A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 26,6 bilhões no terceiro trimestre deste ano. O resultado representa uma queda de 42,2% em relação ao mesmo período do ano passado, quando os ganhos chegaram a R$ 46,09 bilhões. Juntamente com a divulgação do seu balanço financeiro do período entre julho e setembro, a estatal informou que vai distribuir R$ 17,5 bilhões em dividendos a acionistas.
O resultado da Petrobras no terceiro trimestre veio dentro do esperado pelo mercado, que projetava ganhos entre R$ 23 bilhões e R$ 27 bilhões. Um dos principais fatores que contribuíram para a queda do lucro foi a desvalorização da cotação internacional do petróleo em relação ao terceiro trimestre de 2022.
Nos nove primeiros meses deste ano, o ganho da Petrobras somou R$ 93,56 bilhões, um recuo de 35,5% em relação ao mesmo período de 2022, quando obteve R$ 144,99 bilhões em contexto internacional mais favorável ao seu caixa.
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No terceiro trimestre, a receita de vendas chegou a R$ 124,83 bilhões, queda de 26,6% em relação ao mesmo período de 2022. No ano, a redução do faturamento da petroleira chegou a 21,7%, para R$ 377,74 bilhões.
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Segundo a Petrobras, o lucro foi influenciado pela desvalorização do real frente ao dólar, maiores despesas operacionais, com destaque para maiores custos exploratórios e menor ganho com venda de ativos, suspensa pela gestão atual.
Também pesou no resultado a redução do preço do barril do petróleo, que caiu de uma média de US$ 100,85, no terceiro trimestre de 2022, para US$ 86,76, no terceiro trimestre deste ano. Foi um recuo de 14%, segundo a estatal.
A Petrobras destacou ainda que o lucro líquido teve um impacto negativo de R$ 600 milhões, influenciado principalmente por contingências judiciais e impairment (baixa contábil) de ativos como a segunda unidade de refino da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco.
Baixas em áreas do pré-sal
A Petrobras atribuiu ainda a queda na receita de petróleo no mercado interno aos menores volumes de vendas para a Acelen, dona da refinaria da Bahia que foi vendida pela estatal no governo Bolsonaro. "Durante o terceiro trimestre deste ano, os principais produtos comercializados continuaram sendo o diesel e a gasolina, equivalentes a aproximadamente 75% da receita com a venda de derivados no mercado interno", informou a Petrobras.
A companhia destacou ainda os maiores gastos operacionais com as baixas em áreas exploratórias no pré-sal da Bacia de Campos, "em função dos projetos de desenvolvimento da produção serem inviáveis economicamente".
Este efeito, afirmou a empresa, foi parcialmente compensado por menores despesas com geologia e geofísica na Margem Equatorial, com destaque para a Bacia da Foz do Amazonas.
Investimento e dívida têm alta
Por outro lado, os investimentos nos primeiros nove meses do ano chegou a US$ 9,1 bilhões, alta de 30,7% em relação ao mesmo período de 2022.
"Mesmo com o cenário desafiador enfrentado pelo mercado fornecedor no contexto inflacionário pós-pandemia, que influenciou a capacidade de suprimento da demanda crescente de recursos críticos para a indústria de óleo e gás, projetamos encerrar o ano com patamar de US$ 13 bilhões de investimentos, sem comprometer a meta de produção planejada para 2023".
No fim de setembro, a dívida bruta alcançou US$ 61,0 bilhões, um aumento de 5,2% em comparação com o fim de junho. A Petrobras atribui a alta do endividamento aos arrendamentos de plataformas, com a entrada em operação do FPSO afretado Anita Garibaldi. Segundo a empresa, essa embarcação "acrescentou US$ 2,4 bilhões no passivo de arrendamentos da companhia". Por outro lado, a dívida financeira ficou estável, atingindo US$ 29,5 bilhões.
Produção sobe 9%
A empresa espera superar as previsões de produção para o ano. A previsão de produção média para 2023 passou de 2,6 para 2,8 milhões de barris de óleo equivalente por dia.
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Na semana passada, ao divulgar seu relatório operacional, a Petrobras anunciou que registrou alta de 9% na produção no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 2,53 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d) entre julho e setembro (volume comercial). A estatal destacou o avanço de 9,6% no pré-sal (1,872 milhão de barris de petróleo) e de 29,2% no pós-sal (412 mil barris).
Entre julho e setembro, as exportações da Petrobras aumentaram 55,9% em relação ao mesmo período do ano passado, em função da maior produção de petróleo. A China respondeu por 40% do total enviado ao exterior.
Refinarias aumentam produção
O fator de utilização das refinarias atingiu 96%, o maior resultado trimestral desde 2014. A venda de derivados no mercado brasileiro teve alta de 1,3% na comparação anual. Diesel avançou 2,2%, assim como gasolina (+2,7%) e querosene de aviação, o QAV (+6,1%).
A produção de gasolina no terceiro trimestre chegou no maior patamar desde 2013, e a produção de diesel atingiu maior nível desde 2015.
"Vale destacar que nos nove primeiros meses do ano, as vendas de gasolina foram as maiores dos últimos seis anos para esse período, mesmo com o desinvestimento de algumas refinarias", informou a estatal em comunicado.