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Por — Rio de Janeiro

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 19/07/2024 - 04:00

"IA: Profissionais e Empresas se Preparam para o Mercado de Trabalho"

A inteligência artificial (IA) se torna pré-requisito em vagas de emprego, exigindo atualização por meio de cursos. Empresas buscam profissionais aptos a lidar com IA, impulsionando demanda em setores diversos. Preparação envolve entender objetivos, escolher cursos adequados e desenvolver habilidades técnicas, enquanto líderes também precisam se capacitar para lidar com profissionais e tecnologias em constante evolução.

Apontada muitas vezes como uma ameaça para o futuro do mercado de trabalho, a inteligência artificial (IA) já começa a ser tornar pré-requisito de muitas empresas na hora de contratar, e não só no setor de tecnologia.

Levantamento feito pela companhia de recrutamento Michael Page a pedido do GLOBO aponta alta de 39% no número de vagas entre janeiro e abril deste ano no qual ter conhecimento sobre a nova fronteira tecnológica já é visto como um “diferencial competitivo”.

Apesar de muitas empresas ainda estarem buscando aplicações práticas para a onipresente inteligência artificial em suas áreas de atuação, estão cada vez mais ansiosas para contratar profissionais capazes de lidar com a nova tecnologia, dizem especialistas em Recursos Humanos (RH).

O movimento ganhou força recentemente com a popularidade de ferramentas digitais das big techs, como o ChatGPT, da OpenAI; Gemini, do Google; e Copilot, da Microsoft, além das apostas de fabricantes de chips, smartphones e notebooks em equipamentos capazes de dar rápido processamento às funções generativas da IA.

Segundo Mario Maffei, gerente da Michael Page, a IA aparece no descritivo de vagas com o avanço de projetos nas empresas envolvendo a nova tecnologia.

Hoje, diz ele, o movimento está concentrado em vagas ligadas a cibersegurança, engenharia de automação e de prompt (comandos de criação das imagens), além de ciência de dados e transformação digital. Ele prevê alta de 50% nessa demanda até o fim do ano em áreas como RH, financeira e jurídica, por exemplo:

— Funções tradicionais nas empresas vão ganhar novas habilidades. Claro que algumas posições vão acabar, sobretudo as mais operacionais como analisar dados e documentos, pois a máquina fará isso. Mas outros postos vão surgir. E é isso que o profissional precisa estar atento e se reciclar. As empresas já iniciaram uma verdadeira corrida, e o setor financeiro e indústrias estão saindo na frente. As próprias ferramentas de IA estão evoluindo, com a possibilidade de gerar vídeos e textos.

O matemático Ivan Macedo, CEO da consultoria Sevensete, diz que a definição do perfil desses profissionais ainda é um desafio. Para ele, a IA tem se tornado uma tecnologia intrínseca ao dia a dia no trabalho, como ferramenta de aumento de produtividade.

Ele faz uma alusão ao Office, conjunto de programas como Word e Excel da Microsoft, que se tornou um pré-requisito básico já há algumas décadas nos escritórios. O especialista diz que as empresas precisam saber onde querem chegar com a IA e, com isso, entender de que aplicações e profissionais vai precisar:

— Há dois caminhos. Há as ferramentas prontas, como ChatGPT e Gemini, com uma entrega clara de valor. Há ainda a possibilidade de desenvolver soluções personalizadas, a depender dos objetivos. Por isso, é preciso mapear e entender as competências tendo a IA como base.

Na SalesRun, que desenvolve soluções de IA para previsão de demanda para indústrias, a busca por profissionais especializados na tecnologia é crescente. Mas o fundador da empresa, Vinicius Hilkner, alerta que essa busca precisa estar alinhada às necessidades específicas da companhia:

— Primeiro é preciso identificar os problemas reais do negócio que poderiam ser resolvidos com IA e construir soluções customizadas. Isso envolve um novo perfil de profissional que vai além de ser um especialista em ciência de dados, por exemplo.

