Economia
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Por David Welch e Sean O'Kane, Bloomberg

Fã da Tesla, a cliente Marianne Simmons, de 32 anos, comprou seu segundo veículo elétrico da fabricante em setembro: um Model Y branco, que custou mais de US$ 77 mil (ou cerca de R$ 392 mil). Pouco tempo depois, a Tesla reduziu os preços e ela percebeu que poderia ter comprado o mesmo carro por US$ 64 mil. A frustração de Marianne não é isolada: essa é a realidade enfrentada por uma série de proprietários de automóveis da Tesla desde que a empresa decidiu cortar drasticamente os preços de seus carros na última quinta-feira, dia 12.

Os cortes nos preços dos veículos fazem parte de um esforço do CEO, o bilionário Elon Musk, para qualificar alguns modelos para créditos fiscais nos EUA e aumentar o volume de vendas diante do enfraquecimento da demanda. Para consumidores que já são clientes da marca, a queda nos preços dos novos modelos - com cortes de até 20% - também significa um golpe no valor de revenda de seus veículos.

“Sinto que fui enganada, explorada enquanto consumidora”, disse Simmons. “Logo de cara, perdi US$ 13,3 mil. É uma redução tão grande que vai afetar muita gente que acabou de comprar um veículo”.

Impacto imediato no valor de revenda

Ivan Drury, diretor de insights do Edmunds.com, site que reúne preços e avaliações de veículos, a mudança do patamar de preços é um "chute nos dentes". “Qualquer pessoa que comprou um Tesla recentemente sentirá um impacto imediato e desejará alugá-lo.”

Segundo o especialista, os cortes nos preços dos veículos novos atingirão os carros usados imediatamente e podem reduzir ainda mais os valores de revenda praticados.

Andrew Checketts, de Santa Bárbara, Califórnia, comprou um Model Y de sete lugares no início de dezembro, depois que a Tesla o “perseguiu” ao disparar mensagens de texto promovendo um desconto de US$ 3.750 na época. Se tivesse esperado um mês, poderia ter comprado o carro por muito menos.

Este é um problema antigo no negócio de automóveis: os consumidores compram um veículo apenas para ver um desconto anunciado dias depois que os teria feito economizar alguns milhares de dólares. Desta vez é diferente porque os cortes da Tesla são maiores do que o desconto típico.

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Os modelos mais caros da marca foram os mais atingidos. Os preços básicos do Modelo Y caíram 20%, e agora começam em US$ 53 mil. A edição Plaid do sedã Model S maior sofreu corte de 14%.

Pressão dos acionistas

Essas reduções de preço também ocorrem quando os acionistas pressionam a Tesla e Musk a aumentar as entregas. A empresa não cumpriu as metas de vendas nos últimos três trimestres consecutivos, o que abalou os investidores já preocupados com as vendas de ações de Musk e a compra do Twitter pelo bilionário.

Os analistas observaram que os cortes de preços pesarão fortemente nas margens brutas da Tesla. Musk disse que está disposto a buscar volumes em detrimento das margens. Em uma conversa de áudio em 22 de dezembro no Twitter Spaces, ele disse que reduzir os preços era a melhor maneira de aumentar o volume de unidades da Tesla.

As vendas da montadora cresceram 40% no ano passado, para 1,3 milhão, abaixo da meta de 50% de Musk. Embora a Tesla ainda esteja crescendo, a empresa abriu duas novas fábricas de montagem no ano passado e os analistas expressaram preocupação com a desaceleração da demanda por veículos.

O valor de revenda dos veículos da Tesla também diminuiu. O preço dos modelos da Tesla com um ano caiu 26% no segundo semestre de 2022, ante 15% para todas as marcas de luxo, segundo o Manheim, o maior leilão de veículos dos Estados Unidos. Os Teslas de três anos caíram 30%, contra um declínio de 17% para outras marcas de luxo.

Os preços da Tesla tiveram altos e baixos no ano passado. A empresa elevou os preços de 3% a 5% em março diante da escassez de semicondutores. Mas, antes dos cortes mais recentes, a empresa reduziu os preços em dezembro em US$ 7.500 nos EUA, o que levou os analistas a acreditar que a demanda por seus veículos elétricos (EVs) estava diminuindo e se somou a uma derrota no mercado. As ações caíram quase 65% nos últimos 12 meses.

O desenvolvedor Jack Bradham, de 46 anos, se frustrou ao ver que o veículo - um Model Y preto - que comprou em dezembro por US$ 69 mil hoje custa US$ 12 mil a menos.

Bradham disse que espera que a Tesla dê aos compradores recentes algum tipo de benefício. Já Marianne espera que a empresa ofereça o recurso Full Self Driving gratuitamente depois do episódio. “Eu não compraria um Tesla novamente. Eu era uma grande fã da marca, mas agora escolheria um concorrente como Lucid ou Rivian.”

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