Negócios
PUBLICIDADE
Por e — São Paulo

A Natura informou ao mercado que assinou acordo com a Aurelius Investment Advisory, empresa de private equity com sede em Londres, para a venda da The Body Shop. O valor do negócio deve ficar em 207 milhões de libras (R$ 1,25 bilhão) e deverá ser concluído até 31 de dezembro deste ano. A transação está sujeita às aprovações regulatórias.

"A transação de venda apoiará os esforços da Natura & Co para otimizar suas operações e simplificar seus negócios, além de posicioná-la para focar em prioridades estratégicas, especialmente a integração da Natura e Avon na América Latina, o modelo de venda direta e a otimização adicional da presença internacional da Avon", disse a Natura em comunicado.

The Body Shop — Foto: Reprodução
The Body Shop — Foto: Reprodução

O acordo incluiu um potencial valor contingente (earn-out) de 90 milhões de libras. O preço de venda e o earn-out serão pagos em até cinco anos. O earn-out é um mecanismo utilizado em contratos de compra e venda de empresas, que corresponde à parte do pagamento que é concluída ao longo do tempo, mediante o cumprimento das metas de desempenho previstas nas cláusulas.

Essa estratégia é importante para o fechamento do negócio, já que o desempenho da nova companhia pode gerar incertezas para o comprador. As ações ordinárias da Natura (NTCO3, com direito a voto) subiram 2,88%, negociadas a R$ 14,30.

A Natua quer reduzir seu endividamento e vem vendendo parte de seus ativos. No primeiro semestre, a dívida l,íquida ficou em R$ 10 bilhões. A Natura vendeu sua linha de produtos de luxo Aesop para a L'Oreal por US$ 2,52 bilhões este ano. Em agosto passado, o Conselho de Administração aprovou a venda da The Body Shop.

Reduzir estrutura e endividamento

A Natura já tinha tentado vender a The Body Shop, comprada por US$ 900 milhões há seis anos, em 2022. Mas as propostas ficaram abaixo do que o esperado e a companhia preferiu vender primeiro a Aesop, considerada a joia da coroa da empresa.

Em outubro, quando as negociações se tornaram públicas, o Itaú BBA calculou que a operação da The Body Shop poderia ser avaliada em cerca de US$ 200 milhões (cerca de R$ 1 bilhão). No entanto, em julho, o banco chegou a avaliar o ativo em R$ 3,4 bilhões.

Apesar de ter sido feita por um valor abaixo do gasto pela Natura no momento da aquisição, a venda tende a ser bem recebida pelo mercado, na avaliação de especialistas.

— O valor foi muito menor, mas a The Body Shop tem sido uma unidade detratora de resultado e o recurso vai ajudar a Natura a reduzir endividamento. A transação se mostrou como cara, em uma tentativa de crescimento inorgânico que não foi acertada — destaca o chefe de análise de ações da Órama, Phil Soares.

Nos últimos anos, a empresa fez ma série de aquisições, com o objetivo de realizar uma expansão internacional. Nesse sentido, ocorreram as compras da Aesop, The Body Shop e Avon.

Essa última aquisição fez com que a empresa adquirisse o atual formato de Natura&Co. A intenção era com que a empresa se tornasse uma plataforma global de marcas do setor de beleza, como no modelo adotado pela L’Oréal.

— Com exceção da compra da Aesop, essa estratégia de expansão internacional via aquisição não foi bem-sucedida. Não acredito que foi uma questão de competência, mas de dificuldade de gerir uma companhia tão grande em diversos países e com um custo da dívida que ficou muito alta com o aumento dos juros não só no Brasil, mas no exterior — disse a analista da Empiricus Research, Larissa Quaresma.

Soares ressalta que o impacto positivo no balanço da Natura deve levar um tempo maior para ocorrer, se comparado com o da venda da Aesop, pela própria forma de pagamento acordada.

A Natura reportou lucro líquido atribuído aos controladores de R$ 7,02 bilhões no terceiro trimestre de 2023, revertendo o prejuízo líquido de R$ 559,8 milhões do mesmo período de 2022. No balanço, a empresa afirma que o resultado foi beneficiado pelo ganho de capital com a venda da marca Aesop.

