Economia
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Por Bloomberg — Londres

O aumento dos preços dos alimentos levou a inflação do Reino Unido de volta a dois dígitos em setembro, intensificando a pressão sobre o governo e o Banco da Inglaterra. O Índice de Preços ao Consumidor subiu 10,1% em setembro, ante 9,9% no mês anterior, informou o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS) nesta quarta-feira. Isso correspondeu a uma alta sem precedentes nas últimas quatro décadas, já alcançada em julho, e superou as expectativas dos economistas.

O resultado pode aumentar as dificuldades enfrentadas pelo governo da primeira-ministra Liz Truss, que luta para permanecer no cargo depois de apresentar um plano econômico que provocou nervosismo nos mercados e a obrigou a aceitar uma humilhante e drástica mudança de rumo.

E mais: os números deixam a inflação bem acima da meta de 2% do Banco da Inglaterra, aumentando a pressão sobre os formuladores de políticas para elevar significativamente a taxa básica de juros no próximo mês. O perigo é que os preços voltem a acelerar no início do ano que vem, depois que o governo afrouxar o apoio às contas de energia domésticas.

A piora das perspectivas de inflação esclarece a decisão do Banco da Inglaterra de começar a vender suas participações em títulos do governo no início do próximo mês. O banco atrasou a liberação da carteira acumulada durante anos da chamada flexibilização quantitativa depois que o malfadado plano de corte de impostos do governo agitou os mercados no mês passado.

O aumento dos preços provocou o maior aperto no poder de compra do consumidor em décadas, levando a uma queda nos índices de audiência do governo da primeira-ministra Liz Truss.

O novo ministro das Finanças, Jeremy Hunt, reagiu de maneira imediata ao resultado da inflação com uma mensagem aos britânicos.

"Eu entendo que as famílias em todo o país estão enfrentando dificuldades com o aumento dos preços e as contas de energia mais altas", afirmou em um comunicado. “Este governo priorizará a ajuda para os mais vulneráveis.”

A oposição trabalhista culpou o governo pelo aumento dos preços. Rachel Reeves, membro trabalhista do Parlamento que acompanha Hunt, disse que “os números da inflação desta manhã trarão mais ansiedade às famílias preocupadas com a falta de controle dos conservadores em uma crise econômica de sua própria criação”.

Alimentos têm a maior alta em 40 anos

De acordo com o ONS, os preços dos alimentos aumentaram 14,8% em relação ao ano anterior, também o aumento mais forte em mais de 40 anos. Móveis e utensílios domésticos foram outro fator, com alta de 10,7% em setembro. A escalada dos preços no Reino Unido, a maior entre os países do G7, foi parcialmente amortecida pela queda dos preços dos combustíveis, das passagens aéreas e dos carros usados.

- Depois de uma leve queda no mês passado, a inflação voltou ao nível máximo registrado no início do verão (hemisfério norte, inverno no Brasil) - afirmou Darren Morgan, diretor de estatísticas econômicas do ONS.

Morgan acrescentou:

- Esses aumentos foram parcialmente compensados ​​pelas contínuas quedas nos custos da gasolina, com os preços das companhias aéreas caindo mais do que o normal para esta época do ano, e os preços dos carros usados ​​também subindo menos acentuadamente do que os grandes aumentos observados no ano passado.

Também houve sinais de inflação mais rígida no atacado. Os preços ao produtor, medindo o custo dos produtos que saem das fábricas, subiram 15,9% em setembro em relação ao ano anterior. Isso foi mais lento do que no mês anterior, mas ligeiramente acima das expectativas. Os preços das matérias-primas subiram 20%, também acima das expectativas.

A inflação no Reino Unido pode atingir um pico de cerca de 10,7% este ano, mas subir para 12% em abril se o governo não conseguir conter os custos de energia em espiral, estima a Bloomberg Economics.

- Ainda esperamos que a inflação atinja o pico em outubro deste ano, mas isso só pode ser alcançado com movimentos mais agressivos das taxas de juros pelo Banco da Inglaterra, que pode ver as taxas básicas subindo para pelo menos 4,5% no início do próximo ano - disse YaelSelfin, economista-chefe da KPMG UK.

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