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Por — Rio de Janeiro

Quando o copo térmico Stanley — com modelos que custam mais de R$ 200 — chegou ao Brasil, em 2016, logo virou símbolo de status. Muito comum nas mesas de agentes do mercado financeiro, logo virou acessório típico dos “farialimers”, como são chamados os que circulam na Avenida Faria Lima, coração financeiro de São Paulo.

Mas, desde a pandemia, a marca caiu no gosto popular, passando a ganhar réplicas vendidas na internet e em grandes centros de comércio popular, como o Saara, no Rio, e a Rua 25 de março, em São Paulo.

Quem torcia o nariz mudou de ideia: das periferias aos bairros nobres todo mundo quer um para chamar de seu — e nem sempre importa se é original ou não.

E o fenômeno não é só brasileiro. O item virou sucesso nos EUA, especialmente em cidades gélidas por conservar as bebidas quentes, e em outros países. Por aqui, vem ganhando fãs pela chance de deixar a cervejinha gelada por mais tempo. O item parece perfeito para se tornar um fiel escudeiro nos blocos deste carnaval. De olho nessa oportunidade, a marca investe no patrocínio de blocos e em ações de marketing na folia.

Nos últimos quatro anos, a marca que é centenária e se reinventou no século XXI, conseguiu multiplicar por dez seu faturamento no mundo, chegando à marca de US$ 750 milhões (R$ 3,7 bilhões) em 2023. Para especialistas em varejo, o segredo está no boca-a-boca, além da inovação em relação a similares, na comercialização de acessórios que aumentam o tíquete médio e no forte investimento em marketing.

O bancário Luan Franch, de 32 anos, conta que resolveu adquirir seu primeiro copo de cerveja Stanley depois de pegar emprestado o de sua sogra. Gostou tanto que resolveu comprar outros produtos da marca.

—A qualidade me surpreendeu — lembra.

Copo térmico da Stanley caiu no gosto popular — Foto: Divulgação
Copo térmico da Stanley caiu no gosto popular — Foto: Divulgação

Nas redes sociais, não faltam conteúdos espontâneos mostrando diferentes usos do copo, de conservar o café quente até degustar sorvete, assim como vídeos com testes inusitados para provar a manutenção da temperatura das bebidas por longo período.

As parcerias pagas com influenciadores digitais e famosos têm favorecido o sucesso. A criadora de conteúdo Clara Novais, de 32 anos, faz posts patrocinados pela Stanley em seu Instagram desde 2023. Moradora de São Paulo, este ano ela já esteve presente nos bloquinhos do pré-carnaval carioca e acaba de desembarcar em Olinda, no Recife, levando a coleção de copos e garrafas térmicas da marca.

Beatriz Guarezi, estrategista de marca e criadora do Bitstobrands, diz que “se não fosse o TikTok” os copos não seriam essa febre.

— Sem as pessoas mostrando suas garrafas enquanto vão à academia ou adolescentes exibindo os copos que ganharam de presente, o sucesso não seria tão grande — diz. — Os acessórios compartilhados nas redes sociais, como as alças e as tampinhas de canudo, alimentam o hype da marca. O desafio é fazer durar e não virar só uma moda passageira.

Identidade pelo consumo

O maior interesse pelo produto, em diferentes grupos sociais, reflete uma tendência de consumo que ajuda os cidadãos a “contarem para o mundo quem são”, afirma o especialista em marketing Marcos Hiller. Para ele, assim como aconteceu com a marca de vestuário Lacoste no passado, a Stanley descobriu uma forma de ampliar e rejuvenescer seu público-alvo para lucrar mais.

Recentemente, uma polêmica ganhou as redes a partir de uma trend de teste caseiro nos EUA em que usuários diziam ter detectado chumbo no copo. A fabricante informou que o metal é usado para vedar a base do copo, mas está protegido por revestimento de aço inoxidável que impede contato direto com o consumidor, ou seja, sem qualquer risco de dano à saúde. A empresa salientou que atende a todas as exigências regulatórias dos EUA e da Europa.

