A Petrobras anunciou que vai aumentar o preço de venda de gasolina para as distribuidoras a partir de amanhã. De acordo com a estatal, a alta será de 7,11%, ou R$ 0,20 por litro, para R$ 3,01. É o primeiro reajuste feito por Magda Chambriard desde que assumiu a companhia, no mês passado. As ações sobem mais de 1%.
É ainda o primeiro aumento desde agosto do ano passado. Segundo a Petrobras, a última mudança no preço da gasolina ocorreu em 21 de outubro de 2023, mas, naquela ocasião, o valor do combustível foi reajustado para baixo. Caiu de R$ 2,93 para R$ 2,81 o litro nas refinarias.
Magda assumiu a companhia no lugar de Jean Paul Prates e recebeu a missão do presidente Lula de acelerar investimentos e reforçar o papel social da companhia.
Defasagem nos preços
Hoje, antes do reajuste anunciado pela estatal, a Abicom, associação que reúne os importadores, apontava para uma defasagem de R$ 0,59 por litro de gasolina comercializada pela Petrobras.
— O reajuste não é suficiente para zerar a defasagem dos preços dos combustíveis — diz Sergio Araujo, da Abicom.
Para Pedro Rodrigues, sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o reajuste nos preços da Petrobras é positivo porque reduz em parte a defasagem da gasolina e ajuda a reforçar o caixa da empresa em relação aos preços praticados no exterior. Porém, ele ressalta que o diesel continua com os preços abaixo do mercado internacional.
-- Mas, apesar de reduzir a defasagem na gasolina, não resolve o problema, pois os preços continuam abaixo dos valores internacionais. Esse reajuste da estatal só mostra que a política de preços da companhia é negativa, pois mostra que isso é uma caixa preta e o mercado não sabe quando a estatal vai alterar os valores praticados no Brasil — afirmou Rodrigues.
Ele ainda questionou:
— Por que não mexeu antes? Por que a redução foi 7% e não 8%? Essa falta de previsibilidade é o problema maior dessa política de preços da Petrobras.
Preço na bomba
Para Rodrigues, como os preços da bomba no Brasil são livres, o repasse vai depender do posto.
— Mas sempre que tem aumento de preço, a tendência é de repasse de 100% desse reajuste, mas vai depender da empresa no varejo e da região do Brasil.
No caso do diesel, não houve alteração. O último movimento ocorreu no dia 27 de dezembro de 2023, quando a estatal anunciou queda de R$ 3,78 para R$ 3,48 no preço do litro vendido às distribuidoras. Para a Abicom, o diesel vendido no Brasil está, em média, R$ 0,47 abaixo (ou 12%) abaixo das cotações internacionais.
Petrobras 70 anos: o que pensam ex-presidentes para o futuro da estatal
Em ambos os combustíveis, a defasagem da gasolina e do diesel estão, ao menos, acima de de 10% desde meados do mês passado.
Marcus D´Elia, sócio da Leggio Consultoria, especializada em petróleo, gás e renováveis, avalia que os valores praticados pela Petrobras no diesel e na gasolina se mantiveram oscilando cerca de 5% abaixo do Preço de Paridade de Importação (PPI) durante os primeiros 12 meses da nova política de preços da empresa.
-- A estratégia comercial de praticar preços levemente abaixo do PPI permite à Petrobras competir no mercado com os importadores, mantendo a participação de mercado. Esta política de preços está capturando o ganho gerado pela variação de preços no mercado internacional, porém com cerca de um mês de defasagem.
Preço do gás
Além da gasolina, a estatal anunciou alta no preço do GLP (gás de botijão). Segundo a Petrobras, os preços de venda para as distribuidoras passará a ser, em média, equivalente a R$ 34,70 por botijão de 13kg, um aumento equivalente a R$ 3,10.
- Bernado Mello Franco: Lula mandou Magda evitar 'confusão' na Petrobras
Em 2024, este é o primeiro ajuste nos preços de venda de GLP da Petrobras para as distribuidoras, segundo a estatal. Os últimos ajustes - que foram reduções - ocorreram em 17 de maio e janeiro de julho do ano passado. O último aumento, porém, ocorreu em 11 de março de 2022.
Desde 31 de dezembro de 2022, a Petrobras reduziu, assim, seus preços de venda para as distribuidoras em valor equivalente a R$ 7,34 para o GLP de 13kg.
Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações, avalia que o aumento nos preços leva em conta a alta no preço do petróleo no exterior.
- A elevação dos preços, embora considerada insuficiente para zerar a defasagem atual em relação aos preços internacionais, é vista como um movimento positivo para melhorar as margens de lucro da companhia, o que pode resultar em uma maior distribuição de dividendos no futuro. Essa combinação de fatores contribui para um cenário de otimismo entre os investidores, refletindo-se na valorização das ações.