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Por — Rio de Janeiro

O transporte aéreo de cargas no Brasil cresceu 5,3% em volume no primeiro trimestre, em comparação com os três primeiros meses de 2023, e poderá bater novo recorde este ano com uma demanda crescente, puxada pelo avanço do comércio eletrônico. O total de 349,4 mil toneladas movimentadas pelos aviões de janeiro a março, em rotas domésticas e internacionais, foi o maior registrado nesse período desde 2000, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) compilados pelo Instituto Ilos.

A demanda também vem de tradicionais usuários do modal aéreo, como as indústrias farmacêutica, automobilística, eletroeletrônica e de petróleo, mas o motor é mesmo o hábito dos brasileiros de comprar na internet, que cresce forte desde a pandemia, dizem especialistas e executivos do setor. Apesar dos recordes e do território continental, o Brasil ainda usa pouco os aviões para cargas, e o potencial tem atraído rotas de aéreas especializadas e investimentos de operadores de logística e aeroportos em busca de novas receitas.

Além dos investimentos bilionários de gigantes como a americana Amazon e a argentina Mercado Livre no Brasil, chama a atenção o apetite das asiáticas Shein, Shopee, AliExpress e Temu, que atuam no comércio eletrônico transfronteiriço (cross border, a venda direta para um cliente de outro país). Mesmo com o Imposto de Importação de 20% para compras de até US$ 50 (R$ 267) aprovado no Senado, a perspectiva é de manutenção do crescimento das vendas on-line.

Um relatório de fevereiro da consultoria Emarketer projeta que, no mundo todo, as vendas pela internet somarão US$ 8 trilhões em 2027, quase um quarto do varejo global. No Brasil, a Abcomm, que representa o comércio eletrônico, projeta alta de 10% nas vendas este ano, para R$ 205 bilhões, repetindo o desempenho de 2023, mesmo com o fim da isenção de tributos para importados de até US$ 50.

Apesar do recorde, modal ainda é pouco usado — Foto: Editoria de Arte
Apesar do recorde, modal ainda é pouco usado — Foto: Editoria de Arte
As rotas mais movimentadas — Foto: Editoria de Arte
As rotas mais movimentadas — Foto: Editoria de Arte

Mais voos no Galeão

O Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio, ganhou no início de maio mais uma rota regular de cargas, após a americana Atlas Air transferir um de seus voos semanais no país de Viracopos, em Campinas (SP), para o terminal carioca. Agora, são três voos regulares de carga para o Rio, segundo a RIOgaleão, que vê uma oportunidade de melhorar sua receita.

Patrick Fehring, diretor de Negócios Aéreos da concessionária, diz que o crescimento do transporte aéreo de carga no Rio é puxado pelo e-commerce, equipamentos de petróleo e gás e a retomada dos serviços de manutenção de aviões no Galeão, que demanda peças. O aeroporto espera terminar 2024 com o terceiro ano seguido de recorde na movimentação de cargas, considerando o valor, e diz ter capacidade para crescer mais.

No Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, a canadense Brookfield conduz a expansão de 355 mil metros quadrados em armazéns, informou a concessionária GRU Airport. O terminal é atualmente o maior do país em cargas, com 30 voos internacionais e 70 domésticos por semana só para mercadorias. A obra mais que dobrará a capacidade atual de armazéns, de 190 mil metros quadrados.

A primeira fase da expansão, com 50 mil metros quadrados, está na reta final. Em janeiro, a operadora logística chinesa Anjun, que presta serviços para a gigante on-line da moda Shein, anunciou contrato para operar metade dessa área. O restante fica pronto até 2026.

— Temos falado com todas as empresas de e-commerce, Shein, Shopee, Temu, AliExpress, e as brasileiras também. Todas indicam o mesmo caminho: precisam de um ou dois pontos centrais, pontos estes em que vão receber um largo volume de carga, que depois vão distribuir via aérea ou rodoviária — diz João Pita, diretor comercial da GRU Airport.

No Brasil desde 2022, a Shein começou a construir o que chama de “cadeia integrada de logística” por aqui ainda naquele ano. Hoje, são três galpões instalados em São Paulo, que somam 256 mil metros quadrados.

A chegada ao Brasil de sua rival Temu, dona do app de compras mais baixado do mundo, deve acirrar a concorrência no comércio eletrônico, onde entrega rápida é um grande diferencial. Em maio, a Receita autorizou a entrada da chinesa no Remessa Conforme, ao qual outras gigantes do e-commerce também aderiram.

Impulso indireto

O programa que regulou e tributou o comércio transfronteiriço acabou reforçando o incentivo para investimentos em logística e aviação de carga. Como o Remessa exige o registro de todos, os demais operadores logísticos ficaram em pé de igualdade. Treze estão credenciados, informa a Receita.

