Economia
PUBLICIDADE

Por Cássia Almeida — Rio

A mulher vai levar 43 anos para dividir igualmente os cargos de direção geral nas empresas brasileiras, de acordo com estudo da Federação da Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), divulgado nesta quarta-feira. Elas ocupavam 36,9% dos postos de comando das empresas em 2020 (último dado disponível). Em 2015, eram 34,7%. Em 2065, elas serão 51,1%, exatamente o peso feminino na população.

— Geramos esses dados para mostrar a importância da participação feminina nas empresas. Não é só uma questão de discurso. As empresas, ao trazer mulheres para os cargos de liderança, estão tendo sucesso empresarial — afirma Carla Pinheiro, presidente do Conselho da Mulher, que a Firjan instalou nesta quarta-feira para auxiliar as empresas no caminho da diversidade.

Carla afirma que há um teto de vidro quando se trata de ascensão profissional feminina. As mulheres têm dificuldade para alcançar posições de comando, de poder, seja no mundo privado, como no público.

— Tem um teto de vidro, que a mulher chega num determinado patamar e dali não passa. Tem a maternidade, quando a carreira tem que parar. Uma medida que pode atenuar essa situação é ter licença maternidade e paternidade iguais, para que o trabalho reprodutivo seja compartilhado pelo casal, dando igualdade de direitos e deveres.

Infográfico sobre participação feminina nos cargos de direção — Foto: Editoria de arte
Infográfico sobre participação feminina nos cargos de direção — Foto: Editoria de arte

O levantamento mostra que o Brasil também está atrás quando se trata de presença feminina nos ministérios. Na média de nomeação dos últimos cinco governos, somos o quarto país com menor participação de mulheres no poder público. Somente 14% dos cargos, contra média mundial de 21%. Na Espanha, primeiro da lista, a maioria é mulher: 65% das pastas estão em mãos femininas.

Carla diz que a maior distância está nos conselhos das empresas sejam privadas, estatais ou mistas.

Ana Diniz, professora e coordenadora do Núcleo sobre diversidade e inclusão no trabalho do Insper, lembra que vários argumentos para explicar a baixa participação feminina nos centros de poder, como a falta de mão de obra qualificada, caíram por terra há décadas. As mulheres já são maioria nas universidades desde os anos 1990:

— Há vários gargalos contribuindo para esse cenário tão ruim. São os externos, como ter que conciliar o trabalho produtivo com o reprodutivo. Fica difícil equilibrar todos os pratinhos.

Dentro das organizações, diz ela, “há barreiras estratégicas, discriminação mesmo”. Algumas mais evidentes, outras mais sutis. “Há um viés inconsciente no recrutamento que protege homens brancos, adultos, heterossexuais”, afirma Ana.

O projeto da Firjan vai focar em três pilares principais: incentivar o empreendedorismo feminino com treinamento, creche nos locais de estudos para permitir que os filhos fiquem bem cuidados enquanto a mãe se capacita, e crédito.

— As mulheres tomam empréstimos menores e são mais adimplentes. Precisamos olhar com muito carinho para essas mulheres provedoras, oferecer soluções, capacitação e que elas possam ter crédito para empreender — afirma Carla.

A presidente do Conselho sabe o que viver num mundo no qual a presença feminina era quase nenhuma. Engenheira, era uma das poucas mulheres no curso. Hoje, como dona de indústria, a história se repete.

— Esse é o problema. Olha-se para um espelho sempre na hora de promover. Você não estava no clube do uísque. Há decisões fora do ambiente de trabalho. É cultural, estrutural, acaba que existe uma proteção corporativa entre os homens.

Ana diz que a diversidade nos processos decisórios das empresas qualifica o debate, pessoas com vivências diferentes olhando o mesmo problema, com uma visão mais complexa da situação, enriquecendo a tomada de decisões, principalmente no momento que as empresas são cobradas para serem mais responsáveis nas questões sociais e ambientais:

— Estudos mostram que empresas que têm lideranças mais diversas avançam mais nas pautas de sustentabilidade.

Mais recente Próxima
Mais do Globo

BepiColombo, uma missão conjunta europeia e japonesa, concluiu seu último sobrevoo por Mercúrio, enviando uma prévia do planeta cheio de crateras que começará a orbitar em 2026

Novas imagens mostram a superfície de Mercúrio como nunca vista antes;  veja com detalhes nítidos

Supremo Tribunal Federal reservou três semanas para ouvir 85 testemunhas de defesa de cinco réus, sendo que algumas são as mesmas, como os delegados Giniton Lages e Daniel Rosa, que investigaram o caso

Caso Marielle: audiência da ação penal contra irmãos Brazão e Rivaldo Barbosa será retomada hoje pelo STF

A decisão do candidato da oposição de deixar a Venezuela por temer pela sua vida e pela da sua família ocorreu depois de ter sido processado pelo Ministério Público por cinco crimes relacionados com a sua função eleitoral

Saiba como foi a fuga de Edmundo González, candidato de oposição da Venezuela ameaçado por Nicolás Maduro

Cidade contabiliza 21 casos desde 2022; prefeitura destaca cuidados necessários

Mpox em Niterói: secretária de Saúde diz que doença está sob controle

Esteve por lá Faisal Bin Khalid, da casa real da Arábia Saudita

Um príncipe árabe se esbaldou na loja da brasileira Granado em Paris

Escolhe o que beber pela qualidade de calorias ou pelo açúcar? Compare a cerveja e o refrigerante

Qual bebida tem mais açúcar: refrigerante ou cerveja?

Ex-jogadores Stephen Gostkowski e Malcolm Butler estiveram em São Paulo no fim de semana e, em entrevista exclusiva ao GLOBO, contaram como foi o contato com os torcedores do país

Lendas dos Patriots se surpreendem com carinho dos brasileiros pela NFL: 'Falamos a língua do futebol americano'

Karen Dunn tem treinado candidatos democratas à Presidência desde 2008, e seus métodos foram descritos por uma de suas 'alunas', Hillary Clinton, como 'amor bruto'

Uma advogada sem medo de dizer verdades duras aos políticos: conheça a preparadora de debates de Kamala Harris