Na corrida pelo 2º turno, governo diz que vai incluir meio milhão de famílias no Auxílio Brasil

O governo já previa incluir famílias no Auxílio Brasil, mas deixou para fazer o anúncio após a definição do primeiro turno. Em setembro, foram incluídas 450 mil famílias no programa, depois da entrada de 2,2 milhões de beneficiário no mês anterior. Essas inclusões foram possíveis após a aprovação da chamada PEC Eleitoral, em julho, que além de elevar o benefício para R$ 600 ampliou o número de famílias.

A fila é composta por pessoas que se cadastram no programa e atendem aos critérios do benefício, mas não recebem ainda o dinheiro.

A inclusão de mais famílias no programa na primeira semana de disputa do segundo turno faz parte do "pacote de bondades" relacionados ao benefício. Na segunda-feira, após o resultado do primeiro turno, o calendário de pagamento do benefício foi antecipado e começará neste mês no dia a 11 — e não no dia 18. Assim, a última data de pagamento será a cinco dias do segundo turno. Além disso, Bolsonaro prometeu pagar um 13º para o auxílio, mas apenas em 2023.

A Caixa Econômica Federal convocou uma entrevista, nesta terça-feira, para explicar a antecipação do calendário de pagamento. O ministro da Cidadania, Ronaldo Bento, também participou do evento e disse 100% da população em situação de vulnerabilidade está sendo atendida pelo governo e que a fila do Auxílio Brasil foi zerada.

A presidente da Caixa, Daniella Marques, confirmou ainda que o banco vai começar a ofertar o crédito consignado para os beneficiários do Auxílio Brasil a partir de segunda quinzena de outubro. Segundo ela, os juros a serem cobrados na modalidade ficarão um pouco abaixo do teto fixado pelo governo de 3,5% ao mês. O consignado também foi pensando para turbinar os pagamentos nas vésperas da eleição.

Marques aproveitou o mês de conscientização contra o câncer em mulheres, Outubro Rosa, para anunciar o engajamento do banco na campanha com a distribuição de material informativo e novos produtos de seguro e previdência para o público feminino.

A população de baixa renda e as mulheres são dois dos principais alvos de Bolsonaro na corrida ao Palácio do Planalto. Bolsonaro tenta ganhar votos para superar o candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

Ao ser indagado sobre a promessa de Bolsonaro de pagamento de 13º salário às mulheres do Auxílio Brasil, sem previsão no Orçamento, o ministro respondeu:

— Ano passado, saímos de um valor mínimo de R$ 41 que era pago por família e trouxemos o Auxílo Brasil para R$ 400 e também não havia previsão na LOA (lei orçamentária) de 2021. Conseguimos encontrar recursos, com uma fórmula simples, de respeito ao recurso público, sem desvio.

A medida foi anunciada nessa terça-feira por Bolsonaro, sem maiores detalhes. A ideia seria pagar o 13º para mulheres beneficiadas pelo programa que são chefes de família, um total de 17 milhões de pessoas.

Ele tentou minimizar as críticas sobre o anúncio das medidas nas vésperas da disputa eleitoral.

— Não poderíamos ficar de braços cruzados limitados por um período eleitoral. Estamos saindo de uma pandemia, momento de guerra, de um lado insegurança energética, de outro alimentar. Quem tem fome não pode esperar. Não posso me dar ao luxo de dizer que as pessoas podem aguardar mais 30 dias para que possa estender o benefício social.

Apesar da resistência dos maiores banco ao consignado para os beneficiários do Auxílio Brasil, diante de críticas ao risco de endividamento das famílias, o ministro da Cidadania afirmou que há 60 instituições financeiras em fase de cadastramento para operar a modalidade.

— Hoje 60 instituições financeiras estão em fase de habilitação para a concessão do empréstimo consignado do Auxílio Brasil — afirmou o ministro sem dizer quais são esses bancos.

Ele justificou que a maior parte dos beneficiários do programa de transferência de renda está endividada, pagando juros do rotativo do cartão de crédito de 20% ao mês.

Daniella Marques disse que entende o posicionamento dos bancos que resistem à nova política de crédito, mas que a Caixa está preparada porque conhece o público de baixa renda.