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A Eletrobras fechou a venda de suas 13 usinas termelétricas para a Âmbar Energia, do Grupo J&F, dos irmãos Batista. O valor da transação é de R$ 4,7 bilhões, segundo comunicado divulgado a mercado pela ex-estatal.

O contrato, em linha com a meta da Eletrobras de se tornar uma companhia carbono zero até 2030, traz ainda desdobramentos financeiros positivos por transferir para a Âmbar o risco de inadimplência dos contratos de energia dessas usinas.

Isso porque entre as usinas estão unidades da Amazonas Energia, que fechou 2023 com um endividamento beirando R$ 9 bilhões, sendo 91% com a Eletrobras. Atualmente, essa empresa parceira tem uma inadimplência trimestral superior a R$ 430 milhões com a ex-estatal, impactando negativamente o resultado da Eletrobras.

“O resultado do processo possibilitou à Companhia maximizar a valoração de seus ativos com adequada alocação de risco, eliminando imediatamente os impactos da inadimplência relacionados aos contratos de venda de energia”, informou a Eletrobras em comunicado.

Redução de emissões

Do valor total da transação, R$ 1,2 bilhão virá do chamado earn-out, ou seja, um pagamento adicional atrelado aos resultados futuros do negócio adquirido. Os ativos serão transferidos sem dívida ou caixa, de acordo com a Eletrobras.

“Vemos a transação como positiva para a Eletrobras porque a companhia não só vai se beneficiar pela economia e simplificação de seu portfólio de geração, como também reduz sua exposição à Amazonas Energia, que vem impactando da empresa trimestre a trimestre”, diz relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Itaú BBA.

O que tornou a venda dessas usinas viável, conta uma fonte próxima à negociação, foi a retirada de dívidas e de caixa da transação. “Essas usinas entregam energia para a Amazonas Energia. A dívida de hoje para trás fica com a Eletrobras”, conta essa pessoa que prefere não se identificar.

A Eletrobras anunciou a venda dessas usinas térmicas em meados do ano passado. O plano estratégico da companhia para o período de 2023 a 2027 tem como meta tornar o grupo uma referência em energia limpa.

Com isso, se desfazer desses ativos ajuda a Eletrobras em seus objetivos de implementar o plano de descarbonização, simplificar a estrutura societária e reestruturar o portfólio com foco em impacto social e ambiental.

As 13 usinas são Mauá, Aparecida, Santa Cruz, o Complexo Interior (Anamã, Caapiranga, Codajás e Anori), o Complexo de Produtores Independentes de Energia (Cristiano Rocha, Tambaqui, Manauara, Ponta Negra e Jaraqui) e o Projeto Rio Negro. Todas elas a gás natural. Juntas, somam 2 GW de capacidade, em contratos que variam entre dois anos e seis anos de duração.

Desse total de termelétricas, cinco são controladas por companhias parceiras da Eletrobras e estão localizadas no Amazonas: Mauá e Aparecida, pela Amazonas Energia; Tambaqui e Jaraqui, pela Breitener, do Grupo Ceiba Energy, e Manauara, pela Companhia Energética Manauara, da Global Participações Energia.

No ano passado, segundo dados não auditados divulgados pela Eletrobras, essas usinas registraram R$ 2,4 bilhões em receita líquida, com um Ebitda (indicador de geração de caixa) de R$ 1,1 bilhão.

Opção de compra

Ficou acertado com a Âmbar que, caso sejam feitas mudanças no controle da Amazonas Energia, a Eletrobras vai ceder a totalidade dos créditos contra a distribuidora para a Âmbar. Para isso, porém, vai contar com uma opção de compra da distribuidora.

Eventualmente, diz uma fonte que prefere não se identificar, a Âmbar poderia adquirir o controle da distribuidora, ainda que não seja seu foco central da empresa da J&F.

Seria uma forma de a Eletrobras abrir caminho “para recuperação destes créditos, hoje considerados inexequíveis (100% provisionados no balanço da companhia), ao se beneficiar através de uma opção do valor a ser gerado de uma potencial recuperação operacional e financeira da distribuidora no futuro”, explicou a companhia em nota.

Na visão de Vitor Sousa, analista Setor de Petróleo, Elétrico e Saneamento da Genial, o acordo tem como eixo central "livrar a Eletrobras de um problema antigo com a Amazonas Energia":

— A Eletrobras se desfaz de um problema. É uma relação mais relacionada à redução de risco — frisa ele. — Mesmo sem alto valor na venda é relevante em geração de caixa. Resta saber o que a Eletrobras irá fazer com esses recursos.

João Carlos Mello, CEO da Thymos Energia, que avalia o acordo como positivo, lembra que todo ganho em liquidez pela Eletrobras pode ser direcionado à reforma e manutenção de linhas, máquinas e outros ativos da companhia.

— A solução é um bem bolado para Eletrobras, Âmbar e para a própria Aneel (regulador do setor elétrico), pelos problemas com a Amazonas Energia— avalia João Carlos Mello, CEO da Thymos Energia. — A Âmbar acredita na necessidade do mercado de confiabilidade na matriz, com contratação de fontes firmes de fornecimento, combinando hidrelétrica e térmica.

A venda de ativos no setor de energia com foco em descarbonização, continua ele, já é prática há perto de uma década, auxiliando ainda a empresa a estar no radar de investidores e de fora do escopo de legislações futuras que tenham por objetivo frear emissões, como com o "imposto do pecado", trazido pelo texto da Reforma Tributária.

A Ativa Investimentos amarrar a cessão de direitos contra a Amazonas Energia para a Âmbar à opção de compra da distribuidora em hipótese de futura reestruturação “pareceu uma excelente saída para Eletrobras, que obtém nova avenida para limpar o seu balanço daqui para frente”.

A Âmbar saiu vencedora em processo competitivo pelas usinas da Eletrobras do qual também participou a Eneva. E está expandindo seu portfólio de usinas térmicas, que já somava cinco. Entre elas está a de Candiota, adquirida da Eletrobras em operação concluída no início deste ano. Era a última movida a carvão sob o chapéu da Eletrobras.

Contando todas as 27 usinas da companhia da J&F, a capacidade de geração total da Âmbar sobe para 4,6 GW.

Em nota, a Âmbar informou que 12 das usinas estão no Amazonas, com importância fundamental para o abastecimento da região, enquanto a usina de Santa Cruz está num dos maiores mercados consumidores de energia do pais, no estado do Rio de Janeiro. E que o negócio contribui para reforçar a segurança energética do país.

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