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Por — São Paulo

A Coteminas, indústria têxtil da família do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, informou nesta quarta-feira que a Justiça aceitou o pedido de recuperação judicial da companhia.

O objetivo é garantir a "preservação das atividades empresariais e de ativos das Companhias e suas controladas”, segundo fato relevante divulgado pela a empresa, que teve como um dos principais fundadores o ex-vice-presidente da República José Alencar, que faleceu em 2011.

O grupo do setor têxtil entrou com o pedido de proteção contra os credores depois de ser notificado do vencimento antecipado de debêntures do fundo de investimento FIP Ordenes, da Farallon Capital. Os papéis de dívidas foram emitidos em maio de 2022 pela Ammo Varejo, uma das empresas do grupo, dona das marcas mmartan e Artex, do varejo de cama, mesa, banho e decoração.

Na decisão, a Justiça determina a suspensão temporária da notificação que apontava para o vencimento antecipado e que incluía a consolidação de ações da Ammo pela Farallon. A decisão considera que as ações são "ativos essenciais" da companhia, ou seja, fundamentais para a continuação das atividades do grupo.

Em comunicado, a Coteminas diz que o vencimento antecipado das dívidas agravaria os negócios que, desde o fim da pandemia, têm sido “negativamente impactados pela combinação de fatores adversos que acarretaram dificuldades financeiras”.

Dívidas somam R$ 2 bi, diz jornal

A decisão da Justiça também suspende as ações e execuções contra as empresas devedoras durante o processo de recuperação judicial. Isso significa que credores não podem tomar medidas legais para cobrar suas dívidas do Grupo. Segundo o jornal Valor Econômico, o processo envolve débitos de R$ 2 bilhões.

No último balanço financeiro tornado público pela empresa, no primeiro trimestre de 2023, a Coteminas informou que tinha uma dívida bruta de R$ 1,06 bilhão, enquanto a receita, no período, foi de R$ 171,3 milhões.

Na lista de credores, constavam os maiores bancos do país, como Bradesco, Banco do Brasil, BTG, Santander e Caixa Econômica Federal.

"Com a concessão do pedido (de recuperação judicial), a Companhia entende que conseguirá a sua restruturação financeira e de todas as empresas do Grupo", acrescenta a Coteminas.

Até o início do ano passado, o grupo contava com 249 lojas no país, sendo 74 próprias e 175 franqueadas. Além de mmartan e Artex, a empresa é dona da Casa Moysés e possui licença perpétua de exploração da marca Santista.

Parceria com a Shein e situação financeira

A situação financeira da Coteminas vinha em estágio delicado há algum tempo. Pedro Henrique Accorsi, analista da Accorsi Investing e Benndorf Research, diz que tem chamado atenção do mercado a queda do lucro da empresa desde 2020, enquanto as dívidas seguiam em "patamares muito altos".

— Junto de tudo isso, a empresa também está perdendo receita, o que é um risco bastante elevado. É um negócio que parece não ter salvação a curto prazo. A situação é bem complexa, que envolve uma dívida bruta maior que o que a empresa fatura — avalia Accorsi.

Em abril, em comunicado ao mercado, a empresa informou que os negócios vinham sendo negativamente impactados por uma combinação de fatores que incluía redução da demanda de produtos para o lar; aumento dos custos dos insumos; e taxas de juros em patamares elevados. A combinação levava o negócio "a dificuldades financeiras e operacionais".

Semanas atrás, a empresa chegou a desativar duas plantas industriais, como parte de um plano para redução de despesas, que envolveu também enxugamento do quadro de funcionários. No ano passado, a companhia informava que tinha firmado acordos com sindicatos para demissão de 34% dos trabalhadores.

Em meio a crise, no ano passado, a Coteminas se tornou a principal parceira nacional da Shein, devido ao interesse da varejista chinesa de produzir localmente a maior parte dos itens vendidos no Brasil. O acordo envolveu dois mil confeccionistas da Coteminas que passaram a ser fornecedores da marca chinesa, que também investiu em treinamento e modernização das confecções.

Por meio do acordo, a Shein anunciou então um investimento de R$ 750 milhões e o plano de nacionalizar 85% das vendas até 2026.

O negócio entre as empresas ocorreu em meio a uma investida do governo federal, apoiado pelo varejo brasileiro, no sentido de taxar as remessas internacionais de plataformas de e-commerce chinesas, incluindo a Shein. Na época, Josué Gomes chegou a intermediar encontros com representantes da Shein com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Procurada, a Shein não retornou os questionamentos da reportagem. A Coteminas afirma que não irá comentar o pedido de recuperação judicial.

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