A transferência de voos do Santos Dumont para o aeroporto do Galeão teria demanda de passageiros, de acordo com pesquisa do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ).
Seis de cada dez passageiros que embarcam em voos saindo do aeroporto central do Rio de Janeiro aceitariam fazer esse voo partindo do Galeão.
Caso a passagem ofertada para a mesma rota saindo do aeroporto internacional, na Ilha do Governador, tenha preço menor, esse número sobe a oito em cada dez viajantes.
O levantamento ouviu mais de 1.600 passageiros residentes no estado no embarque do Santos Dumont entre 16 e 22 de maio.
— Ficou comprovado que qualquer decisão que proponha a transferência de voos do Santos Dumont para o Galeão terá mercado. E, se essa transferência de voos for acompanhada de barateamento do preço das passagens, há ainda mais chances de mais pessoas voarem, além de incluir viajantes da classe C — explica Otávio Leite, consultor da presidência da Fecomércio RJ e coordenador da pesquisa.
O problema dos aeroportos do Rio
A pesquisa foi realizada em meio a negociações entre os governos federal, estadual e municipal em busca de uma solução para os aeroportos do Rio de Janeiro.
O Santos Dumont mantém crescente fluxo de passageiros — tendo encerrado 2022 com 10,17 milhões, acima do limite de 9,9 milhões — enquanto o Galeão vem perdendo viajantes, voos e conectividade, o que impacta a malha internacional do terminal.
Em fevereiro de 2022, a Changi, controladora da RIOgaleão, concessionária que administra o aeroporto internacional, pediu para devolver o ativo à União. Em fevereiro deste ano, a companhia afirmou que, caso as condições econômico-financeiras do contrato fosse revistas, poderia seguir gerindo o aeroporto.
- Filas no estacionamento: Mais um sintoma da saturação do Santos Dumont enquanto Galeão segue esvaziado
Formalmente, o processo de devolução segue. O governo federal, porém, temendo abrir um precedente para outras concessionárias no setor de transportes, fez uma consulta ao Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo uma avaliação da corte sobre a possibilidade de deixar de relicitar o Galeão.
Até aqui, auditores do TCU apresentaram pareceres contraditórios. A decisão final depende do voto do relator e de aprovação em plenário, o que pode ocorrer ainda este mês.
Em imagens, o universo exclusivo da aviação executiva em SP
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Aviões particulares na pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A demanda dos jatinhos é puxada pelo agronegócio. Os executivos de empresas do setor são os que mais usam o meio de transporte privativoAgência O Globo
Oportunidade de mercado
Para Leite, faltava, nesse debate, ouvir o usuário sobre a proposta de transferir voos de um aeroporto para o outro.
— Com uma amostra robusta de viajantes, a pesquisa mostra a migração de voos para o Galeão pode ser implementada porque terá mercado, demanda de passageiros — frisa ele. — Outra coisa é que com a maior parte dos passageiros viajando a negócios, o Galeão tem oportunidade de avançar com foco no turismo.
Dos passageiros ouvidos, 51% afirmaram viajar a negócios. E, do total, mais de 27% são usuários da ponte aérea Rio-São Paulo. Quase dois terços (60%) dos usuários têm como destino cidades da Região Sudeste.
Alguns resultados do levantamento, continua Leite, são também relevantes. Um é que “existe a crença”, diz ele, de que quem voa do Santos Dumont mora na Zona Sul. Mas a pesquisa mostra que o terminal central é hoje o aeroporto do Estado do Rio, afirma.
É que o levantamento mostra que 34% dos viajantes vivem em Centro, Zona Sul, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes. Outros 17,3% vêm da Zona Norte, enquanto 12,4% vêm de outras partes da Zona Oeste e de Jacarepaguá. Havendo ainda os viajantes de fora da capital, com 12,4% do interior do estado, 12,3% da Grande Niterói e 11,6% da Baixada Fluminense.
‘Elitização dos passageiros’
O perfil do passageiro também aponta para a oportunidade na migração de voos.
— Essa realidade aeroportuária do Rio está muito restrita ao perfil socioeconômico das classes A e B. Existe uma concentração clara, uma elitização dos passageiros — destaca o consultor.
Em média, esse passageiro que parte do Santos Dumont tem 43 anos de idade, com a maioria dos entrevistados contando com nível superior (78,3%) e empregada (70,8%) tanto no setor privado quanto no público.
A prefeitura e o governo do estado pedem que as operações do Santos Dumont sejam limitadas a voos para São Paulo e Brasília, com a transferência dos demais para o Galeão, mantendo uma operação coordenada dos dois aeroportos. Mas ainda não há posição do governo federal.
O ministro Márcio França, de Portos e Aeroportos, afirmou no fim de maio que as operações do Santos Dumont começarão a ser reduzidas a partir do mês que vem, com a previsão de encerrar 2023 com movimento ao redor de 9 milhões de passageiros, ante uma previsão de 11 milhões.