Loja da rede de franquias Vó Alzira: empresa de bolos e cafés busca aplicar IA em vendas e preços — Foto: Fabio Rossi
Loja da rede de franquias Vó Alzira: empresa de bolos e cafés busca aplicar IA em vendas e preços — Foto: Fabio Rossi

Tatiana Lanna, nova CEO da Fábrica de Bolo Vó Alzira, conta que já contratou três pessoas dedicadas ao desenvolvimento de soluções com IA parra ajudar na área de vendas e precificação de produtos da rede de franquias, mas lembra que não foi fácil achar os profissionais:

— O conhecimento que se pode gerar com IA é grande, assim como as alavancas de vendas e soluções dos problemas. No mercado de food service existem muitas oportunidades em relação à IA, mas poucas empresas estão realmente implementando, já que ainda tentam entender a ferramenta.

Dilema

O dilema sobre como usar a IA alcança diferentes perfis de profissionais e empresas. Para a empresária e designer Alessandra Pirotelli, a IA deve atuar como coadjuvante na elaboração de qualquer processo e não ser uma etapa determinante.

Foi com essa concepção que ela criou o livro “Carnaval Arte – Faces”, com imagens geradas com a ajuda de IA. Ela destaca que é importante entender no que a tecnologia pode ajudar no trabalho e separar tempo para experimentar as várias plataformas e ferramentas disponíveis no mercado:

— É preciso saber o resultado que se pretende alcançar, pois caso contrário você ficará perdido em um mar de possibilidades. Tudo o que eu queria é que o resultado da geração das imagens do livro pudesse expressar a essência humana de foliões anônimos do carnaval. Eu queria ver emoção em cada um dos personagens. Parece antagônico, mas eu não queria que elas tivessem um ar de imagens artificiais. E foi um longo caminho de composição dos prompts e depois o tratamento final.

Alessandra Pirotelli: empresária e designer aplicou IA na elaboração de um livro — Foto: Alexandre Cassiano
Alessandra Pirotelli: empresária e designer aplicou IA na elaboração de um livro — Foto: Alexandre Cassiano

Para ela, o mais importante é criar de ambientes colaborativos dentro das empresas, grandes ou pequenas, para entender que objetivos podem ser alcançados com a IA:

— A empresa, independentemente do seu tamanho, deve criar momentos para troca coletiva de informações e aprendizado conjunto sobre o uso da IA e de como os recursos podem contribuir para o melhor desempenho do negócio. Mas não se pode ignorar a IA, pois impreterivelmente ela vai bater à sua porta a qualquer momento.

E como se preparar?

Antes de escolher um curso IA, é preciso entender primeiramente o objetivo a ser alcançado, na opinião de especialistas. Isso porque há hoje uma centena de cursos de capacitação gratuitos e pagos oferecidos por empresas do setor, instituições de ensino e faculdades brasileiras e estrangeiras.

Ivan Macedo, da Sevensete, lembra que a porta de entrada para quem quer dar os primeiros passos é buscar níveis mais básicos de capacitação. Nesse sentido, as próprias gigantes de tecnologia, como Google e Microsoft, oferecem capacitação em suas plataformas. Mas ele alerta que, para se aprofundar em uma segunda fase, é preciso atenção quanto aos objetivos dos cursos:

— Se for mirar no uso da IA para aumentar a produtividade, há treinamentos específicas, com ferramentas de automação, de predições e recomendações de modelos. Por outro lado, se o caminho é o de desenvolvimento de soluções, normalmente os cursos exigem uma habilidade técnica maior, como programação, estatística e engenharia de software. Neste caso, é mais interessante procurar programas de capacitação mais completos em vez de cursos isolados que oferecem diversos treinamentos em conjunto, como especializações ou certificações de engenheiros de machine learning (aprendizado de máquina), arquiteto Cloud (computação em nuvem) e engenheiro de dados.

Léo Xavier, sócio-fundador da Môre, consultoria de design e estratégia digital, também diz que a maioria dos cursos e capacitações ocorre no formato on-line e envolvem as mais diversas instituições de ensino, desde plataformas de educação no Brasil a faculdades fora do país, como MIT, Harvard Business School, Cambridge e Chicago University.

