A Petrobras informou nesta sexta-feira que vai iniciar a fase de avaliação para comprar de volta uma participação na Refinaria de Mataripe, na Bahia, que pertence ao Mubadala Capital, veículo de investimentos do fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos, desde 2021, quando pagou US$1,8 bilhão pela unidade.
Essa etapa consiste na chamada due diligence (com acesso aos dados financeiros e técnicos da refinaria) e vai envolver ainda a compra de uma participação por parte da estatal em uma biorrefinaria que está sendo desenvolvida pelos Árabes, batizada de Macaúba. O Mubadala quer, a partir de 2026, produzir diesel usando como matéria-prima o fruto da macaúba, uma palmeira nativa do Brasil.
Segundo a Petrobras, haverá uma discussão sobre o modelo de negócio adequado para cada uma das companhias. "Também serão discutidos o escopo dos potenciais investimentos futuros e desenvolvimento de novas tecnologias em conjunto com o Mubadala Capital", disse a Petrobras.
Segundo fontes, a Petrobras deve ter entre 70% e 80% das ações da refinaria de Mataripe. O percentual exato da estatal na refinaria vai depender das conversas envolvendo o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão que regula a concorrência no país e que precisa aprovar a operação. Mataripe foi vendida na gestão de Jair Bolsonaro dentro da antiga política de venda de ativos, programa que foi abandonado com a chegada do PT ao poder.
De acordo com uma das fontes envolvidas diretamente na negociação, o percentual exato vai depender do Cade. Agora, nas negociações com a estatal, será levado em conta o valor de US$ 500 milhões de investimentos feitos pelo Mubadala e a compra de um parque solar para gerar energia sustentável na unidade.
Além disso, também será levado em conta na formação do preço final o total do estoque da unidade no dia do fechamento da operação. A refinaria tem hoje capacidade de processamento de 333 mil barris por dia, quatro terminais de armazenamento e um conjunto de oleodutos de 669 quilômetros de extensão.
A refinaria hoje tem um CNPJ próprio e está sob o comando da Acelen, que pertence ao Mubadala Capital e, segundo fontes, estaria disposta a vender parte das operações desde que a negociação envolva desembolsos em dinheiro da Petrobras.
Na operação envolvendo Macaúba, a Petrobras será minoritária, com algo entre 20% e 30% das ações. Além disso, há negociações para que a Adnoc, petrolífera dos Emirados Árabes Unidos, também entre como sócia na unidade de Macaúba ao lado da Mubadala.