Economia
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Por O GLOBO — Paris

A disparada da inflação e o choque nos mercados globais de energia decorrentes da guerra na Ucrânia levaram a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) a rever para baixo suas projeções de crescimento em todo o mundo.

Para o Brasil, o órgão projeta uma expansão de apenas 0,8% do PIB em 2023, 0,4 ponto percentual abaixo da previsão anterior, de junho. Para este ano, a organização projeta que o Brasil crescerá 2,5%, quase dois pontos acima da estimativa de junho.

Em seu relatório, divulgado nesta terça-feira e que tem o título "Pagando o preço da guerra", a OCDE prevê um crescimento global modesto de 3% em 2022, desacelerando ainda mais para 2,2% em 2023. O número está bem abaixo do ritmo de crescimento econômico projetado antes da guerra da Ucrânia e representa cerca de US$ 2,8 trilhões de perdas no mundo no ano que vem.

O grupo projeta recessão na Alemanha e na Rússia no ano que vem. Na Alemanha, a previsão é de crescimento de 1,2% este ano, mas a economia alemã entraria em recessão, com contração de 0,7% em 2023. E, após uma contração de 5,5% em 2022, a OCDE reduziu a estimativa para o próximo ano na Rússia, que deve registrar resultado negativo de 4,5% em 2023.

O crescimento na China também foi atingido e deve cair para uma projeção de 3,2% em 2022. Exceto pela pandemia de 2020, esta será a menor taxa de crescimento na China desde a década de 1970. Para 2023, a projeção é 4,7%.

Além dos efeitos da guerra nos preços, o aumento das taxas de juros pelos Bancos Centrais para conter a inflação e as consequências da pandemia de Covid-19 também afetam a economia mundial, acrescenta a OCDE.

Energia e pressões inflacionárias

A guerra elevou ainda mais os preços da energia, especialmente na Europa, agravando as pressões inflacionárias em um momento em que o custo de vida já estava subindo rapidamente em todo o mundo devido aos impactos persistentes da pandemia de Covid-19.

Com empresas em muitas economias passando por custos mais altos de energia, transporte e mão de obra, a inflação está atingindo níveis não vistos desde a década de 1980, forçando os bancos centrais a apertar rapidamente as configurações da política monetária mais rapidamente do que o previsto.

- A economia global perdeu força após a guerra de agressão não provocada, injustificável e ilegal da Rússia contra a Ucrânia. O crescimento do PIB estagnou em muitas economias e os indicadores econômicos apontam para uma desaceleração prolongada - disse o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, durante a apresentação do relatório.

E acrescentou:

- As pressões inflacionárias que já estavam presentes quando a economia global emergiu da pandemia foram severamente agravadas pela guerra. Isso impulsionou ainda mais os preços da energia e dos alimentos que agora ameaçam os padrões de vida das pessoas em todo o mundo.

A OCDE indica que a inflação deverá recuar gradualmente até 2023 na maioria dos países do G20, à medida que uma política monetária mais restritiva entrar em vigor e o crescimento global desacelerar. A inflação principal deverá diminuir de 8,2% este ano para 6,6% em 2023 nas economias do G20 e cair de 6,2% este ano para 4% em 2023 nas economias avançadas do G20.

A OCDE aponta ainda para uma incerteza substancial sobre as perspectivas econômicas, com riscos significativos de queda. Isso inclui a possibilidade de novos aumentos nos preços de alimentos e energia, o que poderia levar muitas pessoas à pobreza, bem como a possibilidade de escassez de gás à medida que o inverno avança no hemisfério norte.

Reduzir o consumo de energia e diversificar as fontes de abastecimento será fundamental para evitar escassez, o que elevaria os preços globais da energia, prejudicaria a confiança e provavelmente pioraria as condições financeiras e exigiria um período temporário de redução forçada do uso de gás pelas empresas, acrescenta o bloco.

Veja a estimativa para cada país

Brasil

  • 2022: 2,5%
  • 2023: 0,8%

Austrália

  • 2022: 4,1%
  • 2023: 2,0%

Canadá

  • 2022: 3,4%
  • 2023: 1,5%

Área do Euro

  • 2022: 3,1%
  • 2023: 0,3%

França

  • 2022: 2,6%
  • 2023: 0,6%

Alemanha

  • 2022: 1,2%
  • 2023: -0,7%

Itália

  • 2022: 3,4%
  • 2023: 0,4%

Espanha

  • 2022: 4,4%
  • 2023: 1,5%

Rússia

  • 2022: -5,5%
  • 2023: -4,5%

Japão

  • 2022: 1,6%
  • 2023: 1,4%

Reino Unido

  • 2022: 3,4%
  • 2023: 0%

Estados Unidos

  • 2022: 1,5%
  • 2023: 0,5%

China

  • 2022: 3,2%
  • 2023: 4,7%

Coreia do Sul

  • 2022: 2,8%
  • 2023: 2,2%

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