O setor de telecomunicações se prepara para uma nova fase com a chegada da inteligência artificial e dos aparelhos capazes de rodar na rede 5,5G, o que vai conferir maior velocidade em relação ao atual 5G, ainda em implantação. As perspectivas, avaliam Alberto Griselli, CEO da TIM Brasil, podem tornar o segmento de telecom ainda “mais central” na vida dos consumidores ao permitir mais funções na palma da mão. Mas as mudanças não param por aí.
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O executivo não esconde que haverá uma nova consolidação, agora na área de banda larga, segmento que conta com mais de oito mil empresas. “A consolidação é um processo inevitável. Vai acontecer e ponto”, afirmou.
Qual é a estratégia da TIM para o avanço do 5G?
Um cliente 5G consome o dobro de quem é 4G. O cliente nem pode saber que é 5G, mas o que ele repara é que o serviço funciona melhor. Estamos usando a nova rede para os grandes eventos. Um exemplo foi o carnaval. Na Sapucaí, o fluxo de dados da nova rede já ultrapassou os 50%. No Rock in Rio, o tráfego do 5G pode passar a performance do carnaval.
A empresa fez um teste recente com a nova rede 5,5G. Quando pretende lançar?
O 5G Advanced depende bastante do celular, que precisa estar disponível a um preço acessível. Em países como na China, por exemplo, já existem soluções rodando. Aqui no Brasil, a onda agora é a popularização dos aparelhos 5G. No varejo já atingimos 50% das vendas de smartphones com 5G. O 5G já atingiu a gama de R$ 1 mil. Ainda há um caminho a ser feito com o 5G.
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A chegada da inteligência artificial generativa nos aparelhos deve aumentar os preços. Isso é um desafio?
Não vejo a inteligência artificial como desafio. O setor de telefonia vai se tornar ainda mais central em nossas vidas com a inteligência artificial. Já usamos o celular para fazer um monte de coisas. E quanto mais utilidade tiver, mais valor existe.
O ciclo de troca do celular é um elemento importante. E cada vez que há evolução tecnológica, ele pode trocar de operadora. É um momento positivo tanto para o consumidor quanto para o modelo competitivo.
O consumidor quer mais velocidade?
O consumidor está querendo qualidade de serviço. Temos 62 milhões de clientes. Todo mundo quer é algo que funcione. Os clientes valorizaram três vezes mais a confiabilidade do serviço do que a velocidade. Isso ocorre porque a velocidade é importante só quando você percebe o efeito da diferença. Mas confiabilidade significa funcionar a maior parte do tempo. Já passamos dos 200 municípios com 5G no fim de 2023.
O que planeja em termos de mudança nos planos de telefonia?
O que hoje não esta incluído é o serviço de educação e saúde (como ensino a distância e teleconsulta). A ideia é poder escolher o benefício com a vantagem de precificação. Vamos expandir esse conceito.
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Qual é a perspectiva de investimento?
Grande parte do investimento de R$ 4,5 bilhões por ano é relacionado ao 5G. Mas tem outras coisas que são importantes, como a qualidade do serviço de rede, que tem a ver com a digitalização e o modelo operacional de atendimento ao cliente.
A empresa tem um fundo 5G para acelerar startups. Quais as previsões?
O fundo tem a ambição de chegar a US$ 250 milhões. E desse valor, a TIM contribui com US$ 50 milhões. Queremos colocar novos sócios no fundo. Vamos olhar investimento em empresas de agronegócio, logística e publicidade.
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Há mais de 8 mil players no mercado de banda larga. Hoje, há espaço para consolidação?
A consolidação deve acontecer. Não tem outro lugar no mundo com um número tão grande de players de banda larga. A consolidação é um processo inevitável. Vai acontecer e ponto. Algumas empresas inclusive, provavelmente, vão sair do mercado no meio desse caminho. Algumas estão inclusive em recuperação judicial. Esse é um mercado com capital intensivo. É necessário consolidação.
Do ponto de vista regional, há uma dinâmica competitiva muito acirrada. A gente vê, sim, uma possibilidade para a TIM crescer em receita nesse mercado de R$ 40 bilhões. Nós temos R$ 800 milhões desse mercado. Como TIM, podemos almejar muito mais que isso. Só que não adianta crescer receita se o negócio não é rentável. E ao nosso ver, dada a dinâmica competitiva, é um negócio que se a gente crescer muito não vai se tornar rentável.
Não acreditamos que a convergência seja um diferencial competitivo no Brasil, pois mais de 60% do mercado está na mão de empresas não convergentes. A gente tenta sempre olhando algo que possa ser muito atrativo para nós, mas até hoje não encontramos.
E a Oi está em recuperação judicial pela segunda vez. A TIM tem interesse na carteira de clientes de banda larga da operadora carioca?
É um processo que está sempre em discussão. A gente está olhando todas as oportunidades. E o deal da banda larga da Oi é mais complexo devido ao processo de recuperação judicial. A Oi está apoiada na rede da V.tal e há termos (contratuais) entre as duas empresas. O que posso dizer é que a gente olha tudo.
A TIM está conversando com Claro e Vivo para dividir os clientes de banda larga da Oi?
Não.
Como o senhor analisa os movimentos de venda no Brasil da TIM por acionistas da Telecom Italia?
Sempre tem essa de a “TIM estar a venda”. Mas a verdade é que nós fomos para a consolidação do mercado, comprando um pedaço da Oi. A TIM é uma empresa hoje central na estratégia da Telecom Italia porque representa parcela importante da Telecom Italia (de 50%). A nossa estratégia de crescer a empresa de forma sustentável é valida para qualquer cenário.