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Em meio aos rumores de que pretende alterar parte da diretoria da Petrobras, Magda Chambriard, nova presidente da estatal, disse hoje, em sua primeira entrevista coletiva no cargo, que a empresa tem de ser rentável e atender aos interesses dos acionistas, sejam eles privados ou governamentais.

No entanto, frisou o fato de a petroleira ser classificada como uma empresa de "economia mista", ou seja, tem capital aberto em Bolsa, acionistas privados, mas é controlada pela União, como as outras estatais.

A executiva defendeu a expansão da produção de petróleo da Petrobras, confirmou que pode fazer mudanças na diretoria e defendeu distribuição dos ganhos da empresa entre acionistas: "Se tem lucro, tem dividendos".

— Isso (rentabilidade) se busca com conversa. Gerir essa empresa para dar lucro é muito fácil. E vamos fazer isso. Nosso esforço será pela tempestividade e agilidade. Vamos respeitar a lógica empresarial. Dando lucro, sendo tempestiva e atendendo aos interesses tanto dos acionistas públicos e privados, nós vamos fazer. A palavra-chave é conversa. E colocar a empresa à disposição dos acionistas dentro da lógica empresarial.

Perguntada pelo GLOBO sobre quem terá a palavra final na estatal, ela respondeu que a Petrobras é uma empresa de “economia mista”.

— A Petrobras é uma empresa de economia mista. Ela roda com diretoria colegiada e está submetida ao conselho de administração. A lógica empresarial é essa.

Magda indicou que pretende trabalhar pela recuperação da credibilidade da empresa junto ao mercado financeiro, que penalizou as ações da empresa com forte desvalorização após a decisão do presidente Lula de substituir Jean Paul Prates por ela.

— Quando fui indicada, as ações caíram. E pensei é ‘hora de comprar’. Primeiro porque vocês conhecem minha história e conhecem a história da empresa. Somos top 10 em tudo. Qual dúvida se tem sobre essa empresa, de que vai dar lucro?

  • Quem é Magda Chambriard?
  • Magda foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) entre 2012 e 2016, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
  • Antes de ingressar na ANP, foi funcionária de carreira da Petrobras, onde trabalhou por 22 anos.
  • Engenheira, participou do grupo de transição na área de energia do governo Lula, no ano passado, antes da posse.
  • Ela assumiu a companhia na semana passada no lugar de Jean Paul Prates

Margem Equatorial: 'O ministério está louco para perfurar'

Magda Chambriard fez uma forte defesa de ampliação da produção de petróleo pela Petrobras e do aumento da atividade de exploração para ampliar reservas, dado que o declínio da produção a partir de 2030 pode deixar o Brasil mais perto de perder a condição de autossuficiente.

Por isso, ela defendeu a exploração da chamada Margem Equatorial, no litoral norte, sobre a qual pesam questões ambientais. Ela afirmou que vai buscar esclarecer melhor as autoridades ambientais sobre os planos da Petrobras na região.

— Precisamos ter autorização para explorar. Vamos ter que conversar com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e mostrar o que a Petrobras está ofertando em cuidado com o meio ambiente, muito mais do que a lei demanda. O Ministério de Minas e Energia (MME) está louco para perfurar — afirmou Magda. — O histórico da Petrobras é de respeito à sociedade. O Ministério do Meio Ambiente precisa ser mais esclarecido sobre a necessidade de a Petrobras e o país explorar petróleo e gás até para liderar a transição energética.

— O foco é zelar para que os ativos de petróleo da Petrobras persistam crescendo. A sobrevivência da Petrobras tem um componente que é a produção tempestiva, com zelo, máximo aproveitamento e com reposição de reservas. E isso significa que é essencial continuar explorando petróleo na costa brasileira. A Margem Equatorial e a costa do Amapá estão nesse contexto.

Segundo ela, a exploração de petróleo no pré-sal representa 26% da balança comercial do Brasil. Mas, disse, que o pico de produção dessas reservas chega por volta de 2030. Por isso, ela defendeu a expansão das atividades de exploração para que a estatal passe a produzir em novas áreas.

— Temos de tomar cuidado com as reposições da reserva. E está fora de cogitação a importação. É trazer a necessidade de explorar novas fronteiras, como a questão do Amapá, na Margem Equatorial, e Pelotas, no Sul do Brasil. Isso tem que ser enfrentado e acelerado. Isso faz parte de uma lógica negocial da empresa. Avançar em novas fronteiras e incentivar a cadeia nacional estão no nosso escopo. É garantir uma Petrobras com perenidade de atuação.

Lula é o 'árbitro'

Em outro momento da entrevista, a presidente da Petrobras lembrou que a exploração de petróleo na Margem Equatorial tem de ser debatida no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que envolve vários ministérios, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e a Petrobras.

— Quando a gente restringe a discussão a uma instituição única, a gente sai perdendo. Se o MME tem uma posição e o MMA tem outra, o árbitro tem de ser o presidente da República. No fundo temos um fórum para isso, que é o CNPE.

Pedido de Lula

A executiva disse que encontrou muitos desafios na estatal e afirmou ter como missão retribuir "com muito zelo" a confiança do governo em sua indicação:

— Quero agradecer a confiança do governo brasileiro e tenho que retribuir com muito zelo. A Petrobras é uma empresa com trajetória de imensos desafios. O pré-sal foi um deles e foi superado. Hoje, temos mais um. E temos a garantia da segurança energética do país em um momento em que também temos que enfrentar a transição energética.