Por outro lado, a The Body Shop não vinha entregando bons resultados, o que também deve beneficiar os números da Natura. A unidade registrou receita líquida de R$ 829,4 milhões no terceiro trimestre, queda de 15% na comparação anual.

— A venda destrava valor tanto no lado dos resultados, porque era um ativo que tinha uma estrutura de aluguel pesada, contribuía negativamente para lucro, tinha prejuízo e queimava caixa, quanto do ponto de vista estratégico, porque ele libera a companhia para focar no core business, que é a Natura, a Avon e toda a transformação que eles estão fazendo — destaca a head de varejo da XP, Danniela Eiger.

Foco na América Latina

Soares, da Órama, avalia que a Natura deve caminhar em busca de uma estrutura mais enxuta, com foco nos ativos localizados na América Latina, especialmente no Brasil.

— Eles tiveram que lidar com muitas unidades internacionais, com muitas geografias diferentes. Se mostrou uma expansão feita de forma muito acelerada e que não se traduziu em lucratividade. A Natura vai atuar em rever a geografia e o portfólio de produtos da Avon, que está muito inchada. E focar em afinar o operacional e financeiro na América do Sul, onde ela tem mais chances de rodar um operacional de forma mais lucrativa.

Para a analista da Empiricus, o foco da companhia também deve se voltar em melhorar as operações da Avon.

— O próximo foco seria executar a integração da operação da Avon, que envolve aspectos tanto de economia de custos tanto de ganhos de receita. Existe um trabalho bem complexo e desafiador na Avon, que é parar a queda de receitas das operações que estão fora da América Latina e, ao mesmo tempo, gerar ganhos na integração entre Avon e Natura nesta região

Em 2023, os papéis da Natura sobem mais de 20% depois de fortes perdas nos anos anteriores em meio ao cenário macroeconômico desafiador para empresas do setor de varejo, com juros altos e acesso ao crédito mais escasso e seletivo.

Larissa acredita que a situação financeira da companhia já apresenta sinais de melhora, especialmente após a redução de alavancagem com a venda da Aesop.

— Mas ainda restam dúvidas sobre como se dará a integração com a Avon e se ela vai acontecer da forma como o mercado espera

Webstories
Mais recente Próxima Pequenas empresas vão economizar até 42% no mercado livre de energia. Veja diferença na tarifa em cada estado
Mais do Globo

Promovido ao cargo de prefeito após a morte de Bruno Covas, emedebista terá coligação com 12 partidos na disputa

Nunes lança candidatura à reeleição em São Paulo ao lado de Bolsonaro e Tarcísio

Apenas o primeiro estaria no veículo; carreta estaria transportando carga que excedia espaço lateral do veículo

Ônibus da dupla César Menotti e Fabiano se envolve em acidente em rodovia de MG

Final do salto sobre a mesa da ginástica artística na Olimpíada de Paris-2024 acontece neste sábado

Rebeca Andrade x Simone Biles: acompanhe ao vivo a final do salto da ginástica nas Olimpíadas

Dono de sete medalhas olímpicas levou um minuto e meio para derrotar sul-coreano Lee Joon-hwan

'Jogada de poker': Por que Teddy Riner enfrentou judoca 60 kg mais leve na disputa por equipes em Paris-2024

Deputado federal foi autorizado pela Justiça Eleitoral a deixar o PL sem perder o mandato por infidelidade partidária; ele chegou a ser pré-candidato à prefeitura de São Paulo, mas seu nome foi rifado pelo ex-presidente

Após ser preterido por Bolsonaro e desistir da prefeitura de SP, Salles se filia ao partido Novo

Criança é a primeira neta da Rainha Rania e do Rei Abdullah

Nasce Iman, 1ª filha da princesa Rajwa e príncipe Hussein, herdeiro do trono da Jordânia

Artem Viktorovich Dultsev e Anna Valerevna Dultseva se passavam por família argentina que vivia na Eslovênia

Filhos de espiões que 'descobriram' que eram russos em voo não sabiam quem é Putin e só falam espanhol

Assessoria do SBT confirma que comunicador segue sob cuidados médicos ; estado de saúde preocupa

Silvio Santos: apresentador segue internado pelo terceiro dia no Albert Einstein; hospital faz 'blindagem total'