Economia
PUBLICIDADE

Por João Sorima Neto — São Paulo

Black Friday, Copa do Mundo, entrada do 5G em operação, Natal. Mesmo com a concentração de datas favoráveis ao varejo no segundo semestre, grandes redes de lojas, fabricantes e associações que representam a indústria de eletroeletrônicos mostram “otimismo moderado” com o desempenho até o fim do ano.

Apesar do empurrão extra que estas datas costumam dar nas vendas, a inflação ainda em patamar elevado, os juros de 13,75% ao ano e o orçamento comprometido com as despesas do dia a dia podem frear a disposição do brasileiro para o consumo.

O país ainda tem 66,8 milhões de inadimplentes, segundo os dados mais recentes do Serasa, com valor médio de dívida de R$ 4.211,83 por pessoa.

Se o cenário macroeconômico não contribui, um fator extra pode causar impacto: a injeção do Auxílio Brasil, de R$ 600, que começou a ser pago em agosto e vai injetar R$ 41,2 bilhões na economia. Para analistas, isso pode fazer com que as vendas cresçam acima do primeiro semestre.

Entre janeiro e junho, as vendas do comércio varejista brasileiro fecharam com alta de 1,4% em relação a igual período do ano anterior, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE.

— As vendas podem surpreender e superar expectativas. Copa do Mundo estimula venda de eletrônicos, bebidas. O Auxílio Brasil tende a dar uma oxigenada na economia. Embora o consumidor esteja mais racional no processo de compra, com inflação alta e juros elevados, as palavras promoção, liquidação e Black Friday acabam impactando. O consumidor é um ser emotivo — avalia o consultor Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral da Gouvêa Ecosystem, especializado em varejo.

José Domingos, superintendente geral da Lojas Cem, rede com 295 lojas de móveis e eletrodomésticos, que não tem e-commerce, tem avaliação mais cautelosa:

— O dinheiro não está sobrando. Muitas datas próximas não significam consumo. O cliente vai escolher o momento de consumir. O primeiro semestre surpreendeu, mas o segundo será desafiador.

No primeiro semestre as vendas nas Lojas Cem cresceram 25%. Mas, de julho a dezembro, dificilmente devem atingir dois dígitos, apresentando expansão entre 5% e 8%, prevê Domingos.

Varejo — Foto: Criação O Globo
Varejo — Foto: Criação O Globo

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgado nesta semana, alcançou 124 pontos em agosto, redução de 1,8% em relação a julho, na comparação com ajuste sazonal.

Foi o primeiro recuo no otimismo dos tomadores de decisão do varejo em quatro meses. No comparativo com agosto de 2021, porém, a confiança do comércio está 7,8% mais alta.

Em relação às expectativas, o índice de agosto apontou que 87,3% dos varejistas esperam que o comércio tenha desempenho melhor nos próximos meses. Mas cresce a parcela daqueles que consideram que as condições para operação vão ficar mais difíceis: 12,7% em agosto, a maior desde julho de 2021.

A CNC avalia que apesar da injeção de recursos na economia e no comércio, com a ampliação temporária da renda das famílias e da recuperação do emprego, a inflação e os juros altos têm atuado como limitadores do poder de compra das famílias, especialmente os de menor renda.

A Mondial, fabricante de eletroportáteis, que está recolocando no mercado este ano a marca de televisores Aiwa, manteve a previsão de fabricar 150 mil unidades no segundo semestre. O presidente da empresa, Giovanni Martins Cardoso, diz que a Copa do Mundo ajuda a puxar as vendas.

Oportunidades de venda

Entre os demais produtos de eletroportáteis, como ventiladores, ferros de passar, chapinhas de cabelo, liquidificadores e fritadeiras, as vendas da Mondial cresceram 2% no primeiro semestre. Para o segundo semestre, a expectativa é de crescimento de até 9%.

A venda de alguns produtos, como ferros de passar, tem crescido acima da média com a volta ao trabalho presencial. As vendas de air fryer cresceram até 25% no primeiro semestre, com mais gente cozinhando em casa, diz Cardoso:

— O tíquete médio dos meus produtos é de R$ 200. O consumidor parcela em até três vezes nas lojas, sem juros e leva. É diferente de itens mais caros. O brasileiro está acostumado com a inflação.

