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Por Raphaela Ribas e Ana Flávia Pilar — Rio

A Páscoa pode ficar menos doce para parte dos fabricantes de chocolate, que acompanham atentamente os desdobramentos da crise da Americanas. Os preparativos para a data começaram em setembro, muito antes da turbulência na varejista, mas a distribuição dos produtos ocorre entre janeiro e fevereiro.

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Uma das fornecedoras da empresa disse acompanhar o caso com preocupação. O primeiro lote foi entregue e está dentro do prazo de pagamento, que no varejo leva de 60 a 90 dias. Se a primeira entrega não for paga e o ambiente de incerteza persistir, a empresa vai avaliar se continua a vender o segundo lote ou suspende a operação. A situação seria um dilema, por se tratar de parceiro comercial de longa data.

O economista e professor da FIA Business School Cláudio Felisoni entende que as empresas de doces e chocolates saem perdendo com as incertezas relacionadas ao futuro da Americanas.

— A Páscoa é uma data de produtos específicos, que não podem parar no estoque. Na semana seguinte ao feriado, o ovo de chocolate já custa metade do preço. As empresas de chocolate dependem do fluxo dessas mercadorias, e os concorrentes da Americanas vão nadar de braçada — afirma Felisoni.

Revisão de compromissos

Embora muitos contratos de compra de chocolate já tenham sido firmados, o fluxo de mercadorias para a Americanas deve ser afetado: é possível que compromissos sejam revistos, justamente por conta de cláusulas contratuais que protegem as empresas de situações como a enfrentada pela varejista.

— As empresas que produzem chocolates correm o risco de não receber dos contratos que já foram firmados. Alguns compromissos devem ser revistos, e contratos que seriam concluídos até abril provavelmente serão suspensos. Não deve haver um grande impacto no volume geral de vendas, mas o impacto será forte para a Americanas — avalia o professor da FIA Business School.

A crise de uns representa oportunidade para outros. Executivo de uma rede de supermercados aposta que as vendas e entregas on-line vão crescer na Páscoa. A expectativa é fisgar parte dos clientes da Americanas que normalmente compram as guloseimas pela internet.

Roberto Kanter, professor de gestão comercial da Fundação Getulio Vargas (FGV) e diretor da consultoria Canal Vertical, pondera que o problema na Americanas abre um leque de possibilidades para que canais desacostumados a vender chocolate passem a fazê-lo, como Mercado Livre e Magalu, por exemplo.

É também uma chance para a indústria alugar quiosques e vender diretamente ao consumidor final. Ainda assim, o especialista acredita que a Americanas vai operar normalmente na Páscoa:

— As classes C e D não sabem ao certo de tudo o que está acontecendo. É uma informação na ponta da pirâmide. Por que o consumidor vai deixar de comprar na Americanas? É um problema do acionista. Se ele ver a loja cheia de produtos, não vai procurar outra alternativa.

Acordos com antecedência

Os acordos de venda para a Páscoa são firmados com muita antecedência, considerando que mais de 50% do consumo anual de chocolate no Brasil está concentrado na semana do feriado. Sem dar chance para o erro, a indústria e o varejo investem em inteligência de dados para prever as compras todos os anos:

— Pode-se pecar pelo excesso, mas jamais pela falta. Quando termina a Páscoa, já se começa a negociar a próxima. Chocolates que são campeões de vendas já constam nos contratos, enquanto é deixado um espaço para a negociação de produtos novos — explica Kanter.

Procurada, a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) afirmou que a Americanas é um importante parceira de negócio da indústria e acompanha de perto as atualizações do caso e as decisões da empresa.

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