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Por — Rio de Janeiro

A compra da Kopenhagen pela Nestlé revela uma disputa cada vez mais acirrada pelo mercado de chocolates premium no Brasil. Com o avanço nas vendas do setor e o interesse crescente do consumidor por doces mais sofisticados, marcas como Lugano, Dengo, GoldKo e Nugali vêm ampliando investimentos em novas fábricas Brasil afora e acelerando a abertura de lojas com produtos que vão muito além das versões ao leite e amargo.

O mercado de chocolate deve faturar R$ 15 bilhões neste ano, de acordo com as empresas. Será um crescimento de 5%. Já a expectativa no segmento premium, que tem uma fatia de 3% a 5% do consumo nacional, é de alta de 8% a 10% neste ano.

Para as companhias, o setor vive movimento semelhante ao ocorrido no mercado de vinhos e cervejas, com a busca por rótulos especiais, apesar do preço mais alto. Para ganhar espaço e conquistar novos paladares, as empresas investem em chocolates com frutas tropicais, vermelhas e castanhas.

— Há potencial de crescimento. O consumo per capita no Brasil é de 3,5 quilos, abaixo dos seis a sete quilos de países da Europa. Além disso, desde a pandemia, o consumidor tem aumentado o consumo como forma de indulgência; e as empresas têm ampliado seus portfólios para gerar mais negócios — avalia Jaime Recena, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab).

Esse maior interesse no mercado de chocolate ganhou capítulo especial no último dia 7, quando a Nestlé comprou, em transação estimada em ao menos R$ 4 bilhões, as marcas Kopenhagen e Brasil Cacau. Juntas, elas têm mil lojas, que pertenciam ao Grupo CRM.

Quando se considera o número de franquias, a Cacau Show lidera o apetite por chocolate. A empresa é dona de 4 mil lojas e tem 700 aberturas previstas até dezembro. E, segundo fontes, teria participado da disputa pela Kopenhagen.

Outra marca em trajetória de expansão é a Lugano, que conta com 200 lojas abertas e espera assinar contrato para inaugurar mais cem unidades no país. Para isso, explica Jonas Esteves, diretor de Marketing e Expansão da marca, foi preciso investir em capacidade fabril. Na unidade de Gramado, no Rio Grande do Sul, foram investidos R$ 5 milhões em melhorias e compra de equipamentos no último ano.

— Nosso projeto era ter lojas apenas em cidades acima de 300 mil habitantes, mas a demanda estava tão elevada que decidimos criar versão de loja para atender localidades de até 50 mil moradores. Nossa meta é chegar a 500 lojas em 2024. Neste ano, as vendas têm alta de 20%, pois o consumidor busca mais que a commodity. Ele quer experiência e paga mais por isso — diz Esteves, que vem abrindo espaços em pontos turísticos como no Corcovado, no Rio, e em Porto de Galinhas.

Nova fábrica

E, para atender a demanda, a Lugano se prepara para um dos maiores passos em seus 47 anos: a abertura de uma nova fábrica em Miguel Pereira, no Rio de Janeiro, que vai receber investimentos de R$ 40 milhões e gerar mais de 200 empregos.

— A ideia é iniciar as obras o quanto antes. Acabamos de criar uma linha especial de chocolate autoral, chamada Chico, feita pelo fundador, com pistache, frutas liofilizadas (desidratação por meio de congelamento brusco, seguido de pressão altíssima a vácuo) e caramelo salgado. O mercado vive hoje um momento único. A venda da Kopenhagen para a Nestlé será muito benéfica para o cenário de chocolates premium. A Nestlé é um dos maiores players globais do ramo, e acreditamos que fará investimentos pesados para ampliação da marca — disse Esteves, lembrando que a Lugano também já recebeu ofertas de compra.

Concorrentes avaliam que entrada da Nestlé na Kopenhagen será favorável para o setor — Foto: Leo Martins / Agência O Globo
Concorrentes avaliam que entrada da Nestlé na Kopenhagen será favorável para o setor — Foto: Leo Martins / Agência O Globo

A Dengo Chocolates, revela Tulio Landim, co-CEO da empresa, também planeja a construção de uma nova fábrica já para 2024. O endereço ainda está em estudos pela companhia:

— Quando comparamos as vendas das mesmas lojas, houve alta de 35% neste ano. Vamos investir em uma nova fábrica. E precisa ser em 2024 para que a gente continue acelerando.

A empresa conta hoje com uma fábrica em São Paulo e vem investindo em aumento de capacidade. Além disso, conta com um centro de distribuição na Bahia, onde acompanha todas as etapas de produção do cacau. O executivo lembra que a empresa tem 37 lojas no país e espera abrir mais dois ou três espaços até o fim do ano:

— As pessoas estão aprendendo a consumir chocolate e cacau. Em São Paulo, por exemplo, nas nossas lojas, é possível o cliente montar seu próprio chocolate, escolhendo a massa e os ingredientes. Ele pode levar fotos e colocá-las nos rótulos.

Sem açúcar, com afeto

Em outra tendência, a GoldKo aposta em chocolate sem açúcar. A empresa foi criada em 2020 por Paulo Kopenhagen, neto do fundador da marca de mesmo nome, que havia sido vendida na década de 1990 ao Grupo CRM, e seus filhos Chantal e Gregoy, O foco é oferecer produtos sem açúcar e sem glúten. São mais de 50 itens entre bombons e barras com quinoa, marshmallow e caramelo. Segundo o CEO, Gregory Kopenhagen Goldfinger, a meta de crescimento é de 78% este ano. Com uma loja em São Paulo, a GoldKo quer abrir até 20 espaços em 2024.

— Acabamos de concluir o primeiro ciclo de investimento de R$ 20 milhões na fábrica de Varginha, em Minas Gerais, voltada para fabricação de bombons. Em outubro, vamos inaugurar a segunda linha com investimentos entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões para a linha de barras — adianta Goldfinger.

Segundo ele, a empresa vem investindo em pesquisa e desenvolvimento para oferecer opções de chocolates que utilizam diversos ingredientes, como derivações do milho e leite de coco, para substituir o açúcar e o leite de vaca:

—Ao longo do tempo, o brasileiro foi se acostumando a comer chocolate muito doce e agora, com os movimentos de saudabilidade, vem aumentado o consumo de itens com menos açúcar.

Já a Nugali investiu R$ 5 milhões na ampliação fabril no último ano. Maitê Lang, fundadora da empresa, criada em 2004, diz que será preciso analisar novamente se a capacidade vai dar conta da demanda, com o aumento de 20,3% nas vendas:

— Espaço físico tem sido questão constante. E é um desafio ampliar a produção sem massificar e perder qualidade. Por isso, é preciso escolher os melhores fornecedores e acompanhar todos os processos de perto.

A marca aposta em diferenciação, com uma linha de produtos Cacau em flor, que inclui chocolates com pimenta-rosa, cupuaçu e açaí e produtos com chocolate da Serra do Conduru, na Bahia, com notas frutais e cítricas, conta Maitê:

— O consumidor quer uma experiência melhor. É preciso construir uma reputação. O mercado tem muito espaço para crescer.

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