A varejista Magazine Luiza aposta na Copa para alavancar as vendas. Na categoria esportes, por exemplo, serão oferecidos uniformes dos países participantes e a rede terá exclusividade na venda da bola oficial da Copa, a Al Rihla.

Já no caso de bens duráveis, a varejista avalia que nos próximos meses terá uma base de comparação anual de vendas menor que a referência que tinha até agora. Mas a Copa e a Black Friday, além do início da operação do 5G no país, trazem mais confiança na retomada gradual das vendas.

José Jorge do Nascimento, presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) observa que a Copa é um ponto de atração para o consumo, mas lembra que a venda de televisores em 2021 fechou 16% menor do que 2020.

— Isso reflete o desemprego elevado, perda de poder aquisitivo, a pressão inflacionária. A entrada do Auxílio Brasil vai ajudar as pessoas a pagarem dívidas em agosto e setembro. Em novembro e dezembro, a população pode voltar a fazer compras — diz Nascimento.

O setor de eletroeletrônicos e eletrodomésticos vê como oportunidade o início das operações do 5G, o que estimulará lançamentos em séries de produtos conectados.

O que interfere na disposição para comprar

Copa, 5G, Black Friday

Vista geral do Lusail stadium, um dos estádios onde serão realizados jogos na Copa do Qatar — Foto: Mustafa Abumunes/AFP
Vista geral do Lusail stadium, um dos estádios onde serão realizados jogos na Copa do Qatar — Foto: Mustafa Abumunes/AFP

Segundo semestre é marcado por eventos como a Copa, que impulsiona a compra de televisores e de bebidas. Promoções da Black Friday atraem consumidor. A chegada do 5G deve dar fôlego para a vendas de celulares.

Inflação alta

Alta de preços — Foto: Maria Isabel Oliveira/Agência O globo
Alta de preços — Foto: Maria Isabel Oliveira/Agência O globo

Com um IPCA acumulado em 12 meses de 10,07%, consumidor tem sentido no bolso o aumento de preços. Apesar da deflação registrada no mês de julho e na prévia de agosto, alimentos pressionam o orçamento.

Injeção de recursos

Fila para inscrição no Auxílio Brasil — Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo
Fila para inscrição no Auxílio Brasil — Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo

O pagamento do Auxílio Brasil no valor de R$ 600 deve injetar R$ 41,2 bilhões na economia até o fim do ano. Segundo especialistas, os recursos extras podem fazer com que as vendas surpreendam até o mês de dezembro.

Mais recente Próxima
Mais do Globo

No Instagram, PA fica atrás apenas dos aposentados Usain Bolt e Caitlyn Jenner; ele é o segundo representante brasileiro mais seguido

Atleta do Brasil nos 100m, ex-BBB Paulo André é esportista do atletismo com mais seguidores no mundo nas redes sociais

David Pina conquistou torcida com cabelo no formato de Mickey Mouse

Atleta que ganhou 1ª medalha de Cabo Verde teve de parar preparação para Paris-2024 para atuar como pedreiro em Portugal

Haverá recepcionistas bilíngues, que darão informações sobre o estado do Rio aos visitantes

Galeão nas alturas: com quase o dobro de conexões doméstico-internacionais, terminal vai centro de informações turísticas

Brasileira pode conquistar nova medalha em Paris hoje. Rebeca Andrade é favorita ao pódio

Rebeca Andrade nas Olimpíadas: onde assistir e qual é o horário da final do salto da ginástica artística

Quais são as marcas e as técnicas que procuram diminuir o impacto negativo sobre o meio ambiente da roupa mais democrática do planeta

Conheça alternativas para tornar a produção do jeans mais sustentável

Fotógrafos relatam como foi o processo de concepção das imagens em cartaz na Casa Firjan, em Botafogo

Lavadeira, barbeiro, calceteiro: exposição de fotos em Botafogo enfoca profissões em extinção

‘Queremos criar o museu do theatro’ revela Clara Paulino, presidente do Theatro Municipal

Theatro Municipal pode ganhar museu para expor parte do seu acervo de 70 mil itens

A treinadora da seleção feminina brasileira usou da psicologia e de toda sua experiência para deixar a estreante o mais tranquila possível

Entenda estratégia da técnica Sarah Menezes para Bia Souza vencer  Olimpíada em Paris