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Economia Negócios

Schutz, marca de calçados da Arezzo, entra no mercado de vestuário e abre loja-conceito na Oscar Freire

O lançamento — planejado desde maio passado— está em linha com a decisão do grupo de entrar com força no segmento de roupas
A Schutz entra no mercado de vestuário. A marca acaba de lançar também uma girl band Foto: Divulgação
A Schutz entra no mercado de vestuário. A marca acaba de lançar também uma girl band Foto: Divulgação

RIO - A Schutz, entre as mais fortes marcas da Arezzo&Co, está botando seus pés no segmento de vestuário. A virada de calçados e acessórios para lifestyle acontece no próximo dia 12, quando abre a primeira loja-conceito, na Oscar Freire, em São Paulo, e põe no ar a nova plataforma de e-commerce .

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O lançamento — planejado desde maio passado— está em linha com a decisão de Alexandre Birman, fundador da Arezzo, de entrar com força no segmento de roupas. E tem objetivos calculados de acordo com a oportunidade de expansão que o grupo enxerga no mercado de R$ 15,4 bilhões do vestuário feminino para as classes A e B no país.

A previsão da Arezzo&Co é a de que nos dois primeiros anos o vestuário responda por 25% da receita da Schutz, avançando para 50% em 2026.

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— É uma transformação pioneira no setor porque é a primeira vez que uma marca de calçados e bolsas toma esse risco e assume esse desafio de estar presente na vida da mulher de forma completa. Contratamos um time dedicado — explica Milena Penteado, diretora executiva da Arezzo&Co.

Na prática, a inserção do vestuário amplia a frequência de compras. Para cada duas peças de roupa compradas, as pessoas compram um par de sapatos, diz a executiva.

Preço médio de R$ 590

A Schutz tem uma base de mais de 500 mil clientes ativas, sendo 12% delas heavy users , ou seja, compram acima da média. Esse grupo VIP foi consultado para montar a linha de vestuário: 95% responderam à pesquisa e, dessas, 92% disseram que comprariam roupas da marca.

Disseram também quanto estariam dispostas a pagar; que elementos são indispensáveis em suas decisões de compra; estilo, estampa e cores preferidas, funcionando como um guia para a elaboração da nova categoria.

A loja-conceito da Oscar Freire definitiva fica pronta em setembro. Até lá, a unidade temporária vai operar no local. No fim deste mês, vem a loja do Rio, no Shopping Leblon. Nessas lojas, 90% do sortimento são roupas, com peças a um preço médio de R$ 590, apontado como acessível à clientela da marca pela executiva. Na sequência, a nova linha chega às multimarcas.

A Schutz tem 82 lojas no país, sendo 14 próprias entre Rio e São Paulo. As demais são franquias.

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— Não temos expectativa de, este ano, mexer na rede (de lojas). A ideia é que a gente opere isoladamente o vestuário, teste a categoria para depois fazer a extensão às franquias— diz Milena.

O digital é pilar central. O e-commerce representa 40% do faturamento da Schutz. O site foi inteiramente renovado e a estratégia digital está ancorada na criação da Schutz Band, uma banda real de quatro mulheres e que estreia com música autoral e videoclipe.

As quatro integrantes têm idade entre 20 e 28 anos — a ideia é se aproximar do público mais jovem. Segundo Milena, elas vão “usar muito da vida delas para contar sobre essa nova marca”.

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Milena diz que a pandemia trouxe mudanças ao setor:

— A pandemia fortaleceu muito os grandes players , as marcas bem estabelecidas. A cliente fidelizada e a que deixou de viajar aprendeu a consumir no mercado interno, se for bem atendida e você oferecer um produto de qualidade e com preço bom, não tem por que deixar de comprar aqui. Houve consolidação dos grandes. E vários que não conseguiram passar por esse momento crítico.

Repensar o guarda-roupa

Jean Paul Rebetez, sócio da Gouvêa Consulting, avalia que é um momento desafiador para o varejo de moda em geral. Antes da pandemia, explica ele, já havia uma diversificação de interesses do consumidor, com os gastos em vestuário disputando com os de viagens, entretenimento e tecnologia.

— Com a Covid, houve fechamento de lojas e aceleração do digital, com um abatimento forte no segmento de moda. O consumidor repensou o guarda-roupa, amadureceu. O setor sofreu uma pancada e tenta se recompor. Até a classe A, menos afetada no cenário macro, tem mais cautela em seus gastos — diz ele. — Há muita concorrência, o mercado está fragmentado.

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Grandes marcas de moda sofrem para reativar o caixa em meio à concorrência acirrada, caso de Inbrands, dona de Ellus e Richards, e do Grupo Restoque, de Le Lis Blanc e Dudalina.

O Restoque teve sua classificação de risco reduzida pela agência Fitch na última semana, pelo risco de estar próximo de um calote. Pesou contra a rede de moda premium o constante adiamento de pagamento de juros de debêntures emitidas pela companhia.

Em acordo aprovado pelos debenturistas do Restoque, o pagamento de juros desses títulos foi adiado do fim de março para o fim de junho, prazo que já havia sido postergado em dezembro. Também a previsão de data para a realização de emissão de novas ações para atrair ao menos R$ 150 milhões foi empurrada para até o fim de junho.

A companhia, no entanto, comunicou ao mercado que a WNT Capital, que representa fundos à frente de 55,81% das debêntures, apresentou proposta para converter a dívida em ações. No total, o valor alcançaria R$ 1,5 bilhão.

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— Na pandemia, enxergamos que a companhia teria dificuldade de pagar os títulos vendidos e teríamos de ser protagonistas. O grupo está fazendo um bom trabalho de reestruturação da operação. O foco é ajudar a empresa a prosperar — diz Valério Marega Junior, diretor comercial da WNT, avaliando que as negociações poderiam ser fechadas em 90 a 120 dias.

Os ajustes nas operações têm sido constantes. Em 2021, a Restoque fechou 38 lojas, ficando com 208 em operação, privilegiando aquelas mais rentáveis. O faturamento avançou 45,7% em 2021, para R$ 1,1 bilhão.

Procurado, o grupo Restoque não comentou.