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Por Bloomberg — Chicago e Austin

O negócio de satélites Starlink, da SpaceX, ainda está gastando mais dinheiro do que gera. Segundo fontes, a Starlink, uma das empresas privadas mais valiosas do mundo, gasta - às vezes - centenas de dólares em cada um dos milhões de terminais terrestres, lançando dúvidas sobre as alegações de seu CEO, o bilionário Elon Musk, e dos altos executivos da empresa de que o negócio está em "terreno lucrativo".

A Starlink, que fornece serviços de internet baseados no espaço para mais de 2,6 milhões de clientes, muitas vezes elimina o alto custo de enviar seus satélites ao espaço para que os números que não tornaram públicos pareçam melhores para os investidores.

As fontes descrevem a contabilidade da empresa como "mais uma arte do que uma ciência" e dizem que ela não é realmente lucrativa sustentada por uma base operacional e contínua.

As empresas de capital fechado não precisam divulgar publicamente suas finanças e muitas vezes alteram seus números durante a arrecadação de fundos. Muitos operam durante anos subsistindo de financiamento enquanto gastam dinheiro.

Mas fontes com acesso ao balanço da Starlink dizem que os trimestres lucrativos têm sido menos consistentes do que Musk sugeriu aos investidores quando comemorou ter alcançado o “fluxo de caixa de equilíbrio” em uma postagem no ano passado em sua plataforma de mídia social, X (ex-Twitter).

Quando pressionado sobre os comentários de Musk em uma conferência realizada em Washington no mês passado, o diretor financeiro da SpaceX, Bret Johnsen, disse: “Não sei se quero quantificar esses números, mas agora estamos em um fluxo de caixa positivo e em um território lucrativo para nosso negócio de satélites.”

Tal como a Tesla, fabricante de carros elétrico de Musk, revolucionou a indústria de automóveis global, a SpaceX está fazendo o mesmo no mercado de foguetes e satélites. Reduziu os custos de lançamento de foguetes com seus propulsores reutilizáveis – em grande parte fabricados internamente. E como a Starlink é agora responsável pela maioria dos satélites ativos em todo o mundo, o perfil global da empresa está se destacando.

Em dezembro passado, a Space Exploration Technologies Corp., mais conhecida como SpaceX, foi avaliada perto de US$ 180 bilhões, o que a coloca no mesmo nível de gigantes empresariais como a Verizon Communications e a General Electric. Mas a empresa depende, em parte, da Starlink para pagar as contas.

Como diz a SpaceX, há um limite para quanto dinheiro o lançamento de foguetes pode gerar. Musk conta com o rápido crescimento do negócio de satélites para financiar sua ambição de chegar a Marte. De acordo com alguns investidores, a Starlink é responsável por mais da metade da receita da SpaceX em 2024.

— Existem provavelmente 150 clientes de foguetes neste planeta, mas há oito bilhões de clientes potenciais para Starlink — disse a presidente da SpaceX, Gwynne Shotwell, em uma entrevista com Susie Scher, sócia do Goldman Sachs, publicada no mês passado no site do banco.

A SpaceX não respondeu aos pedidos de comentários.

Algumas restrições

Para alcançar esses clientes, a Starlink está construindo uma rede maior de satélites poderosos que orbitam a Terra em altitudes relativamente baixas para reduzir a chamada latência, o tempo que os dados levam para viajar dos satélites aos terminais.

No momento, a Starlink tem 5.600 satélites ativos implantados, mas planeja adicionar dezenas de milhares a mais para reduzir os tempos de transmissão e aumentar suas capacidades de internet em todo o mundo. Uma vez totalmente implantada, a rede pretende rivalizar com os provedores de telecomunicações que usam satélites maiores e de órbita mais alta.

Ao contrário dos provedores de serviços de celular, a Starlink não consegue identificar estrategicamente áreas que precisam de maior capacidade adicionando torres estáticas. É preciso continuar adicionando mais satélites ao seu sistema, disse o pesquisador espacial Caleb Henry, da empresa de consultoria Quilty Space, anteriormente conhecida como Quilty Analytics.

— É como tentar elevar o nível do mar. Está espalhado por toda parte, e a única maneira de aumentar a quantidade é espalhando por toda parte — disse Henry.

— Muitas pessoas acessando um satélite ao mesmo tempo podem sobrecarregar o sistema e causar interrupções para quem está em terra. O aumento de usuários em locais urbanos e suburbanos tem prejudicado o desempenho — disse Mark Giles, analista-chefe da Ookla, que rastreia as velocidades do Starlink e analisa o desempenho da internet.

As velocidades do Starlink começaram a diminuir em 2022, coincidindo com um aumento no número de usuários, descobriu Ookla. As velocidades voltaram a subir, especialmente em regiões menos povoadas, à medida que a SpaceX começou a lançar satélites atualizados com o objetivo de aumentar a capacidade.

