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Por The New York Times

A cerca de 96 quilômetros de Copenhague, Kalundborg é uma pacata cidade dinamarquesa com menos de 17 mil habitantes. Mas a calmaria deve mudar em breve, já que o local se beneficia da corrida americana por medicamentos para perda de peso.

Em uma gigantesca fábrica, a farmacêutica Novo Nordisk concentra quase toda a produção de semaglutida, princípio ativo nos tratamentos para diabetes do Ozempic. A empresa está em Kalundborg há meio século, mas nos últimos dois anos anunciou que investiria 60 bilhões de coroas (cerca de R$ 45 bilhões) na expansão das instalações – o maior investimento industrial feito por uma empresa no país.

O aporte faz parte da transformação global da Novo Nordisk para aumentar a produção de seus medicamentos mais vendidos, mas talvez nenhum lugar sinta o impacto como a comunidade costeira.

A companhia planeja criar 1.250 novos empregos além dos atuais 4.500 funcionários existentes na fábrica de Kalundborg. Uma rodovia está sendo ampliada, investidores estão comprando casas e planejando novas construções e universidades começaram a oferecer cursos de biotecnologia para fornecer trabalhadores para a Novo Nordisk e empresas próximas.

Depois de trabalhar em um armazém da farmacêutica, há quatro anos o empresário Shaun Gamble abriu um café. O negócio é instável: mais movimentado no verão, quando os turistas se dirigem para as casas de campo próximas, mas com prejuízo durante grande parte do resto do ano, quando está chuvoso e com muitos ventos.

Mas Gamble se mantém otimista. Isso porque, impulsionado pelo boom da Novo Nordisk, a cidade planeja abrir uma biblioteca e um centro cultural ao lado do café, o que deve trazer mais clientes para o espaço.

"Em cinco anos, será uma cidade totalmente diferente", disse ele. "Nisso estou apostando."

Crescimento de 1,9%

Enquanto toda a receita é obtida no exterior, mais da metade apenas nos Estados Unidos, a Novo Nordisk já está remodelando a economia da Dinamarca. A economia do país cresceu 1,9% no ano passado, entre as mais rápidas da Europa, e tudo graças à indústria farmacêutica, liderada pela fabricante do Ozempic. Sem ela, a economia teria estagnado.

Receio de repetir a Nokia

E há outros benefícios mais tangíveis para os dinamarqueses. A companhia é a maior pagadora de impostos entre as empresas do país. No ano passado, cerca de 15% da arrecadação de impostos corporativos vieram da marca, mais do que outras grandes empresas dinamarquesas como a cervejaria Carlsberg, a empresa de brinquedos Lego e a empresa de transporte marítimo Maersk.

Alguns analistas se perguntam se essa bênção poderia se tornar uma maldição, lembrando a longa recessão da Finlândia quando a Nokia perdeu sua dominância em telefones celulares com a chegada do iPhone e dos smartphones Android.

Stephanie Lose, ministra da economia, não está muito preocupada que a Dinamarca sofra um destino semelhante.

"O setor farmacêutico não está tão entrelaçado com a economia dinamarquesa", disse ela. Os funcionários da Novo Nordisk representam apenas 1% da força de trabalho dinamarquesa — embora tenham sido responsáveis por 20% dos empregos gerados no ano passado.

Alguns dos impostos pagos pela Novo Nordisk retornam às comunidades onde a empresa opera. Gladsaxe, o município na periferia de Copenhague – que inclui Bagsværd, onde fica a sede da farmacêutica –, está investindo em creches e novas instalações esportivas, e construindo um sistema de trânsito leve sobre trilhos com outras regiões fora da capital.

"Nossa margem econômica é geralmente maior graças à Novo Nordisk e às muitas outras empresas que temos", disse a prefeita Trine Graese.

Trânsito e aulas de biotecnologia

Kalundborg conhece os benefícios e riscos de atrelar as fortunas da cidade a uma única empresa. Um estaleiro dominou brevemente a economia da cidade no início do século passado, mas acabou devastado durante a Grande Depressão.

Na década de 1960, o município prosperou como local de fabricação para os Curlers Carmen, pioneiros na produção de modeladores elétricos de cabelo, sensação nos Estados Unidos. Mais tarde, a empresa foi vendida para a americana Clairol, as modas mudaram, milhares foram demitidos e a fábrica fechou em 1990.

"A terceira vez é a da sorte", disse o prefeito Martin Damm.

As oportunidades educacionais já estão passando por uma mudança transformadora. Durante anos, os formandos do ensino médio deixavam a cidade para continuar sua educação, e a Novo Nordisk lutava para reter cientistas e outros funcionários com treinamento avançado.

Agora, três universidades oferecem cursos em biotecnologia e assuntos relacionados na cidade, com mais instituições chegando em breve. A Fundação Novo Nordisk também financia o Laboratório Helix, onde estudantes de pós-graduação completam suas teses de mestrado trabalhando com empresas locais, incluindo a Novo Nordisk.

Espera-se que o investimento da empresa atraia mais pessoas para a região. Terrenos que antes estavam ociosos e com dificuldade de serem repassados foram recentemente vendidos. E há conversas sobre a abertura de uma escola internacional para ensinar crianças em inglês, a fim de acomodar a força de trabalho cada vez mais internacional da fabricante de medicamentos.

Por enquanto, os compradores de imóveis pela primeira vez precisam competir com investidores de Copenhague ou de outros locais que procuram alugar espaços para trabalhadores temporários da construção civil, disse Jesper Olsen, um corretor de imóveis local. Ainda assim, as mudanças tiveram um impacto limitado para alguns.

Aos 22 anos, a polonesa Justyna Anna Kowalczyk estuda engenharia na University College Absalon. Ela trabalha meio período do outro lado da rua na Novo Nordisk, e espera transformá-lo em um emprego em tempo integral após a graduação.

"Gosto de cidades pequenas", disse ela, porque é de uma. Mas é a conexão entre a universidade e a Novo Nordisk que importa: "Isso é o que me trouxe aqui".

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