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Por , Em The New York Times — Condado de Orange, Califórnia

RESUMO

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GERADO EM: 18/06/2024 - 04:01

Revistas de Esportes ao Ar Livre: Luxo Analógico

Revistas de esportes ao ar livre em ascensão, valorizando a experiência analógica e a qualidade. Tendência de revistas impressas de nicho, com foco em atividades ao ar livre e resistência à era digital. Criação de publicações luxuosas e colecionáveis, voltadas para um público apreciador do artesanato e do slow reading. Apreciar a leitura e o conteúdo sem pressa, em contraponto à rapidez digital. Revistas como Adventure Journal, Mountain Gazette e Ori apostam em acabamento primoroso, conteúdo denso e imagens impactantes para conquistar leitores que buscam uma experiência mais profunda e duradoura.

CONDADO DE ORANGE, Califórnia — Em um edifício industrial comum numa rua movimentada do Condado de Orange, no estado americano da Califórnia, pilhas de páginas coloridas se transformam em revistas de 130 páginas cada, que são então empilhadas em caixas por homens indiferentes. Próximo dali, Stephen Casimiro segurava uma das 7.200 cópias nas mãos.

Casimiro, ex-editor da Powder e National Geographic Adventure, é o fundador e editor da Adventure Journal, uma revista incontestavelmente analógica no cerne de uma tendência old school.

Ele folheou as páginas. Sorriu.

"As pessoas terão isso em suas mãos, na mesa de centro", disse Casimiro. "Essa era a ideia. Estamos todos cansados de telas. Queremos algo para saborear."

Há brotos de vida, até lucratividade, na paisagem dos meios de comunicação impressos e das revistas, bombardeada pela era digital. Periódicos de nicho de alta qualidade estão surgindo, mas a tendência talvez seja mais evidente numa explosão de revistas independentes de pequeno porte sobre atividades ao ar livre, como Adventure Journal, Mountain Gazette, Summit Journal e Ori.

Stehen Casimiro, ex-editor da Powder e da National Geographic Adventure, e fundador e editor do Adventure Journal, na BJ Bindery, onde sua revista é encadernada — Foto: Gabriella Angotti-Jones/The New York Times
Stehen Casimiro, ex-editor da Powder e da National Geographic Adventure, e fundador e editor do Adventure Journal, na BJ Bindery, onde sua revista é encadernada — Foto: Gabriella Angotti-Jones/The New York Times

Eles se aglomeram em espaços tranquilos e estreitos — escalada, surfe, esqui, corrida e similares — onde a qualidade é essencial, a publicidade é mínima e os assinantes são fiéis. A maioria não publica seu conteúdo on-line; isso é jornalismo para ser folheado, não passado rapidamente com um deslizar de dedo.

As revistas são às vezes de grande formato e acabamento cada vez mais primoroso, repletas de fotografias enormes e textos densos. Podem custar US$ 25 ou mais. São feitas tanto para a mesa de centro como para a bolsa a tiracolo — projetadas para serem colecionáveis, não descartáveis.

Assim como discos de vinil e cervejas artesanais, são direcionadas a um público pequeno com apreço pelo artesanato. A maioria opera em casa, onde os editores são proprietários, gerenciando uma rede de freelancers e supervisionando cada etapa do ciclo de produção.

Como Casimiro, muitos são exilados dos destroços de revistas icônicas que perderam brilho numa era de consolidação, capital de risco e atenção muito curta para consumir qualquer coisa que não seja doce algorítmico.

"A experiência na tela é tão redutora", disse Casimiro. "Ela apenas aplaina o mundo, de modo que uma história premiada com o Pulitzer fica parecendo spam. Algumas coisas merecem mais."

Em Seattle, o fundador da Ori, Kade Krichko, chamou isso de "movimento slow reading (leitura lenta)". Perto do Lago Tahoe, o dono do Mountain Gazette, Mike Rogge, acredita que "fomos longe demais no reino digital — e agora estamos puxando isso de volta". Em Nova York, o escritor e alpinista Michael Levy ressuscitou o Summit (agora chamado de Summit Journal), vendo um desejo por curadoria.

Debbee Pezman, editora do The Surfer's Journal e cofundadora da revista, nos escritórios da publicação em San Clemente, Califórnia — Foto: Gabriella Angotti-Jones/The New York Times
Debbee Pezman, editora do The Surfer's Journal e cofundadora da revista, nos escritórios da publicação em San Clemente, Califórnia — Foto: Gabriella Angotti-Jones/The New York Times

"Há muitas coisas boas no ecossistema ao ar livre, mas elas são abafadas pelo ruído", disse Levy. "Não tenho interesse em apenas produzir conteúdo."

De volta à Califórnia, onde começou a publicar a Adventure Journal trimestralmente em 2016, Casimiro, de 62 anos, fala da onda de títulos que seguiram seu exemplo, principalmente desde 2020.

"As revistas-boutique do ar livre estão vivendo um momento", disse ele. "Absoluta e inquestionavelmente."

Um sentimento de atemporalidade

Um parque de escritórios em San Clemente abriga a sede do The Surfer’s Journal. Se as novas revistas ao ar livre tivessem uma árvore genealógica, The Surfer’s Journal poderia representar os pais, talvez os padrinhos.

