Lucro do Mercado Livre dobra, com recorde de usuários do Mercado Pago

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O lucro líquido da companhia dobrou em relação ao ano anterior, chegando a US$ 531 milhões, superando os US$ 415 milhões esperados pelos analistas de Wall Street. Analistas atribuem o desempenho a duas razões.

Primeiro, a base de comparação anterior de vendas, em anos como 2022 e início de 2023, ainda é muito baixa, ou seja, o varejo foi bastante afetado no pós-pandemia. Então, qualquer crescimento agora aparece com mais força na comparação.

Mas no caso do Mercado Livre há mais um fator: a modernização do modelo de marketplace, com investimento em tecnologia e rede de distribuição, também explica o avanço do lucro. E a maior oferta de crédito, através do Mercado Pago, no Brasil e no México, trazem uma fonte de receita importante ao negócio.

— Os números de 22/23 foram muito ruins para as varejistas em vendas. Com inflação alta, poder de compra da população reduzido globalmente e taxas de juros elevadas em diversos países e problemas nas cadeias de suprimentos, fizeram as vendas caírem. Então a base de comparação é baixa — disse ao GLOBO Davi Lelis, analista da Valor Investimentos.

A receita líquida do Mercado Livre também superou as projeções e alcançou US$ 5,1 bilhões no período de três meses encerrado em 30 de junho, em comparação com a estimativa de US$ 4,7 bilhões, segundo analistas ouvidos pela Bloomberg. Foi uma alta de 42%.

O valor bruto das mercadorias (GMV na sigla em inglês), que reúne os dados de vendas on-line, aumentou 20% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 12,6 bilhões no período, com Brasil e México crescendo 36% e 30%, respectivamente, nesse período.

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— Essas são taxas de uma startup, na verdade. Após 25 anos, estamos muito animados com esses números e continuamos ganhando participação de mercado nesses países — disse o diretor financeiro, Martin de los Santos, em uma entrevista antes da divulgação do resultado.

Da receita líquida, US$ 3 bilhões corresponderam ao negócio de comércio eletrônico, enquanto US$ 2,1 bilhões vieram da plataforma de pagamentos Mercado Pago, segundo um comunicado da empresa.

Lelis, da Valor Investimentos, observa que o investimento em tecnologia, modernizando o marketplace da companhia também ajudou a engordar o lucro. A empresa criou também programa de fidelidade, o Meli+, com descontos e ofertas aos assinantes, além de uma moeda própria.

O especialista lembra também que o investimento no chamado fulfillment (em que os produtos dos vendedores são armazenados em centros de distribuição do Mercado Livre, que se responsabiliza desde a embalagem até a entrega) aumentou o nível de confiança do consumidor na empresa. Tanto que houve número recorde de 416 milhões de itens entregues.

De acordo com Lelis, esse ecossistema permite que o Meli (Mercado Livre) ganhe força para enfrentar empresas nacionais que investiram no e-commerce, como Magazine Luiza e outras. Esses investimentos também permitem entrega mais rápida para compradores e maior conversão para vendedores, diz a empresa.

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Segundo o Mercado Livre, a velocidade de entrega atingiu nível recorde no Brasil e na Colômbia no segundo trimestre de 2024. Os dados divulgados mostram que a companhia tem a entrega mais rápida nas principais cidades da região, incluindo São Paulo e Cidade do México.

O número de compradores únicos cresceu 19% na mesma base de comparação e atingiu 56,6 milhões de pessoas entre abril e junho.

Os analistas Irma Sgarz e Felipe Rached, do banco Goldman sachs, observam que o Meli superou as expectativas para o segundo trimestre do ano e dizem que o crescimento das vendas on-line ritmo pode ser mantido no segundo semestre.

As ações do Mercado Livre saltaram até 12% pela manhã, acumulando alta de mais de 35% no último ano. O valor de mercado da empresa, sediada em Montevidéu, no Uruguai, é de cerca de US$ 80 bilhões. Isso só fica atrás da Petrobras como a empresa de capital aberto mais valiosa da América Latina.

A Argentina, que foi um fator negativo no primeiro trimestre devido a uma desvalorização como parte das profundas reformas econômicas da administração do presidente Javier Milei, melhorou no período mais recente.

O Mercado Pago ultrapassou a marca de 50 milhões de usuários ativos pela primeira vez. No comércio, os usuários únicos quase atingiram 57 milhões.

À medida que a empresa busca expandir seus serviços financeiros do Brasil para o México, ela emitiu 1,6 milhão de novos cartões de crédito no trimestre entre os dois países.

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A carteira de crédito total é de pouco menos de US$ 5 bilhões. Os ativos sob gestão atingiram US$ 6,6 bilhões, impulsionados por contas de alto rendimento na Argentina e no Brasil.

A empresa, que planeia solicitar uma licença bancária no México, tem uma carteira de crédito que ultrapassou US$ 1,5 bilhão no trimestre e é "a maior fintech em termos de usuários ativos mensais" no país, de acordo com uma carta aos acionistas.

O seu negócio de publicidade nascente cresceu 51% em relação ao ano anterior, representando agora 2% do valor bruto de mercadorias (GMV).

Somando-se à desvalorização da Argentina, o real brasileiro e o peso mexicano também foram afetados neste ano, o que aumenta os desafios macroeconômicos de operar na região.

— A tendência secular de as pessoas se deslocarem para a internet e digitalizarem os seus pagamentos e a sua experiência bancária é provavelmente mais forte do que qualquer outra força que jogue contra nós a curto prazo. Na maior parte, estamos muito satisfeitos, apesar dos desafios que enfrentamos — afirmou o diretor financeiro.

Nesta sexta, o Mercado Livre completa 25 anos de existência.

Com agência internacionais