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Por Vitor da Costa — Rio

Analistas de mercado já esperam "algum impacto" dos preços menores dos combustíveis praticados pela Petrobras no balanço da companhia, que será divulgado na próxima semana. Outro fator no radar é a previsão de anúncio de uma nova política de dividendos, tema que faz parte da reunião do conselho da estatal nesta sexta-feira.

— Devemos começar a ver um impacto nas margens no segmento de refino, como reflexo das mudanças recentes na política de precificação — afirma Ruy Hungria, analista da Empiricus Research.

Reportagem do GLOBO mostrou que os preços da gasolina e do diesel praticados no país estão cerca de 20% abaixo das cotações no mercado internacional. Em nota, a Petrobras afirmou que evita repassar a volatilidade das cotações e do dólar e destaca aumento de vendas e de produção.

No primeiro trimestre deste ano, a Petrobras reportou lucro líquido de R$ 38,1 bilhões e receita de R$ 139,068 bilhões.

O analista de commodities da gestora Mantaro Capital, Pedro Acioli, avalia que a empresa deve divulgar resultados piores tanto na comparação trimestral quanto anual basicamente em razão do preço do petróleo.

Para Acioli, as mudanças na política de preços devem afetar o balanço deste trimestre apenas parcialmente, com efeitos no maior uso das refinarias e nas menores margens de refino.

— Apesar de a nova política ter sido anunciada em maio, os preços de diesel e da gasolina só se afastaram materialmente da paridade de importação, que era a referência da antiga política, a partir de meados de junho — afirma.

Desde o início do ano é esperada uma mudança na política de dividendos. Os lucros compartilhados com os acionistas já foram alvos de crítica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A estatal pretende rever o modelo para destinar mais recursos a investimentos. No ano passado, a empresa foi a segunda maior pagadora de dividendos do mundo, de acordo com o Índice Global de Dividendos da gestora Janus Henderson.

Desempenho sólido, mas menor

A expectativa do mercado é por um desempenho sólido de abril a junho, mas com números mais modestos comparados a divulgações anteriores. Embora nos últimos dias o petróleo esteja em trajetória de alta, as cotações atuais são menores do que as do segundo trimestre do ano passado.

— Em ambos os casos (trimestral e anual) devemos observar uma queda, principalmente por conta da queda dos preços do petróleo. No entanto, o recuo será mais forte na comparação anual, já que o barril de petróleo estava negociando em patamares acima de US$ 100 no segundo trimestre de 2022 por causa da guerra na Ucrânia, enquanto os preços ficaram abaixo dos US$ 80 em boa parte do segundo trimestre — explica Hungria.

Nova política de preços

Desde 16 de maio, a Petrobras adota uma nova política de preços, que leva em conta custos internos de produção, preços de concorrentes em diferentes mercados no país e as parcelas de combustíveis produzidas no país ou compradas no exterior. Antes disso, a empresa adotava a política de paridade de importação (PPI), que toma como referência as cotações do dólar e do petróleo.

Para o BTG Pactual, os dados do relatório de produção e vendas, divulgados pela empresa nesta semana, já destacam a nova estratégia da companhia. Com a estatal buscando aumentar a produção local e ganhar participação de mercado, a taxa de utilização das refinarias subiu para 93% no segundo trimestre. Em junho, a estatal informou que chega a 95%.

Nos cálculos do BTG, com preços do petróleo e dos combustíveis vendidos no mercado doméstico menores, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização deve ficar em R$ 57,1 bilhões. O banco prevê lucro líquido de R$ 26,457 bilhões.

Analistas preveem algum impacto dos preços menores dos combustíveis no balanço da petrobras — Foto: Banco de imagens
Analistas preveem algum impacto dos preços menores dos combustíveis no balanço da petrobras — Foto: Banco de imagens

Os analistas Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz do Santander esperaram que a empresa apresente “resultados sólidos” apesar dos ventos contrários. Eles projetam um Ebtida de US$ 12,4 bilhões (cerca de R$ 58,9 bi) neste trimestre e um lucro líquido de US$ 6,48 bilhões (cerca de R$ 30,78 bi), o que representa uma queda de 12% no trimestre e de 41% na base anual.

Entre os fatores de pressão, eles citam os preços mais baixos do petróleo no mercado internacional, os impostos de exportação de petróleo adotados pelo governo, e os menores preços dos combustíveis no mercado doméstico em relação à paridade internacional

O Santander espera um pagamento de dividendos de US$ 3,1 bilhões.

Na mesma linha, os analistas da XP aguardam outro “trimestre sólido”, mas com piora em relação ao trimestre anterior devido a fatores como a queda do Brent e a apreciação recente do real.

A XP tem projeção de lucro líquido de US$ 5,385 bilhões (cerca de R$ 25,58 bi) e de receita de vendas de US$ 23,003 bilhões (cerca de R$ 109,25 bi)

O Itaú BBA e o Goldman Sachs também estimam quedas no lucro e na receita, que devem se manter em patamares elevados.

Os analistas do Itaú BBA têm estimativa de lucro líquido de US$ 6,076 (R$ 28,86 bilhões), uma queda anual de 44,8% e de 17,2% ante o trimestre anterior.

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