Petrobras quer recomprar US$ 1 bi em ações nos próximos 12 meses

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Ontem, a companhia anunciou que vai distribuir R$ 15 bilhões em dividendos relativos ao resultado do segundo trimestre deste ano. Trata-se de uma queda de 39% ante ao que foi distribuído em relação ao primeiro trimestre. Entre abril e junho, a estatal apresentou queda de 47% em seu lucro líquido na esteira da queda do preço do petróleo no mercado internacional.

O Programa de Recompra abrangerá apenas as ações preferenciais (PN, sem direito a voto). Segundo a empresa, serão compradas até 157,8 milhões de PNs, que equivale a cerca de 3,5% do total de ações preferenciais em circulação. As compras serão feitas ao longo dos próximos 12 meses.

Segundo a empresa, o valor financeiro a ser gasto não acarretará efeitos contábeis relevantes no patrimônio líquido da companhia. Sergio Caetano Leite, diretor financeiro da estatal, disse, em call com investidores para explicar os resultados do segundo trimestre, que a nova política de dividendos está em linha com as outras petroleiras no mundo.

-Temos o compromisso com a distribuição dos resultados gerados, com disciplina de capital e otimização da alocação do caixa e gestão de passivos.

Segundo Leite, a política de recompra de ações vai começar de forma conservadora e "a ideia é não provocar flutuações (nos papéis) da empresa".

Leite lembra que, se houver dinheiro extra no caixa da Petrobras, essa quantia pode ser usada para pagamento de dividendos extraordinário ou adicional.

Segundo especialistas, a recompra de ações costuma ser feita para aumentar o valor das ações remanescentes e elevar os lucros por ação.

O diretor financeiro da estatal lembrou ainda em sua apresentação que a estatal vai trabalhar com um portfólio dinâmico. Segundo ele, a estratégia envolve parcerias com outras companhias, aquisições e desinvestimentos. Ele destacou a compra de ativos na área de transição energética.

-Todo o portfólio está sendo reavaliado sob a ótica de longo prazo. Os contratos de venda já assinados vão ser mantidos - disse ele, destacando que concluiu a venda de projetos já assinados como os campos de Albacora Leste, Polo Norte Capixaba e Polo Potiguar.

Segundo ele, a entrada de caixa até junho foi de U$ 3,5 bilhões.

Em mensagem na abertura do call com investidores, Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, destacou a nova política de preços.

- Nesse primeiro semestre, estabelecemos uma nova estratégia comercial que está produzindo os resultados que tanto queríamos: mais flexibilidade e competitividade para os preços dos combustíveis.

O Conselho de Administração da estatal também aprovou o início da contratação para retomada da segunda unidade da nova Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Ipojuca, Pernambuco, cujas obras foram interrompidas em 2015.

O início das operações da segunda unidade da Rnest é previsto para 2027. Ontem, a companhia informou uma nova baixa contábil na unidade de R$ 1,9 bilhão por conta da apreciação do real e a retomada das obras.

Leite lembrou que a empresa ainda está trabalhando na construção do novo plano estratégico para os próximos anos. Ao responder sobre o futuro da Braskem, o diretor disse que as grandes empresas integradas do setor têm autuação relevante na petroquímica. A Novonor (ex-Odebrecht) colocou sua fatia à venda.

- A integração com petroquímica traz valor e passa por uma questão de segurança de longo prazo. Será necessário o uso do petróleo com finalidades mais nobres. Com isso, podemos considerar que a petroquímica é atraente.

Segundo Claudio Schlosser, diretor de Logística, Comercialição e Mercados, o cenário internacional é de muita incerteza, o que vem trazendo volatilidade aos preços do petróleo. Ele disse ainda que o diesel russo respondeu por mais de 80% das importações de terceiros no Brasil em julho.

- O valor fundamental da estratégia de preços é ser competitivo e proporcionar uma estabilidade de preços aos clientes. Hoje vemos uma incerteza na economia global. Isso leva a um aumento da volatilidade do mercado e aumento dos preços de referência. Houve aumento do fluxo de produto russo que está entrando no Brasil. O diesel russo respondeu por mais de 80% das importações de terceiros no Brasil em julho. E, por questões comerciais, não podemos antecipar nossa estratégia.