O empresário britânico Anthony Jon Domingo Armstrong Emery foi condenado em primeira instância por um esquema de lavagem de dinheiro que desviou R$ 75 milhões de investidores estrangeiros no Rio Grande do Norte. Os réus ainda podem recorrer em liberdade da sentença, segundo anunciou o Ministério Público Federal nesta quarta-feira.
Armstrong chegou a ser presidente do Alecrim Futebol Clube, o que lhe garantiu notoriedade e projeção como empresário na região. Procurados para comentar a condenação, seus advogados não foram localizados. O espaço segue aberto.
Outra condenada na sentença da 14ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio Grande do Norte foi Gabriela Medeiros de Oliveira, na época, enteada de Armstrong. Procurada, sua defesa classificou a condenação de " injustificadamente vultosa". Segundo os seus advogados, ela foi condenada por "os de companhia estrangeira da qual jamais fez parte ou prestou serviços".
A sentença contra Armstrong inclui condenações por lavagem de dinheiro e crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. Segundo o MPF, o esquema do britânico funcionou de 2012 a 2014. Cerca de 2 mil investidores, de países como Reino Unido e Singapura foram lesados, segundo o Ministério Público Federal.
O empresário usava-se do seu Grupo Ecohouse para prometer aos investidores ganhos de 20% ao ano. O dinheiro seria o retorna da venda de casas do programa "Minha Casa Minha Vida" que seriam construídas pela empresa do inglês. As obras, no entanto, não eram concluídas e muitas vezes nem sequer iniciadas.
Em muitos casos, de acordo com o MPF, a empresa não tinha o convênio com o governo federal necessário para o empreendimento. Com isso, o dinheiro nunca foi devolvido aos 1.500 investidores de Singapura ou aos 350 do Reino Unido. O dinheiro captado dos investidores era desviado para gastos pessoais do inglês ou direcionado para outros investimentos, como em um torneio de futebol, a Copa Ecohouse.
Segundo o MPF, algumas poucas obras foram tocadas para "servir de chamariz". Durante as visitas dos interessados em investir no negócio, um "rodízio de operários" era feito, como forma de dar a imprensão de que havia uma obra em andamento.
Durante as investigações, Armstrong deixou o país e partiu rumo ao Principado de Mônaco, na Europa. Em outubro de 2020, Armstrong foi detido pela Interpol enquanto estava nos Emirados Árabes, mas foi liberado um dia depois após o pagamento da fiança. Ele seguiu proibido de viajar enquanto o processo de de extradição não fosse concluído.