Para enfrentar a concorrência dos carros elétricos chineses, que derrubaram preços para atrair os consumidores brasileiros, a Stellantis, dona das marcas Fiat, Peugeot, Citröen, planeja lançar no mercado um modelo de entrada híbrido com preço compatível com os veículos asiáticos.
A informação foi revelada por Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis América do Sul, durante entrevista em que detalhou os planos da companhia para a região. A Stellantis anunciou em março um investimento de R$ 30 bilhões no país, no período entre 2025 e 2030.
— A ideia é ter um modelo de entrada híbrido flex que seja acessível (em termos de preço) para cncorrer com os chineses — disse o executivo, sem dar detalhes desse veículo de entrada, que também revelou que a empresa pretende fabricar um carro totalmente elétrico no Brasil até o fim do novo ciclo de investimentos.
— É possível contemplarmos o lançamento de um elétrico puro, mas vai depender da tendência do mercado, quanto esses carros podem ser absorvidos pelo mercado brasileiro. Ainda temos uma infraestrutura complexa e um custo alto. Vamos calibrando as plataformas e esperar para ver se vendemos no volume que a gente imagina — afirmou Cappellano.
O executivo defendeu o carro híbrido flex como uma alternativa ao elétrico puro e disse que a equipe de engenheiros da Stellantis (são 4 mil na América do Sul) vem trabalhando para aumentar a eficiência dos carros a etanol. Ele lembrou que o custo de um veículo puramente elétrico é US$ 10 mil (R$ 52 mil) a mais do que um carro a combustão no Brasil.
— Estamos trabalhando para aumentar a eficiência dos carros a etanol. Hoje, uma solução viável é a hibridização, que compensa a falta de potência do motor a etanol. E já existe uma geração de carros com motores a etanol mais potentes — disse.
Dos R$ 30 bilhões em investimentos, considerado o maior patamar histórico já feito por uma montadora no país, R$ 13 bilhões vão para a fábrica da montadora em Goiana, Pernambuco, reconhecida por desenvolver novas tecnologias, inclusive a hibridização e e eletrificação pura, e de onde devem sair os primeiros carros da empresa híbridos e elétricos.
Atualmente, a fábrica de Goiana é responsável pela produção dos SUVs da Jeep — Renegade, Compass e Commander — e das picapes Fiat Toro e Ram Rampage. Este ano, a montadora já lançou no Brasil o Fiat Titano, Jeep Compass e Jeep Commander, e anunciou o lançamento do Citroën Basalt. Até o final do ano, vão acontecer mais seis lançamentos, incluindo o novo Peugeot 2008 (que começou a ser produzido na Argentina), totalizando dez produtos em 2024.
Com os R$ 13 bilhões, a ideia é ter plataformas flexíveis (byo-hybrids) que possam fabricar tanto veículos a combustão, híbridos e elétricos. Essa tecnologia estará disponível também nas fábricas de Porto Real (Rio) e Betim (Minas), que poderão produzir carros com três tipos de hibridização: híbrido-leve (MHEV), híbrido convencional (HEV) e híbrido plug-in (PHEV).
Em Porto Real, a ideia é ter um portfolio mais completo da marca Citröen, produzindo para todo o país, além de exportar para a América do Sul. Atualmente, o polo produz Citroën C3, C4 Cactus e Peugeot 2008, e o C3 AirCross começará a ser feito em breve.
A montadora pretende dividir os R$ 17 bilhões restantes dos recursos entre as outras unidades. Na América do Sul, a Stellantis tem outras duas unidades na Argentina, que receberão investimentos de R$ 2 bilhões.
Ampliar cadeia de fornecedores
O objetivo da Stellantis também é ampliar a cadeia de fornecedores em Pernambuco, dos atuais 38 para pelo menos 100, desenvolvendo componentes e soluções para esse novos veículos. O Software Center da montadora, no Porto Digital de Recife, desenvolve os softwares automotivos, enquanto os laboratórios do polo desenvolvem a eletrônica embarcada nos carros.
A montadora está lançando um plano estratégico para América Do Sul, que busca consolidar a liderança na região, expandindo os negócios e caminhando para a descarbonização.
— O Plano para a América do Sul se chama Next Level (Próximo Nível na tradução para o português) e está baseado em seis pilares, como aceleração do negócio, experiência do cliente, excelência operacional, descarbonização, pessoas (com atração de profissionais qualificados) e finanças, garantindo a sustenbilidade do negócio — explicou