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Por — Rio de Janeiro

Dono de uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, o Brasil se prepara para novo ciclo de investimentos em fontes renováveis. O movimento ganha impulso com a demanda de companhias que buscam reduzir suas emissões. As energias renováveis, excluindo as hidrelétricas, já representam 39,7% da matriz elétrica do país. E essa participação deve aumentar. Estudo feito pela consultoria A&M Infra prevê aportes de ao menos R$ 40 bilhões por ano em projetos solares, eólicos e hidrogênio verde, além de biocombustíveis.

Especialistas afirmam que os investimentos vêm sendo capitaneados, sobretudo, por energia solar. Com a queda nos preços das placas e os subsídios, empresas e consumidores vêm recorrendo à modalidade, que já é responsável por quase 20% da geração de eletricidade, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

— Cada vez mais os biocombustíveis e a energia renovável estão sendo vetores de crescimento no consumo e da transição energética do nosso mercado nacional — avalia Filipe Bonaldo, sócio-diretor da A&M Infra.

O mercado também mira no desenvolvimento de fontes que ainda dependem de regulamentação. É o caso das eólicas offshore, um dos alvos de investimento de empresas como Petrobras, Equinor e Shell. Especialistas destacam ainda o potencial do hidrogênio verde, que, segundo estudo da consultoria Mirow & Co, pode atrair investimento de US$ 40 bilhões, com os primeiros empreendimentos começando a funcionar já em 2027 e capaz de gerar 800 mil empregos.

US$ 7 bilhões da Petrobras

A Petrobras pretende investir US$ 7 bilhões entre 2024 e 2028 em projetos de baixa emissão. A lista vai desde biocombustíveis com biorrefino até a eólica offshore, solar e hidrogênio verde. A Eletrobras tem buscado desenvolver parcerias em projetos de hidrogênio verde com empresas como a Paul Wurth, de Luxemburgo, e com o governo do Maranhão. No fim de 2023, iniciou a produção na unidade de hidrogênio renovável entre Minas Gerais e Goiás.

— Já somos os líderes na geração de energia renovável e vamos garantir o cumprimento da meta de emissões zero até 2030 — disse Ivan Monteiro, presidente da Eletrobras.

A companhia está investindo R$ 2 bilhões em eólicas na Bahia e no Rio Grande do Sul.

Para especialistas, além da agenda ambiental, o avanço desses projetos é reflexo da ampliação do mercado livre, no qual grandes empresas podem escolher sua fonte de energia. A Engie prevê investimentos de R$ 13,7 bilhões entre 2024 e 2026. Mauricio Bähr, CEO da companhia, cita investimentos eólicos e solares nos estados do Rio Grande do Norte e Bahia, com parte da energia comercializada no mercado livre.

Nos planos da Engie está desenvolver hidrogênio verde até 2030, uma vez que o Brasil terá disponibilidade de recursos renováveis 17 vezes maior que sua demanda em 2050.

— Existem países que terão enormes dificuldades em descarbonizar sua matriz energética e podemos atrair as cadeias produtivas desses países para o Brasil. Vejo uma grande oportunidade de desenvolvermos a indústria no Brasil aproveitando nossa oferta de energia renovável — prevê Bähr.

Segundo Aurélien Maudonnet, CEO da Helexia Brasil, o momento é de apetite por fontes renováveis. Ele lembra que, entre setembro de 2023 e abril de 2024, a companhia conectou 18 parques solares em diversos estados. Juntos, os projetos consumiram investimentos de quase R$ 1 bilhão.

— No Brasil, há incidência solar maior que na Europa e muito espaço disponível. O processo de transição energética precisa aliar o avanço da produção de energia a partir de fontes renováveis a soluções de eficiência energética que contribuam para a redução do consumo de energia.

De acordo com Maudonnet, projetos de iluminação, monitoramento e gestão de fluxos de consumo de água, energia, gás e vapor são outra frente:

— O Brasil precisa superar alguns obstáculos relacionados a custos de implantação e questões regulatórias quando falamos de energias renováveis. A incorporação de soluções de armazenamento (como baterias) pode mitigar a intermitência de tais fontes.

Biocombustíveis

Quem também aproveita a maior demanda por fontes renováveis é a PAE, empresa argentina de energia. A companhia está investindo R$ 3 bilhões em um complexo eólico na Bahia. A previsão é que esteja operando em meados deste ano com energia suficiente para abastecer 1 milhão de lares brasileiros. Alejandro Catalano, diretor-geral da PAE no Brasil, quer incorporar energia solar no local para duplicar a capacidade.

Em outra frente, as empresas ampliam os investimentos em combustíveis renováveis. A Acelen Renováveis quer transformar o óleo da Macaúba, uma planta nativa brasileira, em combustível de aviação sustentável (SAF) e diesel renovável (HVO). Na primeira etapa, serão R$ 12 bilhões de investimentos, incluindo uma biorrefinaria na Bahia. A meta é que até 2033 tenham 200 mil hectares de macaúba para produzir 20 mil barris por dia de biocombustíveis.

Segundo Marcelo Cordaro, diretor operacional da Acelen Renováveis, a macaúba pode fazer parte da próxima geração de matérias-primas que impulsionam o desenvolvimento de um setor de biocombustíveis em escala industrial. Comparado com a soja, diz ele, a macaúba alcança até sete vezes mais produtividade na extração de óleo por hectare e pode ser cultivada em terras degradadas.

— A iniciativa está ancorada na agricultura integrada à indústria para produção de combustíveis renováveis, geração de créditos de carbono certificados após recuperação de terras degradadas e positivo impacto socioambiental. A projeção inicial é a instalação de pelo menos cinco hubs de agroindústria de macaúba, com viabilidade para o norte de Minas Gerais e o estado da Bahia— afirma Cordaro.

A Enel Green Power, que nos últimos dez anos investiu R$ 36 bilhões em geração renovável, acabou de inaugurar, em abril, empreendimento eólico na Bahia e está finalizamos a segunda expansão de um complexo eólico no Piauí.

— A expansão da energia solar e eólica, em detrimento das térmicas, tem potencial para reduzir o custo para o consumidor final — diz Bruno Riga, responsável pela Enel Green Power no Brasil.

Eduardo Ricotta, CEO da Vestas na América Latina, fabricante de equipamentos eólicos, lembra que, no fim do primeiro trimestre, a empresa concluiu a construção de sete parques eólicos no Nordeste.

—Nesse ano, nossa fábrica no Ceará começará a manufatura das turbinas para novos projetos que receberão investimento total da ordem de R$ 9 bilhões. O Brasil representa quase 7% da produção global de energia renovável. Porém, hoje, há uma sobreoferta de energia no Brasil, que dificulta tirar os projetos do papel.

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