A empresa diz que espera crescer ainda mais rápido ainda este ano, quando iniciar os lançamentos comerciais do Starship, um foguete maior que o Falcon 9 atualmente em uso. A cara espaçonave ainda está em testes e tem como objetivo permitir que a SpaceX lance satélites maiores.

— A Starlink deve acelerar a implantação de seus satélites por lançamento e focar na confiabilidade de seus satélites existentes e serviço de internet — disse Andrea Lamari, sócia-gerente da Cuatro Capital e sócia geral em transição da Manhattan Venture Partners, uma empresa de risco que investiu na SpaceX através de vários fundos sob sua gestão.

— A Starlink sempre foi capaz de expandir a cobertura de forma proeminente onde as opções tradicionais de internet são limitadas ou inexistentes. Eles também devem continuar a aumentar a capacidade de largura de banda e reduzir a latência sempre que possível — acrescentou Andrea.

Em busca de contratos lucrativos

As questões de capacidade podem ser uma das razões pelas quais a Starlink está lutando para conquistar alguns contratos corporativos mais lucrativos. Todas as principais companhias aéreas – Delta, Southwest Airlines, American e United – rejeitaram o serviço liderado por Musk em favor de provedores de wi-fi já estabelecidos, como a Viasat.

Analistas dizem que a SpaceX não oferece os contratos de longo prazo e a exclusividade que os clientes corporativos muitas vezes desejam e que tem um custo proibitivo substituir o wi-fi existente por um serviço que ainda não se destaca dos concorrentes.

A Viasat, por exemplo, tem uma equipe de vendas que chega a centenas, em comparação com as dezenas que a Starlink possui, dizem pessoas familiarizadas com o negócio. A Viasat não quis comentar.

— Continuaremos a olhar para tecnologias emergentes como Starlink. Mas agora nosso foco é fazer com que o Wi-Fi que temos tenha o nível certo de desempenho — disse o CEO da Southwest, Bob Jordan, durante uma entrevista à Bloomberg no ano passado.

Para a Delta, a lembrança de uma demonstração fracassada em 2022 ainda não desapareceu, de acordo com pessoas familiarizadas com os esforços da Starlink para conquistar a companhia aérea.

Os executivos da Delta estavam ansiosos para testar a internet Starlink, mas como seu jato voava mais de 30.000 pés sobre Chicago, o avião não estava se conectando ao serviço. Como solução rápida, a SpaceX desligou a internet para alguns clientes pagantes na cidade. A mudança fez com que o wi-fi funcionasse na cabine do avião, mas não foi suficiente para ganhar um contrato com a Delta, segundo fontes.

Delta, American e United não quiseram comentar.

A Starlink teve mais sucesso ao conseguir clientes corporativos em áreas rurais e marítimas, onde os problemas de capacidade não sobrecarregam o sistema. Eles contrataram clientes como Carnival Cruise Lines, Deere & Co. e o remetente Anglo-Eastern Ship Management Ltd.

Na Anglo-Eastern, o diretor de informações Torbjorn Dimblad disse que o acesso ao Starlink se tornou uma necessidade e reduziu drasticamente os custos:

—É como se de repente houvesse água corrente.

A Anglo-Eastern, que já oferece o serviço em cerca de 300 dos 650 navios que administra totalmente, gasta cerca de US$ 2.700 por navio em hardware Starlink e US$ 1.000 por mês em serviços de internet. Isso se compara aos US$ 20 mil em equipamentos e US$ 2 mil por mês em taxas de assinatura que a empresa paga por navio por velocidades de download mais lentas de provedores de satélite tradicionais, como Eutelsat e Inmarsat Global, da Viasat.

É certo que a rentabilidade está aumentando à medida que a Starlink reduz o dinheiro que gasta na fabricação de satélites e terminais terrestres. Uma fonte contou que a geração de caixa da Starlink melhorou no final de 2023 e que agora é mais consistentemente lucrativa.

A SpaceX, por sua vez, atingiu ou superou as projeções de receita nos últimos três anos. A empresa prevê que as vendas cresçam para US$ 15 bilhões este ano, ante US$ 4,7 bilhões há um ano, segundo as fontes.

Para acompanhar esse crescimento, os investidores dizem que esperam que a SpaceX tenha que arrecadar mais dinheiro ou obter uma injeção de dinheiro do próprio Musk.

A SpaceX avaliou uma cisão da Starlink e um potencial IPO, o que permitiria à entidade autônoma levantar dívida ou capital separadamente da empresa-mãe, informou a Bloomberg News. A empresa já separou os dados do Starlink, armazenando-os em servidores. E, no momento, a empresa diz que não tem pressa em fazer o IPO.

— Seria mais para os próximos anos — disse Johnsen, o CFO, no mês passado.

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