O Conselho de Administração da Americanas se reúne nesta quinta-feira para homologar o aumento de capital da companhia. De acordo com estimativas, a operação, que faz parte do processo de recuperação judicial da varejista, deve alcançar R$ 23,4 bilhões, levando em conta a emissão de cerca de 18 bilhões de ações da companhia a um preço de R$ 1,30.
Atualmente, há 902 milhões de ações em negociação, nas mãos dos atuais acionistas. Com a operação, haverá mudança na composição acionária da companhia. A expectativa é que a fatia dos acionistas de referência — o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira — passe dos atuais 30,12% para 49,2% do capital social.
O maior acionista minoritário, Inácio de Barros Melo Neto, que hoje possui 113 milhões de ações e uma fatia de 12,5% na companhia, verá sua participação cair para menos de 1% do total. Com isso, os minoritários terão, ao todo, 3,2% dos papéis. Além disso, os credores, que aceitaram converter parte da dívida, passarão a deter 47,6% da Americanas.
O aumento de capital da Americanas prevê um aporte de R$ 12 bilhões pelos acionistas de referência. Desse total, R$ 5 bilhões já foram investidos na companhia. E R$ 7 bilhões serão aportados até amanhã. Os credores também vão converter R$ 12 bilhões em dívidas em ações da companhia.
Na prática, com o aval do conselho, a empresa efetuará os pagamentos aos credores em geral, e reduzirá sua dívida total de R$ 42 bilhões para R$ 1,875 bilhão, valor referente à emissão de debêntures.
Nova fase
Essa etapa é vista como uma das mais importantes no processo de recuperação judicial da varejista. Em janeiro de 2023, a Americanas revelou uma fraude contábil, estimada em cerca de R$ 25 bilhões, praticada, segundo investigações da Polícia Federal, por ex-diretores da companhia. Segundo fontes, agora começará uma nova fase na empresa, com foco na operação e recuperação da companhia.
No dia 27 de agosto, está previsto o agrupamento das ações na proporção de 100 para 1, mantendo, de acordo com fontes, a participação dos acionistas atuais. Barros Melo Neto, maior acionista minoritário da empresa, disse ao GLOBO que sua fatia na companhia será diluída dos atuais 12,5% para menos de 1%.
— Vou ser diluído no poder de decisão, mas não na realização. Hoje (ontem) comprei mais 200 mil ações da companhia a R$ 0,77 cada uma, chegando a 113,5 milhões de ações. Continuo acreditando na companhia e nos gestores — disse ele.