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A Americanas fechou acordo com credores que representam mais de 35% da sua dívida, abrindo caminho para a aprovação do plano de recuperação judicial, como antecipado pelo colunista do GLOBO Lauro Jardim. A assembleia de credores está marcada para 19 de dezembro.

O acordo é um suporte ao plano de recuperação da companhia, que prevê um aumento de capital de até R$ 24 bilhões na empresa. Metade desse valor será bancado por bancos. Entre os credores que assinaram o acordo divulgado hoje estão Bradesco, Itaú, BTG e Santander. O Safra ficou de fora, segundo Lauro Jardim.

A outra metade virá dos três acionistas de referência da Americanas (Marcel Telles, Jorge Paulo Lemann e Beto Sicupira, sendo que este último contribuiria com R$ 6 bilhões).

Entenda em cinco pontos o escândalo da Americanas, desde as primeiras revelações das "inconsistências contábeis" até a admissão da empresa de que havia uma fraude e o acordo com credores nesta segunda-feira.

Inconsistências no balanço

Fachada de loja da Americanas — Foto: Domingos Peixoto/Agência Globo
Fachada de loja da Americanas — Foto: Domingos Peixoto/Agência Globo

Na noite da quarta-feira, dia 11 de janeiro, a Americanas informou ter encontrado "inconsistências contábeis" de R$ 20 bilhões nos balanços de 2022 e de anos anteriores. O problema ocorreu com uma operação comum no varejo, chamada de "risco sacado".

Nesse tipo de operação, a companhia pega financiamento com um banco para compra de material de fornecedores. O banco antecipa os recursos para o fornecedor. Na sequência, a varejista quita a dívida com a instituição financeira pagando juros pelo prazo do empréstimo.

O problema é que isso não foi devidamente reportado no balanço.

Renúncia do CEO

Sérgio Rial — Foto: Arquivo/O Globo
Sérgio Rial — Foto: Arquivo/O Globo

Em agosto de 2022, a Americanas anunciou que Sergio Rial assumiria o comando da empresa a partir de janeiro deste ano. O nome do executivo atraiu investidores, que apostavam suas fichas de que, sob sua gestão, a companhia pudesse dar uma guinada nos negócios.

Mas, com a descoberta das "inconsistências contábeis" praticadas antes de sua chegada, Rial anunciou na noite de 11 de janeiro que renunciaria ao cargo apenas nove dias depois de assumir.

Ele passou a trabalhar como assessor do trio de acionistas de referência da Americanas, os bilionários da 3G Capital Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Veiga Sicupira, em busca de uma solução para o imbróglio.

Também foi anunciada a criação de um comitê independente para averiguar o que causou o erro nos balanços.

No lugar de Rial, assumiu interinamente o diretor de Recursos Humanos, João Guerra. Tanto ele como Rial se tornaram réus em um processo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Depoimento à CPI

O CEO da Americanas, Leonardo Coelho Pereira — Foto: Brenno Carvalho
O CEO da Americanas, Leonardo Coelho Pereira — Foto: Brenno Carvalho

O novo presidente da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, assumiu o comando da empresa em fevereiro. Foi no seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), em junho, que a empresa passou a tratar o escândalo como fraude.

Aos parlamentares, Coelho disse que os ex-diretores escondiam 'fraude de resultado' e diziam que transparência seria 'morte súbita'.

Pereira disse que, sobre um lucro fraudulento, foram pagos dividendos a acionistas, incluindo o trio de bilionários acionistas de referência, três dos homens mais ricos do Brasil.

Também admitiu que o lucro inexistente baseou bônus pagos além dos salários aos diretores como recompensa pelo desempenho financeiro falso e ainda baseou o pagamento de impostos. A empresa pagou, em 2022, R$ 1,7 bilhão em impostos, afirmou o executivo.

Como era a fraude

Assembleia Geral de Credores do Grupo Americanas pode acontecer em dezembro — Foto: Foto de arquivo
Assembleia Geral de Credores do Grupo Americanas pode acontecer em dezembro — Foto: Foto de arquivo

Também em junho, a Americanas divulgou fato relevante em que admitia a fraude pela primeira vez e dava detalhes do esquema, além de acusar ex-diretores de envolvimento na fraude.

O principal objetivo da fraude era ampliar o lucro, o que contribuiria para pagamento de bônus e dividendos para executivos e acionistas e ainda gerava um maior recolhimento de impostos. No cerne do esquema fraudulento estão contratos de publicidade, chamados de verba de propaganda cooperada (VPC).

Até então, era sabido que a Americanas usava um outro mecanismo, chamado de risco sacado, muito comum no varejo, para maquiar seus números. Trata-se de uma triangulação no financiamento de fornecedores, no qual a varejista antecipa a seus parceiros um crédito que eles têm a receber de bancos.

Imaginava-se também que, para não acender o alerta dos analistas sobre o tamanho dessas operações, a empresa aplicava redutores artificiais nessa rubrica de risco sacado. Os comunicados divulgados esta semana pela empresa deixam claro como era essa outra faceta da fraude.

Para reduzir artificialmente o tamanho da rubrica "contas a pagar" na posição de fornecedores da empresa, a varejista usou principalmente a verba de propaganda cooperada (VPC).

Assim como o risco sacado, os contratos de VPC são recorrentes no varejo. Eles funcionam assim: a varejista encomenda um certo volume de produtos e acerta um determinado valor pelas mercadorias. No contrato de publicidade, acorda que os itens terão, por exemplo, uma exposição privilegiada nas lojas, o que ajuda no desempenho das vendas.

Se a meta de vendas é batida, a varejista obtém desconto no valor devido ao fornecedor pelas encomendas, reduzindo o seu custo. É uma espécie de bônus que é classificado no setor como verba de publicidade. Ela ajuda a ampliar o lucro, pois, na prática, reduz o custo com a compra dos produtos.

Recuperação judicial

Loja Americanas no Plaza Shopping, em Niterói, em 2006. — Foto: Letícia Pontual
Loja Americanas no Plaza Shopping, em Niterói, em 2006. — Foto: Letícia Pontual

A empresa pediu recuperação judicial em janeiro, logo após a divulgação das "inconsistências", com dívida de cerca de R$ 40 bilhões. O pedido foi aprovado pela Justiça, mas operações previstas no plano não foram adiante devido à incerteza em relação ao balanço, que foi adiado várias vezes.

No último dia 16 de novembro, a empresa revelou as perdas que teve nos anos de 2021 e 2022. Ao todo, foram R$ 19 bilhões em prejuízo. Ter o tamanho real do rombo da companhia é fator-chave para destravar a venda de ativos da empresa, como a rede Hortifruti Natural da Terra, que foi suspensa pela própria varejista.

Outro processo que está parado é a venda da Uni.co, dona das marcas Puket, Imaginarium e Lovebrand. Para uma fonte, sem o tamanho real da empresa, os interessados vinham jogado o preço do ativo para baixo.

Após revelar o tamanho do prejuízo, faltava o acordo com os principais credores. Ele prevê injeção de R$ 24 bilhões na companhia, sendo metade feita pelos principais bancos credores, entre eles Santander e Bradesco.

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