fazer caixa e viabilizar o pagamento de obrigações no curto prazo.

Há um par de semanas, os acionistas aprovaram o plano de recuperação da Light por maioria. No grupo dos três maiores sócios da Light — onde estão Ronaldo Cezar Coelho, via fundo Samambaia, e Beto Sicupira, sócio de referência da Americanas — passou a figurar Nelson Tanure, conhecido por investir em empresas em dificuldades. O empresário estaria disposto a fazer um aporte na companhia.

— A Light precisa reduzir sua dívida por meio de um aumento de capital, pelo preço certo, uma solução de mercado. Há outros investidores, além do Tanure, interessados em fazer isso. Mesmo os credores poderiam atuar nesse sentido. O que não pode é evaporar a dívida — diz Cláudio Brandão, sócio da BeeCap, que representa fundos que detêm R$ 5 bilhões da dívida da total da Light.

Para ele, faltam propostas à mesa sobre reperfilamento da dívida, pagamento aos debenturistas (detentores de títulos da dívida da companhia). A Light, por sua vez, já afirmou ter empenhado esforços em mediação para chegar a um acordo com aqueles que têm crédito a receber da empresa.

Procurada, a Light informou que tem dois meses, contados partir de 15 de maio, para apresentar o plano de recuperação judicial. Disse ainda que Guth renunciou ao cargo por questões pessoais e que o nome do executivo que vai substitui-lo será divulgado em breve.

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