— Mas, antes de tudo, é importante entender o que se quer buscar com a capacitação. Sabemos que a IA é importante para o dia a dia, mas como isso vai entregar valor no seu trabalho? Por isso, pesquise bem quais são os professores e os objetivos entregues pela capacitação — recomenda o executivo, lembrando que a maior parte dos cursos on-line tem carga horária de 20 horas.

Léo Xavier, sócio-fundador da consultoria Môre e professor de Mobile e Marketing Digital na USP/Esalq e no Insper — Foto: Eduardo Lopes/Divulgação
Léo Xavier, sócio-fundador da consultoria Môre e professor de Mobile e Marketing Digital na USP/Esalq e no Insper — Foto: Eduardo Lopes/Divulgação

Xavier, que também é professor de Mobile e Marketing Digital na USP/Esalq e no Insper, frisa a importância de, em primeiro lugar, os profissionais entenderem o que buscam com a capacitação em IA:

— A segunda dica importante é que os profissionais tenham uma visão crítica antes de procurarem cursos de IA. Como é um tema que está muito em alta, surgem vários tipos de cursos e muita gente querendo "surfar esta onda". Procurar instituições sérias, dentro e fora do Brasil, que estão oferecendo cursos de qualidade e com profissionais gabaritados é um caminho importante. Este trabalho prévio de pesquisa é fundamental, saber quem são os professores, pesquisar os respectivos Linkedins e atuações dentro do tema. Aqui mesmo dentro da Môre temos promovido subsídio de cursos no MIT e Stanford sobre IA, instituições renomadas, com laboratórios de pesquisa muito importantes, inclusive neste tema.

Para Gabriel Alonso, da SalesRun, uma forma de entender esse novo universo é estar atento às novidades lançadas diariamente pelas empresas. Usar os aplicativos a participar de fóruns sobre inovação:

— A IA está muito voltada para a área de dados, portanto ter bom conhecimento na área de ciência de dados entrega um diferencial competitivo para quem quer se destacar nesse mercado. Uma área importante da IA é a de machine learning, com muitas formações disponíveis no mercado. Já falando de IA generativa, que é um tema relativamente muito novo, é preciso estar atento às notícias, fóruns e treinamentos que vêm sendo lançados diariamente.

'Estamos só no começo'

Thiago Correia, CEO e fundador da Top2You, uma empresa de RH, diz que alguém que esteja totalmente fora do tema de IA “está um passo atrás”. Ele diz que, apesar da rapidez do avanço tecnológico, as iniciativas de aplicações pelas empresas ainda estão em fase embrionária, através de iniciativas individuais.

— Mas aos poucos isso vai se popularizando, se tornando comum, e a empresa então começa a rever de forma organizada e formal seus processos à luz de IA. Estamos só no começo. Muita coisa ainda está por vir. Conversei outro dia com o vice-presidente de logística de uma grande empresa. Ele me disse que tem cientistas de dados e estatísticos para entender melhor o negócio do cliente. Em um mundo perfeito onde o transportador não atrasa, a IA talvez fosse suficiente. Mas a realidade é outra. Colaboração, trabalho em equipe e flexibilidade são competências críticas ainda.

Segundo Camila Neves, diretora da empresa de recrutamento Bettha, é natural que empresas se sintam instigadas e curiosas para testar e implementar essa “mágica” também nos seus serviços e produtos. Mas ela alerta para a necessidade de se avaliar bem os investimentos:

— Não se pode agir apenas porque todo mundo está fazendo. Tem que se analisar a entrega de valor, o retorno esperado, pois ainda é um assunto complexo com poucos especialistas.

Vinicius Hilkner, da SalesRun, diz que a maior demanda na área de IA é por profissionais para atuar em computação em nuvem (cloud).

Macedo, da Sevensete, destaca também o papel dos líderes, que também precisam ainda se capacitar para lidar com a nova geração de profissionais e os perfis que surgem a cada dia com o avanço de tecnologias:

— Aprender IA hoje em dia é mais do que necessário, mas as famosas soft skills, como comunicação, relacionamento e gestão do tempo vão continuar sendo diferenciais importantes. Por trás de toda tecnologia há seres humanos, e a inteligência artificial é feita por humanos e para humanos.

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