Economia
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Por Carolina Nalin — Rio

O IPCA, índice usado nas metas de inflação do governo, subiu 0,62% em dezembro e ficou em 5,79% em 2022, informou nesta terça-feira o IBGE. Foi o segundo ano consecutivo de estouro da meta de inflação. A meta era de 3,5%, com intervalo de tolerância até 5%.

  • O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, terá que escrever uma carta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando o descumprimento da meta.
  • O INPC, que reajusta o teto do INSS, pensões e aposentadorias acima do mínimo, além do valor do seguro-desemprego, subiu 5,93%.
  • Em dezembro, a inflação subiu 0,62% em dezembro, acima da taxa de 0,41% de novembro e numa alta maior do que a previsto pelos analistas. No ano, o que mais pressionou o IPCA foi a alta de alimentos.

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Segundo ano seguido de estouro da meta

A inflação oficial do país encerrou 2022 acima da meta estabelecida pelo Banco Central (3,50%) que contava com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (ponto percentual) para cima ou para baixo, ou seja de 2% a 5%. É o segundo ano seguido de estouro da meta de inflação.

Inflação ao longo dos últimos anos
Variação anual do IPCA, em %
Fonte: IBGE

O que pressionou a inflação

O grupo de alimentos e bebidas foi responsável pelo maior impacto na inflação de 2022, com alta de 11,64%. A alimentação no domicílio subiu 13,23%. Veja as principais altas neste grupo:

  • Cebola: 130%
  • Leite longa vida: 26%
  • Bata-inglesa: 51,92%
  • Frutas: 24%
  • Pão francês: 18,03%

Em seguida aparece o setor de saúde e cuidados pessoais, com destaque para perfumes e produtos para cabelo. Tiveram ainda aumentos nos planos de saúde e os produtos farmacêuticos. As altas levaram o grupo a registrar alta de 11,43%, a maior desde 1996, quando foi 13,80%.

O grupo Vestuário, por sua vez, registrou a maior alta desde o Plano Real: subiu 18% em um ano. Segundo o IBGE, custos de produção subiram e houve uma retomada da demanda após a flexibilização das medidas de isolamento social decorrentes da pandemia.

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Já no grupo Habitação (0,7%), as principais contribuições positivas vieram do aluguel residencial, da taxa de água e esgoto e do condomínio. Destaca-se ainda as altas de quase 20% dos artigos de limpeza e de pouco mais de 6% no gás de botijão.

No grupo Transportes, o maior impacto positivo veio do emplacamento e licença, que subiu 22%. De acordo com o IBGE, a alta do IPVA em 2022 se deu pelo aumento no preço dos automóveis em 2021, já que a cobrança é baseada no valor venal dos veículos no final do ano anterior. Os preços dos automóveis novos e usados continuaram subindo em 2022, embora em ritmo menor que o registrado em 2021.

O que segurou a inflação

Os preços da energia elétrica residencial caíram 19% no ano, enquanto a gasolina caiu 25,78%. Isso porque o governo de Jair Bolsonaro (PL), em meados do ano passado, zerou os tributos federais sobre combustíveis para forçar uma queda nos preços durante o período eleitoral. Essa isenção acabaria em 31 de dezembro de 2022, mas foi prorrogada temporariamente pelo governo Lula (PT).

Além disso, foi sancionado um projeto de lei que limitava o ICMS (imposto estadual) sobre combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo, o que ajuda a expliar a queda na conta de luz.

Segundo simulação do IBGE, caso fossem retiradas do cálculo da pesquisa a gasolina e energia elétrica, e os pesos dos demais itens fossem redistribuídos, o IPCA teria fechado 2022 em 9,56%.

— A redução nesses produtos e serviços, influenciada principalmente pela limitação do ICMS na Lei Complementar 194, influenciou na queda desses preços e serviços ajudou a conter a inflação em 2022 — explica o analista do IPCA, André Almeida.

Perspectivas

Para 2023, a expectativa de analistas é que a pressão inflacionária venha de preços administrados, como energia e combustíveis, com a volta dos impostos sobre esses itens. E o país caminha para registrar o terceiro estouro consecutivo: o IPCA deve fechar próximo a 5,36%, segundo mediana das projeções do Boletim Focus, do BC.

A perspectiva de inflação no mesmo patamar do ano passado joga pressão sobre o Banco Central, que deverá ter que manter juros elevados. A autoridade monetária já projeta um risco de estouro da meta da inflação de 2023 em 57%.

O que dizem os analistas?

Na avaliação do Credit Suisse, a deterioração das expectativas de inflação para 2024 e 2025 pode, no limite, "levar a um questionamento da credibilidade do regime de metas de inflação ou ao debate em torno do nível adequado da meta de inflação para os próximos anos".

A meta de inflação para 2026 será decidida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), formado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

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