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Por e — Rio e São Paulo

Os primeiros passos para a formação do maior conglomerado de moda da América Latina foram dados há cerca de três anos, em um bate-papo no Copacabana Palace, na Zona Sul do Rio, entre Alexandre Birman, presidente da Arezzo, e Roberto Jatahy, presidente do Soma.

Na época, o Soma havia saído na frente da Arezzo e arrematado a centenária marca Hering para seu portfólio. Desde então, as conversas evoluíram até que ontem foi anunciada oficialmente a fusão entre os grupos.

A nova empresa, que terá o nome definido nos próximos meses, contará com 34 grifes e mais de 2 mil lojas e já nasce com a perspectiva de ampliar a internacionalização.

É um mix de grifes que vai do básico da Hering ao animal print da Animale, das sapatilhas da Anacapri aos tênis Vans (em licenciamento), passando pelo colorido da Farm ao estilo dos sapatos da Arezzo e o look masculino da Reserva, entre muitas outras.

Considerando o valor de mercado, a companhia será a segunda maior varejista de moda da B3, com valor de mercado superior a R$ 12 bilhões, atrás apenas da Renner, segundo levantamento de Einar Rivero, da consultoria Elos Ayta.

Mas esse conglomerado de marcas foi criado aos poucos. Veja a linha do tempo a seguir e conheça um pouco mais sobre as marcas da nova gigante brasileira de moda.

Linha do tempo dos grupos Soma e Arezzo (1) — Foto: Editoria de Arte
Linha do tempo dos grupos Soma e Arezzo (1) — Foto: Editoria de Arte

'Não tem canibalização'

Em entrevista para anunciar o negócio, Birman, que assumirá o cargo de CEO da nova empresa, destacou o alinhamento entre as marcas:

— Queremos a consolidação da maior plataforma de marcas da América Latina, ganho de sinergia e agregação de valor no longo prazo. Não tem canibalização de portfólio.

Conclusão até 2025

A operação deve ser concluída até 2025. A família Birman terá 22% do capital da nova empresa, enquanto o Grupo Soma terá fatia de 16%. O restante das ações ficará com outros acionistas e o mercado.

Birman disse que a nova companhia resultante entre Arezzo e o Grupo Soma será uma empresa com um novo modelo de negócio. A Arezzo&Co terá 54% de participação, e o Grupo Soma, 46%.

A nova empresa, ainda sem nome, será estruturada em quatro pilares: calçados e acessórios, vestuário feminino (comandado por Jatahy, do Grupo Soma), vestuário masculino (dirigido por Rony Meisler, do grupo Reserva) e uma unidade independente da Hering, que ficará a cargo de Thiago Hering, da família fundadora.

'Sonho' internacional

Jatahy, que ficará responsável pelo vestuário feminino, um dos quatro pilares da nova empresa, destacou que “o sonho grande” é ser global e que todos os sócios “querem crescer”:

— O sonho grande é ser global e aumentar o nosso mercado — afirmou, acrescentando que não descarta a possibilidade de novas aquisições em vestuário feminino. — Pensamos muito em América Latina para seguir na trajetória de crescimento.

Hering terá linhas de calçados

Birman afirmou que será desenvolvida uma linha de calçados com a marca Hering. Ele lembrou que marcas como Farm e Schutz já são internacionalizadas. Mas os planos são avançar. Ele afirmou que a Arezzo já comercializa produtos nos EUA, mas outras marcas devem avançar ao exterior.

Jatahy disse que a marca Hering era um projeto de longo prazo e que a modernização das instalações industriais atrasou com a pandemia.

— A estrutura industrial pós-pandemia atrasou. O trabalho de tecelagem da Henrig é um diferencial competitivo. Temos muito o que aprender com uma empresa de 140 anos — disse Jatahy.

Papéis recuam em meio a dúvidas

As ações das empresas encerraram o pregão ontem em baixa. Os papéis da Arezzo caíram 5,49%, e os do Grupo Soma recuaram 6,74%. Na semana passada, as companhias informaram que mantinham conversas sobre uma união de negócios.

Isso fez com que os papéis tivessem forte alta. Para analistas, a reação ontem reflete não só que, depois da alta na semana passada provocada pelo comunicado da negociação, muitos venderam ações para uma realização de lucros. Indica também que muitos investidores sentiram falta de mais informações sobre a operação para mensurar as sinergias envolvidas nessa união.

O presidente executivo do Conselho de Administração da XP, Guilherme Benchimol, que estava presente na apresentação, disse que será um dos membros independentes do Conselho de Administração da nova empresa. A XP assessorou as companhias na transação.

Ações travadas por 10 anos

De acordo com Jatahy, as culturas de cada empresa serão preservadas. Os acionistas não poderão vender ou transferir suas ações nos próximos dez anos.

Birman disse que, para o consumidor, a experiência de comprar em diferentes lojas vai continuar. Também não há planos de desinvestimento, ao contrário: a nova empresa quer crescer ainda mais.

Requer aval do Cade

Este ano, disseram Birman e Jatahy, o objetivo será estruturar as operações, mas as sinergias, inclusive em receita, devem começar em 2025. Eles afirmaram que não há receio de que o negócio não seja aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão que regula concorrência no Brasil. Trata-se de um mercado que movimenta cerca de R$ 200 bilhões ao ano.

As receitas combinadas das duas empresas somam R$ 11,9 bilhões. Nas principais redes sociais, as 34 marcas combinadas das duas companhias somam 32 milhões de seguidores.

Os executivos não falaram de números, mas apontaram como sinergias a integração da cadeia de fornecimento, além da utilização da expertise da Arezzo para expandir a categoria de calçados. Também serão ampliadas as franquias, e o parque industrial da Hering será otimizado.

'Altos valores' em sinergias

Relatório de bancos apontaram que cálculos iniciais indicariam sinergias financeiras de R$ 4,5 bilhões, o que o mercado vem considerando um valor superestimado. Birman e Jatahy disseram apenas que são “altos valores”.

Viccenzo Paternostro, gestor de renda variável da Gap Asset, disse não estar certo de como as sinergias vão se concretizar. Além disso, afirmou ter dúvidas sobre como funcionará a integração entre as diferentes culturas. Apontou ainda como fator de frustração o fato de as sinergias só serem percebidas em 2025:

— O mercado não vai pagar na frente por uma sinergia sem ter detalhes suficientes. Como isso vai se traduzir em vendas? Não ficou claro.

Para Pedro Serra, chefe de pesquisa da Ativa Investimentos, será um ganha-ganha para as duas empresas:

— Para o Soma, há maior chance de a Hering elevar ganhos. A Arezzo pode impulsionar sua atuação no exterior.

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