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Por The New York Times — Nova York

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GERADO EM: 15/08/2024 - 11:10

Farfetch: "Amazon da moda" em crise busca investidores para evitar falência

A Farfetch, conhecida como "Amazon da moda", enfrenta queda nas ações, rumores de falência e necessidade urgente de capital. Fundada em 2007 por José Neves, a empresa lucrou em 2021, mas desde então tem enfrentado desafios. Grandes investidores como Alibaba e Richemont estão relutantes em fornecer mais capital. Se não resolver seus problemas, a Farfetch pode falir, impactando marcas de luxo e vendedores que dependem dela. José Neves busca investidores para fechar o capital da empresa. A sobrevivência da Farfetch pode mudar a experiência de compras de luxo online.

Por mais de uma década, a Farfetch tem sido uma potência global no varejo, vendendo bilhões de dólares em casacos, sapatos, bolsas e outros bens de luxo.

Mas nos últimos meses, a plataforma online, que foi avaliada em mais de US$ 20 bilhões em seu auge em 2021, tem lutado pela sua sobrevivência. O preço de suas ações desabou, há rumores de que seu fundador está tentando fechar o capital da empresa, e relatos indicam que ela precisará de pelo menos US$ 500 milhões até o final do ano para evitar a falência.

A Farfetch tem diversos investidores de renome, incluindo a Alibaba, uma gigante de tecnologia chinesa; Artemis, uma holding da família bilionária Pinault, proprietária da Kering; e o Richemont, um grupo de luxo suíço.

As ações da empresa perderam cerca de um terço de seu valor nesta semana, chegando a atingir uma baixa recorde de apenas 60 centavos. Com isso, a companhia possui um valor de mercado de cerca de US$ 250 milhões.

Como a Farfetch chegou a esse ponto tão rapidamente? Quem poderia intervir para salvá-la? E quem será afetado se ela entrar em colapso?

O que é a Farfetch?

A Farfetch surgiu em 2007 como um mercado de comércio eletrônico para boutiques de moda físicas.

Na pática, um comprador em Londres poderia comprar botas de uma loja independente em Paris, ou um cliente em Pequim poderia adquirir uma bolsa que não estava disponível localmente de uma loja em Veneza, na Itália. Atualmente, ela trabalha com mais de 550 boutiques de moda em 190 países.

À medida que o apetite do consumidor por comprar produtos de luxo online crescia, a empresa também começou a trabalhar diretamente com marcas de moda para construir seus sites e operações nos bastidores.

Através da Farfetch Platform Solutions, a empresa agora oferece uma variedade de serviços de comércio eletrônico para marcas, incluindo Burberry e Ferragamo, e grandes lojas de departamento, como Harrods e Bergdorf Goodman.

Em 2015, adquiriu a Browns, uma boutique de moda em Londres, e em 2018, a empresa, então descrita como "a Amazon da moda", abriu capital na Bolsa de Valores de Nova York.

Quem a fundou?

José Neves, 49 anos, é um empresário português cuja primeira incursão no mundo da moda ocorreu em 1996 com uma marca de calçados chamada Swear.

Por anos, ele foi visto pela indústria da moda como um guru inovador capaz de orientar marcas em direção a estratégias digitais bem-sucedidas, acumulando uma fortuna pessoal estimada em US$ 2,5 bilhões.

A Farfetch é uma empresa de capital aberto, mas Neves ainda possui uma participação de 15% e 77% dos direitos de voto através de uma estrutura de ações de classe dupla.

A empresa é lucrativa?

A Farfetch cobra mais de 30% das vendas por disponibilizar o estoque de varejistas para quase 1 milhão de clientes ativos. A empresa gerou lucro pela primeira vez em 2021, mas tem tido dificuldades desde então.

Quando as coisas começaram a dar errado?

A trajetória da varejista de luxo começou a mudar já em 2019, quando a empresa perdeu mais de US$ 2 bilhões de seu valor de mercado em um único dia após surpreender os investidores com a aquisição de US$ 675 milhões da empresa italiana New Guards Group, proprietária da licença da marca de moda Off White e marcas como Palm Angels, e com prejuízos maiores do que o esperado.

Neves defendeu a aquisição, dizendo que a Farfetch ainda estava em modo de crescimento, mas críticos acharam que era uma desvio caro da estratégia original focada em logística e sem a formação de estoques. A empresa também possui uma participação de US$ 200 milhões na loja de departamentos americana Neiman Marcus.

Mesmo assim, vários grandes nomes da moda mantiveram a fé. Alibaba e Richemont apoiaram a Farfetch por meio de uma complexa parceria na qual investiram US$ 300 milhões cada na empresa e mais US$ 250 milhões cada por uma participação de 25% em sua filial chinesa.

Seu valor de mercado atingiu o pico de US$ 23 bilhões no início de 2021, à medida que as compras de luxo dispararam durante a pandemia.

Desde então, houve grandes dores de cabeça. Os custos operacionais aumentaram à medida que a empresa continuou a se expandir. Este ano, nos resultados do segundo trimestre da Farfetch, a divisão New Guards registrou uma queda de 40% nas vendas, apesar de uma parceria muito celebrada com a Reebok que foi anunciada no início do ano.

A Farfetch também relatou US$ 1,15 bilhão em dívidas para o trimestre fiscal encerrado em junho.

Seus problemas podem ser resolvidos?

Neves tem tomado medidas para melhorar a situação da empresa. Este ano, a Farfetch encerrou seu negócio de beleza e demitiu 11% de seus funcionários como parte do que Neves descreveu em uma teleconferência de resultados como as medidas de corte de custos mais significativas da história da empresa.

Também há rumores na indústria de que ele está procurando vender a Browns e a varejista de beleza Violet Grey.

Mas o preço das ações continuou a despencar, e grandes investidores como a Richemont disseram que não fornecerão novo capital. Neste mês, J. Michael Evans, presidente da Alibaba, renunciou ao conselho da Farfetch.

Agora, a mídia britânica relata que Neves está procurando um investidor para ajudar a fechar o capital da empresa. As conversas envolveriam a gestora Apollo Management e um investidor privado.

O que acontece se os problemas não forem resolvidos?

A empresa será forçada a entrar com pedido de proteção contra falência ou será liquidada.

Por que isso é importante?

A sobrevivência da Farfetch pode afetar a forma como os consumidores compram moda. Isso se deve ao número de marcas de renome que ela conta como clientes de comércio eletrônico - embora a maioria delas provavelmente possa recorrer a um concorrente.

Essa mudança seria mais complexa para as 700 boutiques menores e milhares de designers independentes que dependem da Farfetch. Há outras companhias nesse mercado, mas se a Farfetch não estiver de pé para viabilizar muitas dessas vendas, a experiência digital de compras de luxo pode mudar significativamente à medida que marcas e vendedores correm para encontrar uma nova maneira de fazer negócios online.

A Farfetch não respondeu a um pedido de comentário.

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