Foi publicado pela primeira vez em 1992, antes da era digital, pelo casal Steve e Debbee Pezman. Exilados da revista Surfer, onde ele foi editor e publisher por muito tempo, e ela, diretora de marketing, o casal via revistas de surfe geralmente descartáveis, destinadas a adolescentes. Eles sentiram falta de algo mais substancial, para adultos como eles.

O ambiente que queriam era uma mistura entre National Geographic e Architectural Digest, mas centrada no surfe. Uma capa minimalista. Uma encadernação plana, que permitisse colocar numa prateleira. Histórias profundas, fotografia bonita. Uma aura de atemporalidade.

The Surfer’s Journal persiste como foi concebido, agora com cerca de 28 mil assinantes (seis edições por ano por US$ 84, ou US$ 25 por um exemplar) e oito "patrocinadores" (cada um pagando US$ 70 mil por ano). Milhares de outras cópias são vendidas em lojas de surfe e livrarias.

A empresa expandiu para livros, um podcast popular e The Golfer’s Journal, com grama verde bem cuidada no lugar dos oceanos azuis. Tem cerca de duas dúzias de funcionários, incluindo aqueles que lidam com a circulação, na sede da empresa.

Debbee Pezman, agora com 69 anos e publisher do The Surfer's Journal (Steve se aposentou em 2015), pensou nos ingredientes secretos do sucesso, depois os digitou em um memorando. Entre eles:

"Nunca subestime a inteligência do leitor."

"Seja comercialmente discreto. Tenha patrocinadores, não anunciantes."

"Preste atenção aos detalhes. Esteja alerta para o fato de que a erosão ocorre sutilmente."

"Qualidade. Qualidade. Qualidade."

Capa do Summit Journal, voltado para alpinistas — Foto: Reprodução
Capa do Summit Journal, voltado para alpinistas — Foto: Reprodução

Ela acredita que o que os leitores querem não está enraizado na nostalgia pelo impresso. Baseia-se em coisas como postura e pulsação.

"Há uma diferença entre 'mergulhar' e 'relaxar'", disse Pezman. O conteúdo digital obriga você a se inclinar para a frente, diz. "É mais difícil para meus olhos, meu corpo. Meus músculos ficam um pouco mais tensos. Um ‘livro de mesa de centro’, até mesmo uma National Geographic, é para relaxar — eu me inclino para trás no sofá, abro e relaxo."

‘Não é agradável ficar rolando pelo Instagram’

Revistas de alta qualidade não são novidade, e seu ressurgimento não é exclusivo das atividades ao ar livre. Uma visita a uma livraria independente ou a um quiosque de revistas como Casa Magazines, em Nova York, ou The Kosher News, em Los Angeles, revela um universo de publicações nichadas e artísticas, desde The Bitter Southerner até Catnip, Mildew ou Whalebone.

"Eu equiparo meu modelo de negócio ou meu produto ao que você viu acontecer com discos de vinil", disse Liz Lapp, proprietária da Hi-Desert Times, uma loja de revistas em Twentynine Palms, Califórnia. "É mais ou menos o mesmo público, pessoas voltando para as revistas, pessoas novas nas revistas, pessoas que simplesmente não querem mais ficar no celular."

O aumento é agudo nas revistas americanas ao ar livre, onde títulos de grande público como Outside, National Geographic, até mesmo Sports Illustrated — junto com uma série de títulos de nicho, que cobrem de escalada a esqui, corrida, ciclismo e skate — têm lutado para navegar pela enxurrada do conteúdo on-line.

Thembi Hanify e Mariah Ernst, veteranas de mídia e marketing de surfe, na casa dos 30, também viram uma oportunidade. Elas criaram Emocean depois de vivenciar um mundo de surfe dominado por homens brancos.

“Há este ciclo curioso: as grandes revistas impressas morrendo, mas, ao mesmo tempo, aquelas de esportes ao ar livre estão se diversificando,” disse Thembi. “Há espaço para contar histórias diferentes.”

A Emocean já lançou sete edições, ao ritmo de duas vezes ao ano. A última, com 148 páginas coloridas em papel cuchê, traz perfis, entrevistas, ensaios fotográficos e até poesia, voltados para mulheres, pessoas de cor e comunidades LGBTQ+.

Ori Magazine, uma revista de viagem diferente — Foto: Reprodução Linkedin
Ori Magazine, uma revista de viagem diferente — Foto: Reprodução Linkedin

“Há uma ânsia por ser capaz de estar presente com algo a sua frente,” disse Mariah. “Não é agradável ficar rolando pelo Instagram. Nunca ouvi alguém dizer ‘realmente gostei de ficar rolando’ ou ‘eu realmente adoro ler coisas no celular."

Com a Ori, Krichko — escritor e ex-estagiário na Powder, contratado por Rogge — lançou um novo tipo de revista de viagem. Em vez de mandar repórteres pelo mundo, ele contrata colaborações de escritores, fotógrafos e artistas locais. No primeiro número, havia reportagens do México (arte e comida de rua), Nigéria (música), Colômbia (tourada), Espanha (remo) e Havaí (cultivo regenerativo), entre outras.

“A Ori foi criada como um antídoto para o algoritmo”, disse Krichko, 35 anos. “‘Leia devagar, role menos’ é algo que dizemos.”

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