Economia

Netflix x Divx: Uso de tecnologia de alta definição em vídeos está no centro de disputa na Justiça

Empresas americanas trocam acusações em torno de patente que protege os direitos sobre técnica para ‘streaming’ que é hoje utilizada no Brasil
Netflix: disputa sobre recursos de alta resolução em vídeo Foto: LUCY NICHOLSON / REUTERS
Netflix: disputa sobre recursos de alta resolução em vídeo Foto: LUCY NICHOLSON / REUTERS

SÃO PAULO - Duas empresas americanas travam na Justiça brasileira uma disputa pelo uso de uma tecnologia que permite a disponibilização de vídeos no formato Ultra HD e 4K, com imagens de maior definição. De um lado, a plataforma de streaming Netflix e, do outro, a Divx, uma empresa especializada em codificar vídeos.

A Divx acusa a Netflix de ter quebrado uma de suas patentes para oferecer esse tipo de conteúdo aos brasileiros e quer que a plataforma de streaming deixe de usar seu produto. A empresa entrou com uma ação na 24ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro no fim de 2020.

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Em 2018, a Divx obteve no Brasil a patente para uma tecnologia que permite a compressão de vídeos em alta definição. Com o uso da tecnologia, os vídeos podem ser reproduzidos em dispositivos eletrônicos, incluindo no serviço de streaming , sem prejuízo da qualidade da imagem.

— Houve conversas com a Netflix para a compra da licença, assim como fizemos com outros parceiros, mas não houve acordo. A Justiça foi o último recurso para proteger o que investimos no desenvolvimento dessa tecnologia — disse Carlos Aboim, advogado da Divx.

Garantia milionária para derrubar liminar

Na ação, a Divx pede que a Netflix deixe de usar seu produto imediatamente. Para comprovar sua acusação, a Divx contratou professores de cinco instituições (incluindo UFRJ e USP) para fazer testes, que teriam confirmado o uso da tecnologia pela Netflix.

A Justiça concedeu uma decisão provisória (liminar) para que a Netflix deixasse de usar o produto, mas a plataforma recorreu e ofereceu uma garantia de R$ 10 milhões enquanto o processo estiver correndo. A oferta foi aceita pela Justiça, e a liminar, derrubada.

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A desembargadora Andréa Fortuna determinou que, como os laudos técnicos apontando o uso da tecnologia foram produzidos pela Divx, a Netflix também deve produzir provas de que não a utiliza, como alega nos autos.

Netflix deve tentar provar que não usa mesma técnica

A Netflix não comenta a ação. Mas uma fonte que acompanha o caso na Justiça garante que a empresa não usa a tecnologia que a Divx diz ter patenteado. Segundo essa fonte, a Netflix utiliza um padrão de tecnologia para a compressão dos vídeos semelhante ao adotado por outras empresas de streaming .

Essa fonte diz ainda que as provas de que a Netflix não usa a tecnologia já foram anexadas ao processo. Além disso, há estranhamento quanto ao objeto da ação, diz a fonte, já que a DviX não pediu qualquer indenização.

Não há risco de os assinantes da Netflix deixarem de ver filmes em Ultra HD ou 4K, segundo a fonte. Esta conta que a Divx entrou com o mesmo tipo de ação na Justiça americana contra a Netflix e outra plataforma, a Hulu.