Criada no século XIX, a marca criou o copo térmico em 1913. Mais de um século depois, em 2020, resolveu contratar Terence Reilly como seu presidente global. No currículo, o executivo tinha a proeza de ter ajudado a Crocs se reposicionar no segmento de calçados.

Criado para oferecer conforto e durar bastante, o Crocs chegou a ser eleito em 2010 uma das 50 piores invenções da história pela revista Time. Seu design rendeu memes e reprovações de fashionistas. No entanto, em 2013, com a chegada de Reilly, tudo começou a mudar.

As sandálias começaram a ser vista nos pés de celebridades, como Justin Bieber e Paris Hilton. Além disso, a abertura de lojas próprias, o lançamento de novos modelos e a criação de acessórios para customizar Crocs ajudaram a transformá-las em um must-have dos guarda-roupas dos jovens.

Jose Mauro Nunes, professor de Comportamento de Consumo na FGV Ebape, observa que a fórmula foi repetida na Stanley. A marca lançou várias coleções: linhas de garrafa de hidratação, copos para bebidas alcoólicas, canecas para café, copos para mate e até garrafas infantis. Cada um desses itens passou a ser vendido em diferentes cores e degradês.

— Quando a Stanley chegou ao Brasil, foi montando quiosques, marcando presença em pontos físicos e não só na internet, apresentando uma linha inteira de produtos — diz Nunes. — É um mercado com uma enorme possibilidade para eles. Temos uma costa enorme, com milhões de pessoas consumindo cerveja.

Atualmente, a operação na América Latina é a segunda maior da organização, à frente da Ásia e Europa, segundo a Stanley. A marca, que possui mais de 30 lojas em 20 cidades brasileiras e apenas quatro na Argentina e uma no Chile, reconhece o potencial do Brasil para seu copo:

“O primeiro copo de cerveja foi lançado em 2014 nos EUA e depois, em 2016, no Brasil. O produto foi apresentado como uma solução para o consumo da bebida no Brasil, já que é o terceiro país que mais consome cerveja no mundo e que o calor pode comprometer sua temperatura. Por isso, logo caiu no gosto dos brasileiros e teve explosão de vendas”, declarou a empresa em nota enviada ao GLOBO.

Nos blocos e na Sapucaí

Para não sair da cabeça dos brasileiros, a marca está realizando ações de marketing pelas festas de carnaval do país. E os copos já têm sido vistos nas mãos de foliões e músicos nos blocos e trios elétricos.

Além das ativações em blocos de rua do Rio, estará também na Marquês de Sapucaí, nos camarotes Quem O GLOBO, Arpoador Itaú, N1, Nosso Camarote e Camisa 10. Em Salvador, aparece no The Club, Villa, Expresso 2222 e Bloco do Alok. A Stanley ainda fechou parceria com a cerveja Petra para ações no Camarote Salvador. Em meio a fantasias e abadás, é possível ver diversos foliões com o copo preso por uma alça de tecido que atravessa o corpo.

O alto valor do apetrecho, que chega a custar mais que alguns modelos populares de tênis, preocupa o psicólogo Lênin Golçalves, de 25 anos. Com medo de ser roubado no carnaval carioca, conta que escolheu uma cor discreta para não chamar atenção e não correr o risco de perder o cobiçado copo:

— Acabei de comprar um Stanley para o carnaval e para festivais de música que costumo ir, como Rock The Mountain. Preferi o preto ao laranja para evitar chamar a atenção de ladrões.

Já o engenheiro Kaua Rodrigues, de 29 anos, teme perder o copo em meio à multidão. Por isso, optou por um similar no camelô, pagando R$ 19,90, um décimo do preço do original:

— Comprei para evitar jogar bebida fora porque esquentou. Espero que funcione da mesma forma.

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