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Por — Rio

A atual troca de acusações entre Americanas, o ex-CEO da varejista Miguel Gutierrez e o Bradesco, um dos principais credores, deve empurrar a votação do plano de recuperação judicial para o fim deste ano ou o início de 2024, de acordo com fontes ouvidas pelo GLOBO.

A avaliação é que, embora os principais credores estejam ainda negociando os termos do plano de recuperação judicial com a empresa, as conversas seguem em ritmo lento.

Uma dessas fontes destaca que uma nova etapa das conversas só seguirá adiante após a varejista publicar os resultados financeiros referentes aos anos de 2022 e de 2021, o que ainda não foi feito desde que a empresa revelou em 11 de janeiro “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões. Após investigações do Comitê Independente, a empresa passou a se referir ao episódio como fraude.

Publicação de balanço

A alta direção da Americanas planeja publicar os resultados financeiros até o fim de outubro. Uma fonte que acompanha as discussões diz que a data está mantida, mas que podem ocorrer ajustes. Somente depois desta etapa seria marcada a assembleia para votar o plano de recuperação judicial.

Procurada, a Americanas disse que segue comprometida com a construção de um consenso sobre o plano, que reúna a maior quantidade possível de credores e respeite as condições necessárias para sua performance operacional. "Mesmo com alguns pontos de divergência, a negociação continua com diálogos produtivos para se chegar à versão final do plano", afirmou a empresa em nota.

No último dia 10 de setembro, a Americanas voltou a refutar argumentos do ex-CEO da empresa Miguel Gutierrez de que desconhecia a fraude na empresa. E o acusou de não apresentar provas a respeito do que diz, de acordo com petição protocolada pela varejista na Justiça de São Paulo e antecipada pela colunista do GLOBO Malu Gaspar.

Gutierrez já se manifestou por carta à CPI da Americanas e em processo movido pelo Bradesco contra a varejista na Justiça paulista. Gutierrez diz estar sendo “sacrificado em nome da proteção de figuras notórias e poderosas do capitalismo brasileiro”, em referência ao trio de acionistas de referência da Americanas (Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira). Para a varejista, as declarações de Gutierrez são “um ato de claro desespero”.

A Americanas divulgou nota ontem destacando documentos anexados por ela à petição. A partir desse material, a empresa sustenta que Gutierrez acompanhava de perto a contabilidade da empresa. Segundo a varejista, durante investigações do Comitê Independente, foi constado o uso de duas versões de demonstrações financeiras da empresa.

Na “visão interna”, o retrato real da companhia, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos e amortizações) era negativo em R$ 733 milhões em 2021.

No e-mail “visão conselho”, enviado aos integrantes do colegiado, o valor era positivo em R$ 2,885 bilhões. A petição da Americanas mostra o que a empresa afirma serem anotações de próprio punho de Miguel Gutierrez.

Para a Americanas, havia uma combinação da antiga diretoria de esconder as reais informações de resultados e endividamento. De acordo com os argumentos da varejista, as mensagens revelam o modus operandi de Gutierrez, no comando da diretoria: “centralizar as decisões, omitir informações relevantes e mentir sobre aquelas que é obrigado a divulgar”.

A petição da Americanas também faz referência ao Bradesco, um de seus maiores credores, com cerca de R$ 4,7 bilhões a receber. O banco era uma das instituições garantidoras de empréstimos feitos pelo BNDES à varejista. Em fevereiro, o Bradesco chegou a pedir a produção antecipada de provas na Justiça de São Paulo para provar que houve fraude no balanço da Americanas.

Expedientes jurídicos

Na petição, a Americanas diz que o Bradesco faz menção a dois fatos supostamente novos. O primeiro é a publicação de notícias dando conta de que Sergio Rial, que assumiu o comando da empresa no início do ano e revelou as “inconsistências contábeis” “não apenas teria plena consciência dos graves problemas de caixa que a companhia enfrentava quando decidiu se aventurar no cargo de presidente (...), mas que, mais do que isso, ainda em dezembro de 2022 (um mês antes de assumir) teria participado de uma reunião com a diretoria da Americanas, cuja ordem do dia não era outra senão traçar um plano de guerra para os próximos anos da companhia”.

A empresa diz que as declarações de Gutierrez são tudo o que o Bradesco “queria ouvir”, de que seriam os conselheiros “os verdadeiros comandantes” e, assim, seriam os responsáveis por ação ou omissão pela fraude. “Isso não faz qualquer sentido. Miguel Gutierrez era o homem que comandava o grupo Americanas. Exerceu essa função por cerca de 20 anos”. Para a varejista, a afirmação de que o executivo não sabia de nada era um “escárnio”.

A Americanas afirmou na petição que as instituições financeiras credoras juntamente com seus principais acionistas têm “envidado esforços para negociar um acordo que ponha fim à recuperação judicial”. Lembra que a maioria dos bancos suspendeu o andamento das ações que movia contra a empresa e contra os acionistas de referência.

“O Bradesco vem adotando diversos expedientes jurídicos e midiáticos contra companhia e contra seus principais acionistas”, disse a Americanas.

A empresa cita ainda que Itaú, Santander e ABC Brasil entraram na Justiça do Rio de Janeiro, no fim de agosto, com pedido para que seja rejeitada uma tentativa do Bradesco de impugnar créditos na recuperação judicial da Americanas e negociá-los à parte.

Após a publicação da reportagem, o Bradesco afirmou na tarde desta quarta-feira que "tendo em vista as notícias publicadas nos últimos dias em vários veículos de imprensa, o Bradesco esclarece que tem total interesse no sucesso da recuperação judicial da Americanas S.A., e que jamais se manifestou contra a aprovação de qualquer Plano de Recuperação Judicial da Americanas".

A nota diz ainda que nenhum plano foi oficialmente submetido para apreciação em assembleia de credores, "uma vez que as contas da referida companhia ainda não foram devidamente auditadas, aprovadas e apresentadas".

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