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Por Bloomberg

Gigante do setor automobilístico, a Stellantis passou a recrutar a maior parte de sua força de trabalho de engenharia em países como Brasil, Índia e Marrocos em meio à concorrência mais acirrada nos países desenvolvidos.

A montadora ítalo-americana, detentora de marcas como Jeep, Peugeot e Fiat, colocou como foco contratar engenheiros em mercados onde o custo anual por funcionário não passe de cerca de € 50 mil (equivalente a US$ 53.000 ou R$ 274.073), segundo fontes.

O custo da mão de obra qualificada em centros como Paris e Detroit pode chegar a cinco vezes esse valor.

As montadoras estão sentindo a pressão da desaceleração da demanda por carros elétricos, os EVs, e enfrentam dificuldades de fabricar veículos mais acessíveis. Empresas como Tesla e Volkswagen estão cortando empregos e transferindo parte da produção para locais de custo menor.

Embora a pressão seja maior entre as marcas de mais amplo alcance, fabricantes de automóveis premium, como a BMW, também estão contratando em países como a Índia e em outros lugares para aproveitar os talentos locais.

A Stellantis é atualmente uma das mais agressivas e pretende ter cerca de dois terços dos engenheiros em países de custos mais baixos a longo prazo, disseram as fontes.

O que está por trás dos cortes da Stellantis são os veículos, incluindo o Citroen ë-C3 elétrico de € 23.300 (US$ 24.892 ou R$ 128.718), que deve começar a ser entregue no segundo trimestre. Fabricar veículos acessíveis significa que a empresa deve buscar mais economia. O CEO da empresa, Carlos Tavares alertou em janeiro que a empresa não pode "desconsiderar a realidade de sua situação de custos". No total, a Stellantis está lançando 25 novos modelos este ano.

Ponto de carga elétrica Evbox em um showroom operado pela Stellantis em Paris. — Foto: Nathan Laine/Bloomberg
Ponto de carga elétrica Evbox em um showroom operado pela Stellantis em Paris. — Foto: Nathan Laine/Bloomberg

Após a divulgação de resultados do primeiro trimestre esta semana, as ações da Stellantis chegaram a cair mais de 10% em Nova York e Milão, depois que a diretora financeira Natalie Knight disse que os retornos na Europa são afetados pela diminuição da demanda.

— Sempre há mais potencial quando se trata de disciplina de custos. Vamos continuar a otimizar nossos custos trabalhistas — disse Natalie.

A remuneração anual dos engenheiros nos Estados Unidos ou na França tende a ficar na faixa de US$ 150.000 a US$ 200.000 (de R$ 775.680 a R$ 1,034 milhão), incluindo benefícios, disseram várias fontes. Os engenheiros de países como México, Brasil ou Índia podem custar apenas 20% ou 30% desse valor, acrescentaram.

Cortes nos EUA, contratações no México

Além de buscar economia, a Stellantis está procurando adicionar expertise em áreas como software, inteligência artificial e produtos químicos de células de bateria, disse um porta-voz, acrescentando que o setor é um campo de jogo global em "profunda transformação com o surgimento de novos participantes chineses".

Em sua sede nos Estados Unidos, em Auburn Hills, no estado de Michigan, a Stellantis cortou no mês passado cerca de 400 empregos assalariados de engenharia, incluindo pessoas que trabalham com calibração de veículos, eletrônica e controles. Enquanto isso, a empresa está procurando contratar engenheiros eletrônicos para trabalhar no México.

No Brasil, 500 novas vagas

A Stellantis também planeja contratar cerca de 500 engenheiros para somar aos quase 4 mil que já tem no Brasil, disse o diretor de operações da América do Sul, Emanuele Cappellano, em uma entrevista. Os engenheiros, muitos dos quais estão baseados na cidade mineira de Betim, concentram-se em projetos globais, acrescentou Cappellano.

Em alguns casos, a pressão causou problemas durante o desenvolvimento, por exemplo, no sistema de direção da plataforma "Smart Car" originalmente desenvolvida pela Tata Consulting Services, da Índia, de acordo com as fontes, que acrescentaram que dezenas de engenheiros franceses e italianos tiveram que ser enviados de avião para trabalhar nas correções.

A falta de recursos de engenharia também está criando problemas de lançamento da produção na fábrica de caminhões da empresa em Sterling Heights, Michigan, de acordo com Mike Spencer, presidente do sindicato United Auto Workers Local 1700. Mais cortes estão planejados para os próximos meses.

Renault troca França por Romênia, Brasil e Coreia do Sul

A Stellantis é acompanhada por concorrentes como a Renault na busca de talentos em engenharia e software nos mercados emergentes. Sua arquirrival eliminou cerca de 1.500 cargos de engenharia na França nos últimos anos e vem construindo centros na Romênia, no Brasil e na Coreia do Sul.

O CEO da Renault, Luca de Meo, elogiou o "alto nível de competência" da Índia em áreas como engenharia de nuvem, inteligência artificial e direção autônoma durante um recente evento para a imprensa.

As medidas estão alimentando as tensões políticas. A Stellantis está sob crescente pressão na Itália, onde o governo tenta convencer a empresa a recuar nos seus planos de eliminar milhares de empregos. Enquanto isso, seus funcionários na Itália e na França reclamaram que as medidas de corte de custos de Tavares levaram a um aumento da carga de trabalho, condições insalubres em certas fábricas, falta de equipamentos de trabalho e aquecimento insuficiente.

Vários consultores criticaram o fato de CarlosTavares ter recebido um pacote de remuneração de € 36,5 milhões — o mais alto entre os CEOs de montadoras tradicionais — enquanto pregava a austeridade dentro da empresa e tocava planos de eliminar milhares de empregos.

A empresa de consultoria Glass Lewis alertou sobre o possível "risco à reputação" da empresa devido à diferença entre a remuneração da alta administração e a pressão sobre o restante da equipe.

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