Autoridades do governo Biden estão discutindo se os Estados Unidos devem submeter alguns dos empreendimentos do bilionário Elon Musk a análises de segurança nacional, incluindo a rede de satélites Starlink, da SpaceX, e o acordo para comprar o Twitter, segundo fontes familiarizadas com o assunto.
Após a divulgação da notícia, as ações do Twitter chegaram a cair até 16%, mas fecharam em queda de 4,81%, cotados a US$ 49,92.
Autoridades dos EUA ficaram desconfortáveis com a recente ameaça de Musk de parar de fornecer o serviço de satélite Starlink para a Ucrânia, cujo custo para o homem mais rico do mundo é de US$ 80 milhões até agora.
Eles veem a postura do bilionário cada vez mais amigável à Rússia, após uma série de tuítes que descreviam propostas de paz favoráveis ao presidente Vladimir Putin. Também estão preocupados com seus planos de comprar o Twitter em uma negociação com um grupo de investidores estrangeiros.
Autoridades do governo dos EUA e da comunidade de inteligência estão avaliando quais ferramentas estão disponíveis para permitir que o governo federal revise o status dos empreendimentos de Musk.
Conheça os negócios de Elon Musk
Uma possibilidade é usar a lei que rege o Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos, de modo a classificar os negócios do bilionário como riscos à segurança nacional, disseram as fontes.
O painel interagências, conhecido como CFIUS e supervisionado pelo Departamento do Tesouro dos EUA, analisa as aquisições de empresas americanas por compradores estrangeiros. Não está claro se uma revisão do CFIUS - que envolveria avaliações dos Departamentos de Estado, Defesa e Segurança Interna, entre outros - ofereceria ao governo uma maneira legal de conduzir uma revisão.
O Twitter também está enfrentando relatos de que Musk pretende reduzir sua força de trabalho como parte de sua aquisição. O Washington Post informou que o plano de Musk para o Twitter envolve cortar sua equipe em 75% em questão de meses. A Bloomberg News, por sua vez, confirmou que os potenciais investidores foram informados sobre o plano de cortes, juntamente com um esforço para dobrar a receita em três anos.
Um elemento do acordo de compra do Twitter por US$ 44 bilhões que pode desencadear uma revisão do CFIUS é a presença de investidores estrangeiros no consórcio de Musk. O grupo inclui o príncipe Alwaleed bin Talal, da Arábia Saudita, a Binance – uma bolsa de ativos digitais fundada e administrada por um chinês – e o fundo soberano do Qatar.
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O painel opera a portas fechadas e raramente confirma quando está realizando revisões. O CFIUS também detém o poder de revisar os negócios que já foram consumados.
Um porta-voz do Departamento do Tesouro dos EUA disse que o CFIUS não comenta publicamente nenhuma transação que possa ou não estar sob revisão. Já um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional afirmou que eles não podem falar pelo CFIUS. Quanto à Casa Branca, a porta-voz Adrienne Watson declarou: “não sabemos de nenhuma dessas discussões”.
Musk, a pessoa mais rica do mundo, foi ao Twitter nas últimas semanas para anunciar propostas para acabar com a guerra da Rússia e ameaçar cortar o fornecimento de serviços de satélite da Starlink na Ucrânia. Seus tuítes e comentários públicos frustraram as autoridades nos EUA e na Europa e atraíram elogios dos rivais americanos.
Mais tarde, Musk recuou de sua ameaça de parar de implantar o Starlink e disse que continuaria a arcar com os custos do serviço. A Starlink tornou-se uma ferramenta essencial para comunicações na Ucrânia durante a invasão russa. Musk fornece o serviço gratuitamente, mas disse que a SpaceX perde US$ 20 milhões por mês fornecendo-o à Ucrânia e ele não pode ser responsável por esse custo indefinidamente.
O governo dos EUA também usaria o Starlink no caso de uma interrupção nas telecomunicações, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.