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Por — Rio

Quase um ano depois da revelação de uma fraude contábil bilionária em uma das maiores varejistas do Brasil e de meses de muitas brigas judiciais e impasses, mais de 90% dos credores da Americanas aprovaram nesta terça-feira o plano de recuperação judicial da varejista.

O plano envolve aumento de capital de R$ 24 bilhões, venda de ativos e maior participação de Jorge Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles no capital da empresa para reforçar sua estrutura financeira. Dessa forma, eles deixarão de ser acionistas de referência para se tornarem os controladores.

A Assembleia Geral de Credores contou com quórum de 97,36% dos credores e começou por volta das 14h20 e durou cerca de seis horas . Foram mais de 430 representantes de empresas que têm dinheiro a receber da Americanas no encontro, que foi transmitido pelo YouTube. A partir de agora, a companhia vai conseguir começar a reduzir sua dívida de R$ 50,1 bilhões e ter uma chance de gerar caixa e voltar a crescer.

O resultado mostrou amplo aval ao plano. Quando se considera o valor de dívida dos credores, 97,19% aprovaram a proposta. Na votação por cabeça, que considera o número de credores, o aval foi de 91,14%.

A aprovação do plano já era esperada. Antes de começar a assembleia, a Americanas já havia assinado acordo com 57% dos credores financeiros, em uma lista que incluía Banco Safra, Bradesco, Itaú, Santander, BTG Pactual, Votorantim e Banco Daycoval.

Leonardo Coelho Pereira, CEO da Americanas, no início da assembleia de credores — Foto: Reprodução
Leonardo Coelho Pereira, CEO da Americanas, no início da assembleia de credores — Foto: Reprodução

Desde o início da crise, que começou em janeiro deste ano, com a revelação de uma inconsistência contábil superior a R$ 20 bilhões, a empresa fechou 121 lojas, chegando a um total de 1.759 endereços. Além disso, sofreu com a queda de 14,4% no número de clientes ativos mensais, para 42 milhões.

-- O plano representa o resultado do esforço conjunto do colegiado, credores, assessores financeiros, acionistas e companhia para sanar a estrutura de capital da Americanas e pavimentar um caminho de reconstrução e retorno à geração de valor para todos -- disse Leonardo Coelho Pereira, CEO da Americanas, no início da Assembleia.

Ele continuou:

-- O PRJ (Plano de Recuperação Judicial) é uma peça sofisticada e foi minuciosamente pensado para endereçar a complexidade da dívida e as particularidades da operação da Americanas. Foi arduamente discutido em todas as suas nuances e assim contempla o melhor formato possível para equilibrar passivos e destravar um crescimento sustentável.

Nova configuração societária

Camille Faria, diretora financeira da companhia, ao apresentar o plano, explicou que os acionistas de referência passarão a ser os controladores da empresa. Ela deu dois cenários. Em um deles, sem os atuais acionistas minoritários exercendo o direito de preferência no aumento de capital, a fatia do trio de bilionários passará dos atuais 30,1% para 49,3%.

Os credores financeiros, que vão converter R$ 12 bilhões de dívidas em ações, passarão a ter 48,2% da Americanas, além de 2,5% por atuais acionistas da varejista.

Camille explicou ainda que, se todos os atuais acionistas minoritários aderirem ao aumento de capital, a capitalização poderia chegar a R$ 25,8 bilhões. Com isso, o trio de acionistas de referência passaria a ter 46% das ações, seguidos de 45% dos credores e 9% dos demais acionistas atuais.

Segundo a diretora, em um acordo firmado entre credores e acionistas, os atuais acionistas de referência terão de ficar com as ações pelos próximos três anos, tendo o "controle da empresa".

Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira — Foto: Ana Paula Paiva; Reprodução/Youtube e Divulgação
Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira — Foto: Ana Paula Paiva; Reprodução/Youtube e Divulgação

Fila com mais de 240 perguntas

Após apresentar algumas mudanças de última hora no plano de recuperação judicial, os credores chegaram a votar uma suspensão da assembleia, mas o adiamento foi vetado por quase 90% dos presentes.

Ao longo da tarde, as perguntas se concentraram entre os fornecedores. Não houve questionamento por parte dos bancos. Em alguns momentos, a fila de perguntas chegou a mais de 240 credores, segundo o advogado Bruno Rezende, do Preserva Ação, que é o administrador judicial ao lado do escritório de advocacia Zveiter.

Empresa adia balanço

A Americanas também adiou a divulgação do balanço financeiro do ano fechado de 2023. A diretoria financeira informou na assembleia que a publicação, que estava marcada para o dia 29 de dezembro, deve ocorrer nos primeiros meses de 2024.

A crise na empresa começou em janeiro deste ano, após o ex-presidente Sergio Rial, que ficou apenas nove dias no cargo, ter anunciado inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões. Com isso, a varejista entrou em recuperação judicial e foi palco de disputa entre seus acionistas e credores. A Americanas acumula dívidas que superam R$ 50 bilhões.

Com a crise que se arrastou ao longo do ano, a empresa foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados, que apontou que bilhões de reais em contratos de financiamento bancário, através do mecanismo de "risco sacado" (ou forfait, operação que consiste no financiamento de fornecedores pelos bancos) estavam fora do balanço ou contabilizados indevidamente.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também abriu investigações. Além disso, a B3 suspendeu a Americanas do Novo Mercado, segmento da Bolsa onde são negociadas as ações de empresas com alto padrão de governança corporativa, por tempo indeterminado.

Na assembleia, apenas os credores financeiros, grupo que tem bancos, debenturistas, outros detentores de títulos, além de fornecedores - e são chamados de quirografários -, votaram na assembleia e têm a maior parte das dívidas da companhia, de R$ 49,9 bilhões.

O que a companhia propõe?

O plano, apresentado pela varejista, prevê um aumento de capital de R$ 24 bilhões, dos quais R$ 12 bilhões serão injetados pelos acionistas de referência da companhia (Marcel Telles, Jorge Paulo Lemann e Beto Sicupira) e outros R$ 12 bilhões se referem à conversão de dívidas em novas ações.

O plano firmado com os credores prevê que a capitalização da Americanas tenha um valor de ação que corresponde a 1,33 vezes o preço médio negociado nos últimos 60 dias até a véspera da data da assembleia.

Balanços revisados com prejuízos

No dia 16 de novembro, a Americanas informou que, após os ajustes contábeis para afastar os efeitos artificiais da fraude nos números, o prejuízo da empresa foi de R$ 6,2 bilhões em 2021. Em 2022, as perdas chegaram a R$ 12,9 bilhões, o maior da história. No entanto, para os acionistas, até janeiro esta era uma empresa lucrativa e promissora.

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