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Por — São Paulo

A advogada Katherina Kuramoti Ballesta, de 35 anos, moradora de São Paulo, tem usado os serviços de seu banco quando o assunto é planejar a viagem. Já comprou passagem aérea para o Rio, pelo app, e se prepara para usar sua conta global em euros pela primeira vez, no mês que vem, quando embarca para Alemanha.

— Eu me sinto mais segura tendo uma conta no Brasil atrelada a minha conta global. Posso transferir reais e converter em euros, em caso de necessidade. E quero levar pouco dinheiro e usar ao máximo o cartão — diz.

Cada vez mais bancos, especialmente os digitais, vêm fazendo parcerias e oferecendo produtos na área de turismo, como pacotes, passagens, estadia em hotéis, com descontos e parcelamentos. É a abertura de nova fonte de receitas, num setor que deve movimentar este ano cerca de R$ 69 bilhões, segundo a consultoria IPC Marketing, valor ainda 3,5% menor do que girou em 2019, antes da pandemia, mas que vem ganhando tração.

— Com a digitalização, os bancos estão indo além das fronteiras da oferta de serviços financeiros através de seus aplicativos, e produtos de turismo se encaixam bem nessa estratégia de fidelizar — diz Sílvio Luís de Vasconcelos, professor de Administração da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Janela de oportunidade

Esse avanço tem como pano de fundo a derrocada de empresas como a 123milhas e o Hurb, com modelo de negócio baseado na venda de pacotes com datas flexíveis e por preços muito abaixo do mercado, o que se mostrou inviável. Os problemas com as duas empresas digitais de turismo levaram muita gente a procurar agências de viagens tradicionais, com as quais os bancos estão ampliando as parcerias.

As agências de viagens não veem os bancos como rivais. Ao contrário, para elas trata-se de mais um canal de vendas e negócios. Edmilson Rodrigues Romão, vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) Nacional, diz que, com a ampliação da vertente, o cliente pode escolher atendimento pessoal ou digital.

— É mais uma oportunidade para agências que atendem o mercado corporativo, por exemplo. De forma geral, espera-se que os bancos sigam os preços e a regulamentação do mercado e, neste caso, as pequenas e médias empresas continuam a ter competitividade, já que a humanização do atendimento é seu principal diferencial — diz Romão.

Aproveitar o patrimônio

Katherina Ballesta pretende usar conta global em euros para ter mais comodidade   nas férias — Foto: Maria Isabel Oliveira/ Agência O Globo
Katherina Ballesta pretende usar conta global em euros para ter mais comodidade nas férias — Foto: Maria Isabel Oliveira/ Agência O Globo

No C6, os clientes encontram contas globais com saldo em dólar e euro, e cartão de débito internacional. Nos últimos 12 meses, o C6 triplicou a base de contas globais. Com a conta global, é possível economizar até 7% no câmbio, considerando pagamento de IOF e o spread (diferença entre juro de captação e o cobrado) das operações, conta Maxnaun Gutierrez, chefe de Produtos para Pessoa Física do C6 Bank:

— O IOF no cartão de crédito é de 5,58% e cai para 1,1% com a conta global. O banco tem um programa de fidelidade, e é possível usá-lo para converter em passagens no aplicativo. Ou, se for mais vantajoso, o cliente pode usar esses pontos com as próprias companhias aéreas.

Através de parcerias feitas pelo C6, é possível alugar carro com até 24% de abatimento na Unidas e com outros benefícios na Movida e na Localiza. A compra de passagens pode ser parcelada em até dez vezes. Mais recentemente o C6 lançou o seguro-viagem em parceria com a SulAmérica, e no mês passado inaugurou sala VIP exclusiva no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

Já a XP anunciou mês passado sua entrada no mercado de contas bancárias em dólar. A corretora se associou à Mastercard para oferecer cartão de débito aceito em 210 países e vinculado a uma conta dolarizada.

Já os clientes do Cartão XP Visa Infinite poderão, pelo app, comprar passagens aéreas e pacotes de viagem, reservar hotéis, alugar veículos e adquirir ingressos para passeios e parques de diversões, com cashback entre 3% e 12%. Trata-se de parceria anunciada em julho com a empresa de turismo BeFly Conecta.

— Pesquisas nos mostraram que as pessoas consideram viajar uma das melhores maneiras de aproveitar o patrimônio conquistado — diz Ciro Moreira, chefe de Cartões da XP Inc.

Foco em fidelização

Luis Miguel Santacreu, analista de bancos da agência de classificação de risco Austin Rating, avalia que a receita das instituições com produtos de turismo não é significativa, por ser um universo limitado de produtos e, na maioria, voltado a pessoas físicas.

— Em termos de impacto de receita, não é relevante esse ganho ainda. Claro que existe ganho financeiro, mas o maior objetivo é a fidelização — diz João Salles, analista especializado em bancos.

O Nubank vai oferecer aos clientes, no ano que vem, produtos de turismo através de seu app. O banco anunciou em julho parceria com o aplicativo de viagens americano Hopper. Uma das soluções que será disponibilizada é a ferramenta de previsão de valores e possibilidade de congelamento de preços de passagens aéreas.

Através de seu marktplace, o Inter já oferece conta global em dólar e cartão de débito para compras e saques no exterior. Pelo aplicativo, o banco oferece passagens aéreas com até 3% de cashback e reservas de hotéis com até 10% de cashback. Há oferta de aluguel de veículos, serviços de alimentação e transporte, através de empresas parceiras.

Entre os grandes bancos, o Bradesco anunciou em julho a criação de sua conta global, com cartão de débito da bandeira Visa, válido em mais de 200 países, para saques em caixas eletrônicos nas moedas locais e compras de produtos e serviços no exterior.

O banco oferece uma linha de crédito direto ao consumidor chamada Pacotes de Viagens aos clientes pessoas físicas, para financiamento de passagens ou pacotes de viagens nacionais ou internacionais, em até 48 meses. O Bradesco Vida e Previdência oferece seguro de viagens, incluindo hospedagem pet para quem viajar, além de telemedicina, com atendimento em português de profissionais durante a viagem.

Roberto Lee, CEO da corretora digital Avenue, sediada nos EUA e que tem o Itaú como sócio, diz que ao menos 35% da base de 800 mil clientes usam contas globais em dólar para fins de viagem, como débito de compras. Essas contas têm como objetivo permitir investimentos no exterior.

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