Magda afirmou que o pedido que recebeu do presidente Lula foi para ela gerir a “empresa com respeito à sociedade brasileira”. Ela ressaltou por diversas vezes que essa foi a "encomenda" do presidente Lula.

— A demanda que eu tive do presidente Lula foi: "eu tenho um carinho pela Petrobras. Esse é o tamanho do desafio que estou te dando. Gostaria que você gerisse essa empresa com respeito à sociedade brasileira" — contou Magda. — Eu não posso ter mensagem mais clara que essa. A sociedade brasileira tem vários componentes.

Magda disse que vai a Petrobras vai “expressar a vontade da sociedade”

—Nosso lema é transparência. E o que vocês nos trouxerem como ansiedade da sociedade, nos vamos tratar.

Indústria naval

Perguntada sobre a retomada das encomendas de navios e plataformas a estaleiros brasileiros, uma demanda do governo, Magda lembrou que há muita capacidade de produção desenvolvida no Brasil e indicou que vai perseguir a nacionalização das encomendas da estatal:

— Minha obrigação é reforçar essas cadeias nacionais.

Magda, no entanto, lembrou que a empresa tem a obrigação de estabelecer igualdade de condições entre fornecedores nacionais e estrangeiros:

— O que é importante é que para uma empresa explorar e produzir petróleo no país ela precisa ser contratada para isso. Quando ela ganha essa licitação, os contratos têm a obrigação de igualdade e condições entre fornecedores nacionais e estrangeiros. Vamos ter que honrar essa igualdade de oportunidades. E só com isso a gente já ajuda a reforçar a cadeia de fornecedores.

Mudança na diretoria

A executiva indicou que cogita alterar a diretoria atual, montada pelo antecessor no cargo, Jean Paul Prates:

— Ainda estou conhecendo os diretores. Uma coisa que é natural quando o gestor entra é identificar sinergias. Isso estou fazendo. Se eu fizer uma troca, não faz desabonar ou abonar ninguém. É um ajuste de perfil.

'Se tem lucro, tem dividendos'

Sobre a distribuição de dividendos da companhia, um dos fatores que desgastaram a relação entre Prates e o governo, Magda afirmou que ainda vai entender as prioridades da empresa e as demandas dos diversos componentes da sociedade para dar uma posição sobre o pagamento do montante extraordinário de remuneração aos acionistas, limitado a 50% pelo conselho.

— Se tem lucro, tem dividendos — disse Magda. — Se existe uma coisa que tenho certeza é que a empresa vai dar muito lucro.

Fertilizantes: 'Ninguém vai rasgar dinheiro'

Sobre a negociação da estatal com a Unigel para a produção de fertilizantes no país, ela disse que o acordo está sendo estudado. Lembrou que se o Tribunal de Contas da União (TCU) tem dúvidas sobre se o acordo é lucrativo, a Petrobras vai dialogar com a instituição, repetindo que o “respeito à sociedade” foi uma das missões que recebeu do presidente Lula.

— Faremos se isso for bom para nós. Ninguém vai rasgar dinheiro. Vamos explicar para os órgãos de controle que fertilizantes é um bom negócio. E isso vai ampliar o gás na matriz brasileira. Temos o produto gás, que tem um espaço para produzir fertilizantes. Vou fazer isso a qualquer preço? Não. Precisa dar lucro.

Energia renovável

Apesar da prioridade na expansão da produção de óleo, Magda afirmou que pretende continuar a investir em fontes alternativas de energia e defendeu que é importante ampliar a produção de petróleo para sustentar esses novos investimentos.

— A Petrobras está fazendo essa diversificação. É isso que vai garantir o futuro.

Sobre a atuação da Petrobras no exterior, Magda disse que a internacionalização “é uma possibilidade”, mas reafirmou que sua prioridade será a atuação da empresa no Brasil.

— Mas a prioridade é absolutamente o território nacional. Faz parte da encomenda, que é o respeito à sociedade brasileira.

Manutenção do 'abrasileiramento' dos preços dos combustíveis

Sobre a política de preços dos combustíveis, Magda disse que vai seguir com o “abrasileiramento” de preços, como ficou conhecida a nova política de reajustes implementada pelo antecessor, Jean Paul Prates.

— Indesejável é trazer para a sociedade uma instabilidade de preços. O presidente Lula prometeu abrasileirar os preços, e isso foi feito. É uma lógica empresarial. Isso não é uma invenção. Essa simples mudança representou, de janeiro de 2023 até hoje, uma redução no diesel de quase 25%. Isso foi feito e vamos continuar fazendo. Essa lógica pretende não apenas vender o produto, mas garantir market share (fatia de mercado). Se eu aumentar o preço, eu vou perder o market share. Esse preço segue a lógica empresarial e que não quer perder mercado. Vamos perseguir essa direção.

A executiva não descartou a recompra pela Petrobras da Refinaria Mataripe, na Bahia, vendida pela estatal no governo de Jair Bolsonaro, desde que seja financeiramente favorável para a empresa.

— Se for um bom negócio, por que não? A pergunta é: é um bom negócio? E nosso técnicos vão ter de responder essa pergunta — disse ela. — O refino foi feito para agregar valor. O refino agrega valor. E, enquanto agregador de valor, nos interessa. E historicamente isso acontece.

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