Uma delas, a DHL Supply Chain, operadora de armazenagem e distribuição da gigante alemã, anunciou em maio parceria com a brasileira Levu Air Cargo, especializada em cargas aéreas, para investir R$ 1 bilhão em novas rotas cargueiras, entre Campinas (SP), Recife (PE), Belém (PA) e Manaus (AM).

Para Fábio Baracat, presidente da Sinerlog, que atua no comércio transfronteiriço com sistemas tecnológicos e operação logística, o programa do governo ajuda, mas o comércio eletrônico tem uma perspectiva de crescimento estrutural que estimula investimentos no setor aéreo.

Parcerias

Nos dois últimos anos, a Azul Cargo investiu R$ 12 milhões em novos terminais de cargas nos aeroportos de Guarulhos, Vitória (ES), Viracopos, Manaus e Congonhas, na capital paulista. Segundo a empresa, que opera cargas em 160 destinos no país, “os produtos relacionados ao e-commerce tiveram destaque” em 2023. A Azul Cargo tem uma parceria com a Amazon.

Alex de Paula, líder de Transportes Aéreos da varejista digital no país, diz que a combinação do modal aéreo com uma rede de parceiros no transporte terrestre permite à empresa alcançar “100% dos municípios brasileiros”. A Amazon já tem mais de 80 polos de norte a sul do país, incluindo dez centros de distribuição e 64 estações de entrega.

O Mercado Livre atua com a GOLLOG, subsidiária da Gol, e conta com seis aviões cargueiros dedicados exclusivamente às suas encomendas. A companhia, que tem dez centros de distribuição e 4,5 mil agências pelo Brasil, investe R$ 23 bilhões no país neste ano, incluindo em logística. Segundo o diretor da GOLLOG, Rafael Martau, essa parceria ajudou a levar a subsidiária à liderança na carga aérea em janeiro. No total do primeiro trimestre, ficou em terceiro lugar, segundo o Ilos, atrás de Azul Cargo e Latam Cargo.

A operadora de cargas da Latam opera 20 cargueiros Boeing. Nos últimos meses, inaugurou a rota de cargas Guarulhos-Belém-Manaus e outra ligando Florianópolis à Europa, além de um voo semanal Guarulhos-Recife-Manaus, como parte da estratégia de “diversificar fontes de receita”, diz Otávio Meneguette, diretor da Latam Cargo no Brasil.

Conexão Miami

O transporte aéreo de cargas tem duas rotas mais movimentadas no país: São Paulo-Miami, com a cidade americana funcionando como hub de distribuição para a América Latina do comércio que vem da China, e Manaus-São Paulo, que escoa boa parte dos produtos da Zona Franca.

Mas os aviões respondem só por 0,1% da movimentação de cargas no país, indicando potencial de crescimento, ainda que o custo seja um limitador. A regra geral é que quanto maior o valor agregado do produto, mais vantajoso é o transporte aéreo em relação a modais como rodoviário e ferroviário e aos navios.

Busca por escala

Os investimentos em logística são impulsionados também por uma busca por escala, diz Maurício Lima, sócio-diretor do Instituto Ilos:

— Para o comércio eletrônico, escala é um jogo fundamental. Como as entregas foram sendo pulverizadas, com menor tíquete médio, é preciso ter volume em número de entregas. É difícil o agente jogar mais ou menos, ou ele entra para jogar de fato ou o jogo é difícil.

A busca por escala poderá ampliar a oferta de voos de carga, baixando o custo do frete, ampliando o rol de bens para os quais o transporte aéreo compensa, segundo Plínio Pereira, presidente da DHL Supply Chain no Brasil:

— Imagine um dono de uma loja de sapatos em uma cidade do Ceará. Se ele for comprar sapatos de Franca, no interior de São Paulo, pelo modal rodoviário, vai demorar 15 dias para chegar. Se pegar de avião, chega no dia seguinte. Óbvio que vai custar mais, mas qual o valor, para a indústria de moda, de ter o produto logo? É um exemplo de carga limítrofe. Tem vários exemplos como esse, de produtos que não voam por causa de falta de oferta ou por preços proibitivos.

Esse ciclo virtuoso esbarra na falta de capilaridade do transporte aéreo de passageiros no Brasil, já que a maior parte das cargas — de 70% a 90% do total — viaja no porão dos aviões de passageiros. Dada a força a demanda do e-commerce, executivos ouvidos pelo GLOBO apostam que o próprio transporte de cargas poderá viabilizar algumas rotas de passageiros.

Já o vice-presidente da Abcomm, Rodrigo Bandeira, pondera que a estrutura de centros de distribuição de operadores logísticos e empresas de comércio eletrônico se capilarizou pelo país, o que permite agilidade na entrega com boa gestão de estoques, independentemente do transporte aéreo.

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